Utilizar biodigestores para transformar os dejetos provenientes dos sistemas de produção animal em biogás é uma prática antiga, mas a pesquisa científica tem tornado essa prática cada vez mais eficiente. Com essa evolução, a geração de energia elétrica e a produção de biofertilizantes a partir dos dejetos da atividade pecuária já é uma realidade na bovinocultura de leite no Brasil.

Porém, segundo o pesquisador Marcelo Henrique Otenio, responsável pelos estudos sobre biodigestores Embrapa Gado de Leite (MG), apesar da adoção da tecnologia ainda ser baixa entre os produtores de leite, uso do biogás está em franca expansão no setor e apresenta retornos financeiros positivos.

Quarto maior importador de fertilizantes do mundo, o Brasil importa cerca de 75% do total dos insumos aplicados nas lavouras. Além disso, os adubos químicos são insumos caros e poluentes. “Com a utilização da matéria orgânica oriunda do biodigestor, o produtor agrega valor ao negócio, além de dar uma destinação a outro material potencialmente poluente: os dejetos bovinos”, explica o pesquisador.

Segundo ele, na cultura da cana, o biofertilizante substitui 100% do adubo nitrogenado e, na lavoura de milho, 60%. “A Embrapa Gado de Leite também está fazendo testes com a fertirrigação do capim-elefante BRS Capiaçu. Esse biofertilizante também é importante na recuperação de áreas degradadas, pois atua como um condicionante do solo, recuperando sua matéria orgânica”, informa.