A imunodeficiência viral felina é uma doença infectocontagiosa causada por um retrovírus do gênero lentivirus, que ocorre no mundo todo e pode acometer gatos domésticos de qualquer idade, bem como felinos selvagens.

Segundo a Associação Americana de Profissionais de Felinos (AAFP), o vírus pode ser transmitido através de arranhaduras e mordeduras, sendo eliminado através do sangue ou saliva. Pode ainda ocorrer transmissão transmamária e transplacentária, dependendo da carga viral da mãe ao longo da gravidez, sendo maior a possibilidade na fase aguda da doença. Embora a transmissão venérea não seja documentada, o sêmen do gato também apresenta carga viral significativa. Gatos com acesso à rua e com hábito de brigas são os mais afetados, uma vez que o contato com sangue e saliva é o principal meio de transmissão. Os machos se infectam com o dobro da frequência das fêmeas, devido ao seu comportamento social e agressivo distinto.

A FIV apresenta três fases de desenvolvimento: Na fase aguda, o vírus faz sua primeira viremia nas glândulas salivares e nos gânglios linfáticos regionais, gerando assim um caso de febre e neutrofilia. Na fase assintomática/latente, o vírus se replica nos linfócitos TCD4 (que é o alvo principal) gerando assim uma degradação gradual deles, e também nos linfócitos TCD8, além de se replicar em macrófagos do cérebro, medula óssea, trato intestinal e rins. Dessa forma, o vírus se encaminha para fase de disfunção imune progressiva, entrando na síndrome da imunossupressão e predispondo a doenças oportunistas e neoplasias. Além disso, sabe-se que as neoplasias são cinco vezes mais comuns em gatos infectados que em gatos sadios.

Para entender as questões relacionadas à vacinação da FIV no Brasil, é necessário compreender mais sobre o vírus e o seu ciclo de replicação. Os lentivírus são agrupados em cinco genótipos (A, B, C, D e E), onde atualmente os subtipos A e B são os mais detectados no mundo; o subtipo C é mais incomum, sendo relatado em pequenos grupos de gatos no Canadá e no Japão, enquanto o subtipo D se encontra principalmente no leste do Japão. Por fim, o subtipo E foi detectado somente em duas amostras na Argentina. Ainda não há estudos que comprovem que um subtipo seja mais patogênico que outro. Sendo assim, a vacina experimental mais bem sucedida contra FIV criada até os dias atuais foi a Fel-O-Vax, que tem como tecnologia a utilização do vírus inteiro quimicamente inativado e composta por dois subtipos, o A e o D. Apesar de relatos dizerem que essa vacina promove considerável proteção contra o subtipo B, tal proteção ainda não foi comprovada com testes a campo. Logo, o que prevalece são os estudos como os de Westman e Malik , publicados na revista Vaccine em 2016, afirmando que essa vacina não tem proteção garantida contra o subtipo B, que é o subtipo presente no Brasil. Dessa forma, hoje não existe vacina disponível no mercado com eficácia comprovada contra a FIV no Brasil.

Desde que a FIV foi descoberta, a doença serviu como modelo na busca de uma vacina segura e eficaz para os Lentivírus. Por conseguinte, ter uma vacina com eficácia comprovada seria um avanço enorme para a pesquisa de várias doenças como anemia infecciosa equina e HIV. Assim que a vacina Fel-O-Vax foi aprovada, estudos iniciais afirmavam ter 80% de eficácia na proteção dos gatos vacinados quando comparados aos gatos não vacinados. Porém, em uma pesquisa de Dunham, publicada na Vet Rec em 2006, feita através de um desafio experimental com uso de cepa primária virulenta GL8 no Reino Unido, a vacina não mostrou eficácia, sendo assim, animais vacinados e não vacinados tiveram o mesmo nível de infectividade. A partir desses resultados, a vacina nunca foi licenciada na Europa.

Ademais, em estudos de Westman e Malik de 2016, publicados na revista Vaccine, realizados na Austrália sobre a eficácia da vacina, foi encontrado um fato aquém do esperado, sendo aferido apenas 56% de eficácia vacinal. Sendo assim, mesmo com 20 anos desde o licenciamento da vacina, ainda restam dúvidas quanto à sua eficácia, havendo estudos em andamento sobre a eficácia em condições experimentais e a campo. Hoje, é considerada uma vacina com proteção indefinida, mesmo nos países licenciados.

O processo de replicação do vírus é importante para entender a questão da produção de vacinas e o curso da doença no hospedeiro. São vírus envelopados, com duas moléculas idênticas de RNA de fita simples linear como genoma e possuem a enzima transcriptase reversa em seu genoma. Para a replicação, primeiro ocorre a adesão do vírus aos receptores celulares, seguido do processo de fusão do envelope viral com a membrana plasmática, e assim ocorre a liberação do nucleocapsídeo no citoplasma e o seu desnudamento. A primeira etapa para a síntese de novos vírus é a transcrição reversa, onde a enzima transcriptase reversa presente no próprio material genético do vírus sintetiza uma fita de DNA complementar usando o RNA viral como molde. Após esse processo, o RNA é degradado e o DNA fita simples fica livre no citoplasma, e a transcriptase reversa atua novamente transformando essa fita de DNA simples em dupla hélice. Depois, esse DNA é transportado para o núcleo da célula e é inserido no cromossomo celular, passando a fazer parte do hospedeiro definitivamente. Por fim, a maquinaria celular passa a sintetizar as proteínas virais para a formação de novos vírus, que uma vez prontos saem da célula por brotamento e adquirem o seu envelope.

Dessa forma, nota-se que a infecção persiste por toda a vida do hospedeiro, gerando imunossupressão e deixando o gato susceptível às infecções secundárias. Outro ponto muito importante é a ação da enzima transcriptase reversa, que é parcialmente responsável pela variabilidade genética observada nos retrovírus, pois a enzima comete erros ao transcrever o RNA genômico em DNA com uma frequência altíssima e acredita-se que isso equivale a uma mutação em cada novo genoma produzido, dessa forma todos esses fatores somados tornam difícil a produção de uma vacina eficaz.

Segundo o Guideline de 2024 sobre vacinação de cães e gatos, a vacina para FIV continua sendo classificada como “não essencial” para gatos, sendo categorizada desta forma desde o Guideline de 2016. Em edições anteriores à 2016, era classificada como “não recomendada” e o motivo disso inclui (1) questões a respeito da proteção cruzada entre os subtipos de vírus incluídos na vacina e os subtipos e recombinantes do campo nas diferentes áreas geográficas, (2) a interferência da vacina com o teste de anticorpos utilizado para o diagnóstico da infecção pelo FIV e (3) o protocolo vacinal, que envolve uma série primária de três injeções e revacinação anual, contudo, ainda lidamos com uma espécie animal suscetível a sarcomas no local da inoculação da injeção.

Contudo, o motivo para passar de “não recomendada” para “não essencial”, foi que o Grupo de Diretrizes de Vacinação (VGG) considerou que existem regiões que ainda possuem prevalência significativa de soropositividade e/ou infecção pelo FIV. Além disso, atualmente existem testes sorológicos discriminatórios e testes mais robustos da reação em cadeia da polimerase (PCR) para o diagnóstico da infecção pelo FIV, isto é, em anos anteriores, a vacina dificultava o diagnóstico de uma maneira que não era possível determinar quais anticorpos eram provenientes da vacinação e quais eram provenientes de uma infecção verdadeira, assim, ocorriam os falsos positivos. Dessa forma, o VGG entende que, além das questões anteriormente citadas, alguns tutores não mantêm seus gatos dentro de casa, por isso, a vacina passou a ser considerada como “não essencial” e é recomendada em casos específicos em países onde está disponível.

Apenas uma vacina contra FIV foi licenciada em todos esses anos, a “Fel-o-Vax FIV – Boehringer Ingelheim”, nos Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Japão. Segundo a AAFP, é um produto inativo que pode ser administrado a gatos a partir das 8 semanas de idade, com mais duas injeções com intervalo de 2 a 3 semanas, seguidas de uma injeção em 12 meses. A partir de então, recomenda-se a revacinação anual para gatos com risco contínuo de exposição, dada a forte probabilidade de proteção incompleta conferida pela vacina, justificando-se a realização de testes anuais. Apenas gatos não infectados devem ser vacinados.

Vacinação de gato – Foto: IA

A vacina foi retirada do mercado dos Estados Unidos e do Canadá, mas permanece disponível no Japão, Austrália e Nova Zelândia. Muito ainda se discute se ela pode efetivamente proteger de forma cruzada contra muitos subtipos diferentes de FIV encontrados em diferentes áreas geográficas, além das questões sobre as particularidades de fazer vacina para retrovirus.

De acordo com a AAFP, a medida mais eficaz e importante para o controle da FIV é a identificação e segregação dos gatos infectados. Assim, é recomendada a triagem de todos os gatos quanto à infecção quando são adquiridos pela primeira vez, antes da vacinação inicial, após exposição potencial a gatos infectados, ou se houver sinais clínicos da doença.

Os kits de detecção, baseados em metodologias de ELISA ou imunomigração rápida, têm como objetivo identificar anticorpos contra o FIV no sangue total, soro ou plasma. A maioria dos gatos produz esses anticorpos aproximadamente 60 dias após a infecção. No entanto, durante a fase inicial da infecção, os gatos podem apresentar resultados negativos para anticorpos, isso significa que uma infecção recente não pode ser descartada, e por isso os testes devem ser repetidos após 60 dias da última exposição potencial ao vírus. Embora a maioria dos gatos desenvolva anticorpos dentro desse período, em alguns casos o desenvolvimento pode ser mais lento. Durante a fase assintomática da infecção, os anticorpos contra o FIV são facilmente detectáveis na maioria dos gatos. Contudo, na fase terminal da infecção, alguns gatos podem ter resultados negativos para anticorpos devido a altas cargas virais que sequestram anticorpos em complexos antígeno-anticorpo. Assim, se um gato com alto risco de FIV e sinais clínicos típicos apresentar um resultado negativo no teste inicial, é recomendável um teste de acompanhamento usando PCR ou Western Blot.

Embora um resultado positivo seja altamente confiável na maioria das situações, é necessário cautela em alguns casos. Isso ocorre porque os anticorpos podem ser transferidos passivamente para filhotes amamentados por gatas naturalmente infectadas ou vacinadas, resultando em testes positivos por até seis meses. Em um estudo com 55 filhotes nascidos de gatas vacinadas contra FIV e não infectadas, todos os animais testaram positivo para anticorpos contra FIV logo após o nascimento e nas primeiras semanas de vida. No entanto, às 12 semanas de idade, todos os filhotes tiveram resultados negativos para anticorpos contra FIV. Se o resultado positivo persistir após seis meses de idade, é provável que os gatos estejam realmente infectados.

O ponto principal da vacinação é que ela dificulta o diagnóstico. O uso da vacina contra fiv (Fel-o-Vax FIV Boehringer Ingelheim) nos países em que foi licenciada complicou o diagnóstico de infecções por FIV com base na detecção de anticorpos, uma vez que gatos vacinados produzem anticorpos que, no caso de alguns testes, não podem ser distinguidos dos anticorpos produzidos por uma infecção natural. Esses anticorpos podem ser detectados após a vacinação e em alguns casos persistir por mais de 7 anos. O Fel-o-vax FIV foi descontinuado no Canadá e EUA em 2015, mas os gatos vacinados testaram positivo durante alguns anos seguintes.

Para exemplificar melhor, um estudo comparou 3 testes de anticorpos comercialmente disponíveis em uma população de 119 gatos australianos vacinados com FIV e 239 gatos não vacinados contra FIV. O status de infecção verdadeira por FIV foi determinado considerando os resultados de todos os testes de anticorpos juntamente com os resultados de PCR e o isolamento do vírus em alguns casos. Dois testes, Witness FELV-FIV (sensibilidade 100% e especificidade 98%) e Anigen Rapid FIV FELV (sensibilidade 100% e especificidade 100%), foram testados para demonstrar o verdadeiro estado de infecção por FIV em gatos, independente do histórico de vacinação deles, tendo demonstrado excelente especificidade e sensibilidade. Contudo, o testes IDEXX SNAP FIV FELV combo, detectou anticorpos induzidos por vacinação anterior, bem como aqueles induzidos por infecção verdadeira por FIV. A conclusão é que os testes Anigen Rapid FIV FELV e Witness FELV-FIV podem ser usados para diagnóstico de infecção de FIV em gatos vacinados, desde que a vacinação primária tenha ocorrido a mais de 6 meses.

Sendo assim, segundo a AAFP, a vacinação contra FIV é recomendada para aqueles gatos com acesso ao ar livre, porque podem se envolver em brigas com outros gatos, ou aqueles que vivem com gatos infectados com FIV, dado a forma de transmissão do vírus. Além disso, os proprietários devem ser informados das dificuldades de interpretação de alguns resultados de FIV em gatos vacinados e da baixa proteção da vacina. Para gatos que vivem exclusivamente em ambientes internos e têm pouco risco de infecção, a vacina não é essencial. Geralmente, os gatos que vivem com outros em estruturas sociais estáveis, onde não brigam entre si, têm risco insignificante de adquirir infecção por FIV, dado a forma de transmissão da doença. Dessa maneira, a escolha de vacinar um gato contra FIV deve ser baseada no risco-benefício feita pelo médico veterinário responsável pelo esquema vacinal do animal, bem como a escolha do tutor.

A FIV é uma doença que compromete o sistema imunológico dos gatos, tornando-os mais suscetíveis a infecções e outras doenças. O diagnóstico precoce e o manejo cuidadoso, incluindo monitoramento regular, boa nutrição e prevenção de infecções secundárias, são essenciais para melhorar a qualidade de vida desses animais. A vacinação contra FIV é controversa devido à grande variabilidade genética do retrovírus, uma única vacina está disponível em alguns países e protege contra os subtipos A e D, mas sua eficácia é contestada e pode dificultar o diagnóstico, pois gatos vacinados podem testar falso positivo. Dessa maneira, mais estudos são necessários para desenvolver uma vacina eficaz contra todos os subtipos da FIV, e por isso, a vacina é classificada como “não essencial” e é recomendada em casos específicos, sendo a principal medida profilática o impedimento do acesso dos gatos à rua.

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Autoras: Anna Beatrice da Costa Dalcero Raeder da Rocha, Isabella Souza da Silva, Juliane Gomes Scherer, Lais Santos Ribeiro, Millena Cristina Alves Ferreira Pessoa – Discentes do Curso de Medicina Veterinária da UFRRJ
Supervisionado por: Clayton B. Gitti – Professor do Curso de Medicina Veterinária da UFRRJ