Por: Paulo Daniel Sant’Anna Leal, médico veterinário, MSc, DScV, Pós-Doutorado, Membro da Academia de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro/AMVERJ.
Os proprietários de animais de companhia, principalmente cães e gatos, relatam com frequência alterações de comportamento em seus Pets, principalmente pela solidão destes durante o dia, ou pela simples ausência do dono. Aliado a dificuldade de encontrar com quem deixar seus Pets, para evitar ficarem sozinhos em casa, evitando o abandono, com risco de desenvolverem o distúrbio comportamental. Tais distúrbios comprometem a qualidade de vida do tutor /proprietário e dos Pets. É frequente observamos sinais por parte dos Pets, quando ficam sozinhos, com a queixa de vizinhos por causa dos latidos, nos casos dos cães ou agressividade a outros Pets ou mesmo destruição de móveis e/ou utensílios domésticos. Tal contexto é associado a Síndrome de Ansiedade de Separação em Animais (SASA). Em cães, a SASA compreende um conjunto de manifestações comportamentais manifestadas quando são afastados fisicamente de seus proprietários. Os comportamentos podem ser descritos ou observados como vocalização excessiva, destruição de objetos, micção e defecação fora do lugar determinado, agitação, excesso de medo, esses distúrbios promovem estresse e podem desencadear processos imunossupressores comprometendo a saúde, com manifestações patológicas de enfermidades como gastrite, cistite e doenças oportunistas.
A síndrome também pode incluir vômitos e depressão, além de comportamentos compulsivos como a tricotilomania (arrancar pelos) ou a lambedura compulsiva de membros ou flancos, promovendo lesões dermatológicas. Os quatro sinais básicos (comportamentos destrutivos, vocalização excessiva, defecação e micção inapropriadas) podem ser explicados como tentativas de restabelecer contato com sua matilha ausente, como ocorre com a vocalização excessiva e os comportamentos destrutivos. Os últimos normalmente são direcionados a pertences do proprietário ou a portas, janelas ou móveis que possam ser usados como rotas de fuga pelo cão.
Os distúrbios sociais podem estar associados à morte de um animal contactante ou à introdução de outro animal de estimação. Vale ressaltar que após o diagnóstico do problema comportamental e a determinação da causa, o processo pode ser controlado ou corrigido com modificações ambientais ou terapias com drogas. O manejo dos distúrbios comportamentais é através de um médico veterinário, além da necessidade do diagnóstico, principalmente das comorbidades, frequentes com a idade e necessitam serem diagnosticadas para o tratamento adequado.
Sabendo-se que a maioria dos problemas de comportamento tem tratamento e que esses tratamentos, como, para quaisquer doenças, exigem um diagnóstico preciso e devem ser adequados para cada problema, levando em consideração características do proprietário e de sua família. Fazem parte desse repertório terapêutico: (1) uso de medicamentos de apoio (antidepressivos e ansiolíticos, por exemplo); (2) técnicas de modificação comportamental, como a dessensibilização e o contra condicionamento; (3) técnicas de enriquecimento ambiental; e (4) modificações hormonais, que podem ser feitas por medicamentos ou por meio de cirurgias, mas, sempre, através de acompanhamento profissional de um médico veterinário.
Palavra-chave: Cães, gatos, agressividade, medo, ansiedade de separação.