Paulo Daniel Sant’Anna Leal, médico veterinário, MSc, DScV, Pós-Doutorado, Membro da Academia de Medicina Veterinária no Estado do Rio de Janeiro/AMVERJ.
A esporotricose é infecção fúngica, uma micose profunda, com manifestação cutânea, causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenkii. Apresentando várias espécies. A infecção é causada por inoculação traumática, arranhadura ou mordedura, pela inoculação na pele ou mucosa, através de espinho de plantas, farpas de madeira. Locais com alta umidade, calor e sem luz solar favorecem o crescimento do fungo (solo, troncos de madeira, plantas, matéria orgânica em decomposição). A esporotricose já foi descrita em gatos, cães, ratos, tatus, equinos, asininos, bovinos, caprinos, suínos, hamsters, camelos, chimpanzés e aves domésticas, sendo os gatos diagnosticados com maior frequência e de maior importância. Os felinos sadios são infectados em brigas com outro felino infectado ou no ato reprodutivo, através da inoculação do microrganismo presente nas unhas e cavidade oral, sendo os machos inteiros de vida livre mais acometidos. Em humanos a transmissão ocorre principalmente pela inoculação direta (arranhadura ou mordedura) de um felino infectado ou pelo contato com lesões cutâneas, plantas e solos contaminados ou ainda de forma indireta pela inalação do microrganismo, forma mais rara de contágio. A doença se manifesta comumente sob a forma de feridas na pele. Surgem em forma de pápula ou nódulo, progredindo para ulceração e drenagem de secreção seropurulenta, podendo estar acompanhada ou não de linfangite nodular ascendente (aumento dos linfonodos).
Apresenta uma distribuição universal, sendo mais comum em regiões tropicais e subtropicais, encontrada tanto em área rural quanto urbana. Tem sido relatada em vários países do continente americano. A esporotricose vem ganhando proporções epidêmicas no município do Rio de Janeiro, trazendo a questão da necessidade de ampliação de atendimento clínico e do conhecimento da situação epidemiológica desta enfermidade, que possui elevado potencial zoonótico, com notificação compulsória no estado do Rio de Janeiro. Registrada em vários municípios do estado do Rio de Janeiro. A epidemia de esporotricose no estado do Rio de Janeiro se caracteriza pela transmissão zoonótica em ambiente domiciliar, tendo o gato como o principal transmissor do agente etiológico.
O diagnóstico nos animais, deve-se, sempre, ser associado ao histórico, exame físico e confirmado através da observação das estruturas fúngicas ou sua resposta no organismo, tais como: citologia; exame micológico (cultivo); histopatologia; provas sorológicas; testes intradérmicos; e na reação em cadeia de polimerase (PCR).
O tratamento deve ser estabelecido por profissional médico veterinário, habilitado e demanda atenção quanto ao tempo e manejo do paciente, evitando recidivas e exposição aos contactantes.
Palavra-chave: infecção, fungo, lesões cutâneas, Sporothrix schenkii.