Com o objetivo de fornecer maior transparência aos consumidores, a ONG internacional de proteção Sinergia Animal desenvolveu a plataforma online Porcos em Foco: Monitor da Indústria Suína Brasileira que avalia o posicionamento e as diretrizes sobre bem-estar animal de empresas da indústria de carne suína no Brasil.

O intuito da ONG é que as empresas adotem compromissos transparentes e rastreáveis de bem-estar animal para acabar com as práticas que resultam em maior sofrimento aos animais.

A plataforma apresenta um sistema de avaliação em forma de ranking com nove das mais significativas empresas do setor no país. São elas: JBS, BRF, Aurora, Pamplona, Frimesa, Pif Paf, Alegra, Alibem e Master Agroindustrial. “Por meio da plataforma, os consumidores podem comparar a pontuação entre diferentes empresas e tomar decisões mais conscientes sobre o que querem consumir”, explica a gerente de engajamento corporativo da Sinergia Animal, Taís Toledo.

A executiva acrescenta que, além de ser um direito garantido pelo Código de Defesa do Consumidor, a transparência já é uma demanda do público. Segundo estudo realizado pela World Animal Protection, 82% dos consumidores brasileiros declararam ter interesse em comprar produtos certificados em bem-estar animal. “Até agora, nenhuma das empresas obteve pontuação máxima no ranking”, aponta.

Livre de gaiolas

Dentre as práticas da indústria sobre as quais a Sinergia Animal pede melhores diretrizes às empresas, e que são usadas como critérios na Porcos em Foco, estão o banimento do uso de gaiolas de gestação para porcas grávidas, da mutilação sem gestão da dor, do uso de antibióticos em animais saudáveis, entre outras.

“Os porcos são animais muito inteligentes e sociáveis, e essas práticas os submetem a uma vida de sofrimento e dor. No confinamento extremo imposto pelos sistemas de gaiolas de gestação, por exemplo, as porcas não conseguem sequer se virar e sofrem uma série de problemas, como risco elevado de infecções do trato urinário e ossos enfraquecidos”, diz Taís.

Por conta das controvérsias, países como Alemanha, Holanda, Reino Unido, Suécia e outros proíbem ou regulam o uso contínuo de gaiolas de gestação para porcas em suas cadeias de produção.

“No ano passado, a Comissão da União Europeia (UE) se comprometeu a aprovar a proibição da criação industrial de animais em gaiolas até 2027. Essa medida deverá afetar também a produção brasileira, já que os produtos exportados para a UE deverão cumprir as novas normas”, informa Taís.

Saúde pública

A executiva acrescenta que outra prática solicitada é de que seja banido pelas empresas o uso não terapêutico de antibióticos, ou seja, em animais que não estão doentes.

“Na indústria de carne suína é comum que porcos recebam antibióticos, não para tratar uma doença, mas na tentativa de preveni-la. Essa prática contribui para o surgimento de bactérias super-resistentes, que podem acabar contaminando os solos, os rios e os alimentos, e, finalmente as pessoas, gerando um problema grave de saúde pública”, explica Taís.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, atualmente, bactérias super-resistentes matam 700 mil pessoas a cada ano e podem chegar a 10 milhões de pessoas anualmente até 2050. O Brasil está entre os três maiores consumidores de antibióticos na produção pecuária mundial, junto com China e Estados Unidos, segundo o órgão.

Com informações da assessoria de imprensa da Embrapa
Foto de capa: Embrapa