Diversos instrumentos cirúrgicos, tanto para uso humano como possivelmente também veterinário foram fabricados desde os tempos pré-históricos. Eles foram descobertos em sítios neolíticos e provavelmente usados pelos xamãs para libertar os maus espíritos e aliviar as cefaléias e os traumas.

Cirurgiões da Índia usaram sofisticados instrumentos cirúrgicos desde tempos remotos.

Sushruta (500 aC) foi provavelmente o cirurgião mais importante da História Antiga. Ficou conhecido como “pai da cirurgia” e num trabalho descreveu 120 instrumentos cirúrgicos, 300 procedimentos, e classificou oito categorias cirúrgicas em seres humanos.

Na Antiguidade cirurgiões da Grécia e de Roma desenvolveram engenhosos instrumentos feitos de bronze, ferro e prata, como: bisturis, curetas, pinças, fórceps e sondas, A maior parte desses instrumentos, aperfeiçoados, permaneceu em uso nos tempos medievais.

Um dos principais responsáveis pelo aperfeiçoamento dos instrumentos cirúrgicos foi Abulcasis AL-Zahravi, conhecido no Ocidente simplesmente como Abulcasis e considerado o “pai da moderna cirurgia”.

Galen de Pergamum, um dos filósofos e cirurgiões mais destacados do mundo antigo encomendou instrumentos feitos de ferro, matéria que era encontrada apenas numa pedreira no  Reino da Nórica Celta.

História de alguns instrumentos de uso na clínica

Microscópio

Os historiadores do século XV, contam que os juízes usavam óculos escuros para que, durante as sessões de julgamento, réus, acusadores e defensores não pudessem interpretar seus pensamentos e tendências através do olhar. Mas ainda não eram lentes.

Antes mesmo da formulação das leis da ótica  os chineses já dominavam a arte de produzir lentes simples a partir de cristais de quartzo que montavam em armações de escamas de tartaruga e outros materiais.

Escritos de Confúcio, datados do ano 500 aC, registravam ter sido possível melhorar a visão de um sapateiro com o uso de lentes. Entretanto, os óculos como atualmente são conhecidos foram inventados pelo italiano Salvino D’Amato, em 1285.

E foi graças à descoberta das primeiras lentes que foi possível produzir a lupa, a tri-lupa e o microscópio, decisivo no desenvolvimento da microbiologia.

A denominação microscópio foi criada por Johann Giovanni Faber (1570-1640), em 1624. O termo deriva de “micros”=pequeno + “skopein” = examinar, ver.

Parece evidente, para os historiadores, que o microscópio composto foi inventado no final de 1590 por Hans e Zacarias Janssen (pai e filho), da cidade de Middelbourg, na Holanda. Mas, a paternidade do microscópio é discutida e há quem garanta que o verdadeiro inventor foi o famoso italiano Galileu Galilei (1546-1642) que era um respeitado físico e matemático, inventor do telescópio

Estetoscópio

Foi inventado em 1816 pelo médico francês René Théophile Laennec com dificuldade para diagnosticar um problema cardíaco de uma jovem obesa.

Na época, o exame era feito pelo tato e a capa de gordura tornava isso praticamente impossível.

Passeando num jardim, Laennec viu dois garotos brincando: um encostava o ouvido numa pilha de madeira para escutar as pancadas que o outro dava no lado oposto.

Retornando ao hospital, encostou nas costas da paciente uma cartolina enrolada em forma de tubo e pode escutar as batidas do coração.

Em 1839, o tcheco Joseph Skoda aperfeiçoou o estetoscópio com dois tubos ocos para que fosse possível usar os dois ouvidos.

Seringa

A seringa  foi imaginada no século XV pelo italiano Gattinara mas só teve aplicação prática cerca de 200 anos depois.

As primeiras demonstrações da novidade foram feitas pelos ingleses C. Wren e R. Boyle, em 1657.

A seringa hipodérmica foi criada em 1853 pelo médico francês Charles Pravaz (1791-1853). Mas quem fabricou uma seringa totalmente de vidro – com a vantagem de poder visualizar a progressão da injeção – foi o francês Luer, em 1869