História da Medicina Veterinária Contemporânea no Brasil contada pelos irmãos Jorge e Luiz Pereira. Luiz, o mais velho, é dono da Pet From Ipanema e Jorge é oftalmologista veterinário

Depoimento do Dr. Luiz Pereira

Me formei médico veterinário numa época em que veterinário era chamado de “Capa Gato”. Nós éramos solicitados para “fazer” vacina de raiva, e para “passar” um vermífugo, pois nas fezes “apareciam uns grãos de arroz” que se mexiam, ou então uns “fiapos de macarrão” que os clientes viam.

Foto: O oftalmologista Jorge Pereira examinado cadela (arquivo pessoal)

Não havia seringas descartáveis e nossas seringas eram de vidro e eram esterilizadas em banho maria.

As fêmeas grávidas ou amamentando normalmente davam entrada em nossas clínicas com temperatura de 40 graus e “se tremendo toda”. Era “uma tal de eclâmpsia”, que os veterinários mais jovens raramente ouvem falar, ou nunca viram um caso destes.

Foto: Internação para felinos (arquivo pessoal)

Desde 1986, participei de praticamente todos os maiores eventos de educação continuada do mundo, em especial o North American Veterinary Conference e o Western Veterinary Conference, que são realizados anualmente nas cidades de Orlando (Flórida) e Las Vegas (Nevada) -USA-, só me ausentando nesse período de pandemia. Mas em janeiro de 2023, eu e o Jorge nos faremos presentes mais uma vez, pela 34º vez. Além disso, fui a inúmeros eventos da Word Small Animal Veterinary Association, em Montreal, Viena, Praga e São Paulo.

Foto: Internação para cães (arquivo pessoal)

De 2000 a 2005, o Jorge como presidente e eu como diretor de marketing, estávamos à frente da Conferência Sul-Americana de Medicina Veterinária

Depoimento do Dr. Jorge Pereira

Por ser o mais jovem entre 8 irmãos, cabia a mim conduzir nossa mãe aos “papas” da oftalmologia. Ela estava ficando cega, gradualmente, devido a uma retinopatia diabética, seguida de catarata e glaucoma neovascular. Eu estava finalizando a graduação.

Foto: Laboratório (arquivo pessoal)

Era final dos anos 70 e inicio dos anos 80. Paralelamente, comecei  um relacionamento com a minha atual esposa, cujo pai era mais um “medalhão” da oftalmologia, a quem também levei a minha mãe. Meu sogro me ajudou muito no início da carreira como oftalmologista para animais. Seria impossível para um jovem de família pobre iniciar uma carreira cujos equipamentos são MUITO caros. Ele me supria com versões antigas, quando sua clínica adquiria novos.

Foto: Moderno equipamento para hemodiálise (arquivo pessoal)

Não havia, naquela época, com quem aprender oftalmologia animal no Brasil. Tive que acompanhar meu sogro e outros oftalmologistas de pessoas, além de ser “autodidata”. Após 10 anos de graduação, tive a oportunidade de estudar no Caspary Research Institute, em Nova York, no ano de 1990. Em 1996 completei mais uma pós graduação no Harbour UCLA – Research and Education Institute, em Los Angeles. Sempre presente em eventos dos Colégios Americanos e Europeus de oftalmologia veterinária, segui minha carreira procurando me associar a todas as associações internacionais como a ISVO (International Society of Veterinary Ophthalmology), a ASVO (American Society of Veterinary Ophthalmology) e a SBOV (Brasileira e SOLOVE Latino-Americana).

Foto: Recepção para cães (arquivo pessoal)

Mais tarde, já com Mestrado e Doutorado concluídos, também me diplomei pelos Colégio Brasileiro de oftalmologistas veterinários (CBOV) e pelo Colégio Latino-Americano de oftalmologistas veterinários. Pela percepção de que tínhamos muito a mostrar ao mundo, com respeito à pesquisa, fundei há 25 anos, dentro da minha estrutura em Teresópolis, a Clinica Animal (uma das maiores do Estado do Rio de Janeiro) e o Centro de Estudos, Pesquisa e Oftalmologia Veterinária (CEPOV)

Foto: Centro cirúrgico e internação (arquivo pessoal)

Atualmente com personalidade jurídica própria, há 15 anos, e com instalações inspiradas nas maiores clínicas especializadas em oftalmologia no mundo, e conhecida como (CEPOV) oftalmologia veterinária, onde são atendidos em torno de 6.000 animais por ano, com doenças diversas como simples conjuntivites alérgicas, até casos complexos como descolamentos de retina, cataratas, glaucomas, tumores intra-oculares, entre outras, sempre procurando mostrar nestes eventos, sejam nacionais ou internacionais, a nossa experiência nestes casos desafiadores.

Foto: Ambulatório de cães (arquivo pessoal)

Hoje, aos 67 anos, 42 anos de graduado na UFF e com os mestrados na UFRRJ, sob orientação de grandes mestres como o professor Dr. Carlos Wilson, confesso que meu entusiasmo pela oftalmologia animal é ainda muito maior do que era o daquele jovem iniciante de 1981.

Foto de capa: Luiz Octavio Pires Leal – Dr. Jorge Pereira e Dr. Luiz Pereira