Por Sávio Freire Bruno e Ana Beatriz Marins de Negreiros

Introdução

O mergulhão-pequeno, conhecido popularmente como mergulhão-pompom, é uma espécie de ave aquática que possui ampla distribuição no território brasileiro. Pertence à família Podicipedidae, que inclui mais 21 espécies de mergulhões, sendo esta, Tachybaptus dominicus, a menor de todas elas. Seu nome genérico Tachybaptus faz referência a seus mergulhos rápidos e eficientes (do grego takhus = rápido e baptö  = mergulhar). Esses pequenos mergulhões possuem em média 24 centímetros de comprimento e são muito leves, pesando de 110 a 180 gramas.

Distribuição geográfica e habitat

O mergulhão-pequeno é uma ave aquática com uma ampla distribuição geográfica, desde o Texas (EUA) até o norte da Argentina (Bruno et al., 2020). No Brasil, o mergulhão-pequeno é encontrado, de forma geral, ao longo de todo seu território, sendo típico de pequenos lagos, açudes e áreas alagadas.

Características morfológicas

 Quando adultos, os representantes desta espécie possuem uma plumagem escura, acinzentada na região superior da cabeça e com laterais mais claras. Durante o voo, é possível observar a cor branca do interior de suas rêmiges (Fig. 1), cor que também é observada em seus pompons, bem destacados na região posterior do corpo. Seus olhos possuem um amarelo marcante e seu bico é escuro (Storer, 2020).

Os jovens filhotes possuem listras brancas bem marcadas, que vão da região da cabeça até o pescoço e, diferentemente dos adultos, seus olhos são castanhos. Além disso, costumam apresentar tons mais esbranquiçados ao longo do corpo e bico mais claro (id., 2020).

Figura 1: Mergulhão-pequeno adulto. Na imagem é possível observar a face interna de suas asas, predominantemente branca. Foto: Sávio Freire Bruno, Parque Nacional da Serra da Canastra, MG, 07 de agosto de 2017.

Figura 1: Mergulhão-pequeno adulto. Na imagem é possível observar a face interna de suas asas, predominantemente branca. Foto: Sávio Freire Bruno, Parque Nacional da Serra da Canastra, MG, 07 de agosto de 2017.

Alimentação

São considerados predadores oportunistas. Podem capturar presas em seus longos mergulhos ou até mesmo nadar com os olhos próximos à superfície, uma técnica eficaz para visualizar possíveis alimentos na superfície da água. Alimentam-se de pequenos peixes, alevinos, girinos e diversos invertebrados, e também podem se alimentar de algumas algas e matérias vegetais (Sigrist, 2006).

Hábitos

Os mergulhões dessa espécie vivem geralmente solitários ou em pares, voando entre lagoas isoladas, mas podem também formar grupos familiares (Fig.2). Seus hábitos se assemelham aos de outras aves e mergulhões da família Podicipedidae, como por exemplo o cuidado com a plumagem e os movimentos com a cabeça para impulsionar o corpo na locomoção, embora esses pequenos animais sejam visivelmente mais rápidos que os outros táxons da família. (Storer, 2020).

Figura 2: Mergulhões-pequenos (Tachybaptus dominicus) nadando em uma lagoa. Foto: Sávio Freire Bruno, Miracema, RJ, 30 de julho de 2023.

Figura 2: Mergulhões-pequenos (Tachybaptus dominicus) nadando em uma lagoa. Foto: Sávio Freire Bruno, Miracema, RJ, 30 de julho de 2023.

Reprodução

Em épocas reprodutivas, o casal vocaliza em duetos repetidas vezes. Essas aves possuem comportamento sexual monogâmico, e o par permanece junto, mantendo o cuidado parental com seus filhotes até que eles atinjam a maturidade (Figura 3).

Os mergulhões-pequenos constroem ninhos flutuantes em áreas alagadas, onde a fêmea deposita de 3 a 6 ovos (Storer, 2020). Para que a prole sobreviva, esses animais investem muito da sua energia em cuidado parental.

Figura 3: Os filhotes de mergulhão-pequeno nadam próximos aos pais até atingirem a maturidade. Foto: Sávio Freire Bruno, Cachoeiras de Macacu, RJ, 16 de janeiro de 2008.

Figura 3: Os filhotes de mergulhão-pequeno nadam próximos aos pais até atingirem a maturidade. Foto: Sávio Freire Bruno, Cachoeiras de Macacu, RJ, 16 de janeiro de 2008.

Ameaças e conservação da espécie

De acordo com a IUCN (2024), a espécie Tachybaptus dominicus não é considerada uma espécie ameaçada, tendo o status de conservação menos preocupante (LC). Apesar disso, a conservação dos ambientes aquáticos é de extrema importância para a sobrevivência da espécie. (Storer, 2020).

Referências Bibliográficas

BRUNO, S. F.; MARINS, D. C.; FIEKER, C. Z.; REIS,M. G. Interactions between Least Grebe Tachybaptus dominicus and a family of Brazilian Mergansers Mergus octosetaceus in Serra da Canastra National Park, Brazil. Cotinga, v. 1, p. 122-124, 2020.

IUCN 2024. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Versão 2023-1. <https://www.iucnredlist.org>. Acesso em: 19/03/2024.

SIGRIST, T. Aves do Brasil: Uma visão artística, Vol.2. São Paulo: Avis Brasilis, 2006.

SIGRIST, T. Avifauna brasileira: guia de campo Avis Brasilis, Vol. 3. São Paulo: Avis Brasilis, 2013.

STORER, R. W. (2020). Least Grebe (Tachybaptus dominicus), version 1.0. In Birds of the World (A. F. Poole, Editor). Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY, USA. Disponível em: <https://doi.org/10.2173/bow.leagre.01>. Acesso em: 27. out. 2023

WIKIAVES (2023) [Mergulhão-pequeno (Tachybaptus dominicus)]. WikiAves, a Enciclopédia das Aves do Brasil. Disponível em: <https://www.wikiaves.com.br/wiki/mergulhao-pequeno>. Acesso em: 27. out. 2023.

Sávio Freire Bruno é Professor Titular do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense; Professor Colaborador do Curso de Ciências Biológicas e do Curso de Ciência Ambiental (UFF).

Ana Beatriz Marins de Negreiros: Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal Fluminense.

Revisão de texto: Eduardo Sánchez

Foto de capa: Mergulhão-pequeno (Tachybaptus dominicus). Por Sávio Freire Bruno. Parque Nacional da Serra da Canastra, MG. 23 de maio de 2021.