TOC TOC – Ucides cordatus

Território geográfico natural

Sendo conhecido como uaçás, auçás e guaiás o caranguejo mais consumido do mundo – desde a Flórida-EEUU até Santa Catarina-Brasil – passando pelos países da América Central, e ilhas paradisíacas Caribenhas, o território natural do Ucides cordatus, caranguejo Toc Toc, é um dos mais extensos do mundo. Embora exista o Ucides occidentallis seu parente mais próximo, na Costa do Pacífico, a preferência gastronômica e comercial recai sobre o TOC TOC, pelo sabor inigualável de sua carne consumida integralmente “in natura” ou beneficiada em forma de carne de caranguejo e ingrediente de pastéis, bolinhos, sopas, caldos e caldeiradas, conforme os hábitos alimentares das populações e comunidades que habitam esse extenso território. Sempre econtrado nas enseadas, lagunas e estuários dos grandes rios que desaguam no Atlântico, onde existe o mangue, é sempre uma atração a mais para os turistas de todas as partes do mundo, principalmente na forma de petiscos e tira-gosto dos bares e quiosques de praia.

Mapa: em vermelho o território do TOC TOC

Zoologia/biologia

Animal invertebrado, artrópode e subdivisão crustácea (Linnaeus, 1763), caracteriza-se por ter o corpo coberto de forte carapaça, cinco pares de patas terminadas em unhas pontudas, sendo as primeiras, ligadas ao cefalotórax, maior que as demais em volume e tamanho. São essas quelas volumosas e musculosas que servem, como armas, para o animal se defender e cavar seus ninhos profundos na lama dos manguesais onde vivem e procriam. Também são com essas portentosas patas dianteiras que os braquiúros lutam contra os invasores e outros machos na invasão de seus territórios e disputa das fêmeas.

De elevada importância para sua biologia, o mangue e o caranguejo formam uma simbiose perfeita com dependências ambientais e biológicas mútuas.

O caranguejo dura de 6 a 9 anos, de larva a adulto, com metamorfoses sucessivas onde muda de forma, cor e tamanho. É nas “andadas” que o caranguejo sofre a maior predação e sobrepesca pela facilidade de sua captura. Na reprodução da espécie, uma fêmea chega a depositar cerca de 36 a 250 mil ovos que fertilizados pelo macho dão origem as larvas zoé que em seguida se transformam em imatura megalopa, juvenil e animal adulto. (Vianna, E. Almeida. U FF. Niterói, 2015).

Dimorfismo anatômico sexual anatômico existente

Ecologia

O meio ambiente onde o caranguejo toc toc vive e mantém-se milenarmente é o manguezal, biótopo próprio e específico para sua existência, sobrevivência e sustentabilidade. Afirmam alguns pesquisadores e ecologistas sobre o assunto que: se os manguezais desaparecerem, desaparecem também os caranguejos. Mas, qual a principal função biológica do caranguejo no mangue ?

Conhecido também como jardineiro-do-mangue, o caranguejo-uçá, por triturar as folhas, ajuda na sua decomposição por fungos e bactérias, processo que gera nutrientes que são acrescentados ao solo, à água e à vegetação no manguezal.

“A atividade alimentar dele auxilia a liberação de nitrogênio, fósforo e potássio no ambiente, elementos que serão absorvidos pelas plantas, peixes de água doce e animais marinhos, como outros crustáceos, camarões, mexilhões, berbigões, caramujos e ostras” (UNESP, Jornal. Ano XX, nº 212. Junho/2006).

Mangue preto – Avicennia schaueriana

Comércio

O comércio mais intenso do caranguejo acontece na Região Norte, principalmente nos estados do Pará, Maranhão e Piauí onde o crustáceo é capturado nos manguezais e negociado entre os catadores, atravessadores e comerciantes; até 2013, de forma artesanal e clandestina, sem seguir normas ambientais e princípios tecnológicos e comerciais, vendidos a preço de ocasião.

A partir de 2013, para preservação da espécie e comercialização legal, o Ministério da Pesca e Aquicultura publica as Instruções Normativas: nº 20, e em 2015, nº 9, estabelecendo Normas e Padrões para transporte terrestre e aquaviário de carga viva, coibindo, assim, os abusos e depreciação na qualidade e sanidade comercial do animal.

 

Transporte rodoviário do caranguejo

Agronegócio

A cadeia de comercialização do caranguejo no Brasil, do Amapá até Sta Catarina, desde a apanha ou cata até às mesas de restaurantes, botecos e quiosques, envolve mais de 200 mil pessoas, no período de dez a março, quando é permitido sua caça. Face a sobrepesca e o desrespeito às leis ambientais e comerciais, a captura em algumas regiões está se tornando difícil e rareando, diminuindo a oferta dessa iguaria no mercado nacional.

Consumo natural do caranguejo com o martelo de madeira para quebra das pinças.

Sustentabilidade

A fim de que o caranguejo toc toc possa continuar existindo, como recurso natural renovável e não falte como alimento e pescado à mesa da gastronomia brasileira, para as atuais e futuras gerações, o Ministério da Pesca e Aquicultura, atual Secretaria Especial da Pesca e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, assim como fez com a lagosta e o camarão, publicam anualmente, desde 2003, Portarias e Instruções Normativas determinando o Defeso do Caranguejo em todas às Regiões e Estados Brasileiros. Nestas Portarias, restringem e proíbem a apanha e o comércio do crustáceo por um determinado espaço de tempo, geralmente, 4 meses, nos períodos de reprodução das espécies; o chamado: Período de Defeso do Caranguejo.