Nunca ouvimos dizer de grande general que estivesse, numa parada triunfal, montando mula. Tampouco conhecemos famosa estátua de algum imperador num elefante.

OK! Entendemos! Deve existir sim; não é comum!

Alguém lembrou? Em 218 a.C, um general cartaginês, Aníbal Barca, entrou para a história ao usar 40 elefantes de guerra para atacar Roma? Segundo piada antiga, ele teria rapidamente posado ao lado de um dos maiores animais, talvez para a “Self” de sua propaganda político-militar…, e ficou nisso!

É inegável! Entre os animais de carga e montaria, os cavalos (Equus caballus), em qualquer ocasião, de maneira especial, se destacaram pela beleza da musculatura, pelagem, elegância e porte da marcha, bem como inegável inteligência. Mas isso é assunto para cavaleiros e amazonas!

Entre artistas plásticos, o cavalo jamais perde o protagonismo da cena; seu destaque é distinto, sempre apresentado cheio de pompa e garbo. O animal parece saber que tem a capacidade de se impor, qualquer que seja o cenário desenhado. Quando engajado, parado, trotando ou galopando, no salto ou adestramento, nenhum outro animal se iguala na elegância.

O cavalo, na paz e na guerra!

Nas composições de paz e de guerra, ou nas idílicas paisagens, as pinturas equestres são apreciadas e fazem sucesso. Nos filmes, as cenas que mais encantam os fãs do gênero bangue-bangue, são aquelas com muitos cavalos! Independentemente de serem eles montados por mocinhos ou bandidos, índios e Cavalaria Americana, sempre provocavam grande vibração no público, fruto do típico apelo sentimental hollywoodiano.

As cargas de cavalaria, em todos os tempos, serviram a belos destaques pictóricos, dando importância aos equinos nas batalhas. Curiosamente, a história guarda registro patético e mentiroso da cavalaria polonesa, combatendo tanques alemães, em 1939. Esse fato é apenas um mito; serviu à exploração da propaganda nazista, contra os polacos. Composições artísticas de grandes batalhas do passado, foram fruto de muita imaginação e talento de famosos artistas, que se dedicaram ao gênero épico e temas equestres.

Por estarem também representados nos monumentos, montados por importantes figuras históricas, os cavalos ganharam extraordinária importância e simpatia na visão pública. Nas marchas triunfais, a cavalaria era destaque, a elite dos exércitos, quando comparadas às tradicionais tropas de infantaria ou de artilharia.

Os cavalos no trabalho e no esporte

A presença de vários animais nas pinturas e esculturas, associados às máquinas, carroças e veículos nas atividades agrícolas, é muito antiga e frequente. Interessante lembrar do cotidiano urbano, por exemplo, de carruagens e bondes puxados por parelhas. Em razão do esforço e dureza do trabalho, o serviço de tração era deixado aos muares e bois, ficando para o cavalo as atividades mais nobres. Igualmente, os equinos sempre foram muito apreciados na prática de esportes nobres e sofisticados, como o golfe, o hipismo, as corridas nos hipódromos e as cavalgadas de caça.

Cá entre nós (que os cavalos não nos ouçam), mas, para tarefas pesadas e de grande esforço muscular, como a tração de carga, os burros, as mulas e até os bois sempre foram melhores.

Belos exemplos

Querem exemplos de pinturas que mostrem os aspectos artísticos comentados? Vamos citar as monumentais telas de Pedro Américo: “Batalha do Avaí”, 1877; e “Independência ou Morte” (conhecida como “O Grito do Ipiranga”), 1888.

Desde o início, essas telas suscitaram discussões acaloradas entre historiadores e estudiosos de artes. Cremos que tais querelas seriam mais produtivas, se as interpretações feitas, a partir das importantes figuras dos personagens humanos, fossem no sentido de alcançar merecido destaque ao papel dos cavalos. Coadjuvantes esquecidos como heróis, igualmente merecedores de reverencia, como figurantes históricos, eles são capazes de “roubar a cena” dos maiores protagonistas, nas dramáticas telas do pintor Pedro Américo.