Causada por três vírus distintos do gênero Alphavirus, a encefalomielite equina é uma doença viral que afeta cavalos em todo o mundo, causando preocupação entre criadores, proprietários e profissionais da saúde animal.

Tais vírus desencadeiam inflamação no encéfalo e na medula dos equinos afetados. As variantes conhecidas são a Encefalomielite Equina do Leste (EEE), a Encefalomielite Equina do Oeste (WEE) e a Encefalomielite Equina Venezuelana (VEE), sendo esta última menos comum no Brasil.

A doença é considerada uma zoonose, pois pode atingir os humanos também, e, por este motivo, ela é de notificação obrigatória. Os reservatórios naturais destes vírus são aves, roedores e répteis, que em muitas das vezes não apresentam nenhuma manifestação clínica.

“Muitas pessoas acreditam que a transmissão acontece por meio do contato com cavalos infectados, mas na verdade o vetor é representado pelo mosquito, que contrai o vírus picando animais silvestres ou domésticos infectados e, posteriormente, pica cavalos e humanos, contaminando-os”, explica a médica- veterinária e coordenadora técnica de equinos da Ceva Saúde Animal, Camila Senna.

Incidência

Apesar de ser menos comum em certas regiões do mundo, a encefalomielite equina não é uma condição rara, uma vez que os surtos podem ocorrer em diversas áreas, especialmente onde os vetores transmissores, principalmente da espécie Culex sp e Aedes sp., estão presentes.

O Mercosul emitiu, recentemente, um estado de alerta para a doença devido aos casos confirmados em humanos na Argentina e no Uruguai, reforçando o poder zoonótico da enfermidade. “Portanto, é essencial reconhecer que a encefalomielite equina é uma preocupação global de saúde e sendo importante adotar estratégias adequadas de prevenção”, alerta a veterinária.

Sintomas

Os sintomas da encefalomielite equina são febre, apatia, depressão, inicialmente porém, com a evolução da doença, surgem sintomas neurológicos como incoordenação motora, andar desorientado, andar em círculos, cegueira, ranger de dentes e pressionar a cabeça contra objetos e essa progressão dos sintomas leva ao decúbito prolongado com movimentos de pedalada e tende a evoluir para o óbito do animal em poucos dias.

Camila alerta ainda que, por se tratar de uma doença fatal, na maioria dos casos, a encefalomielite traz prejuízos econômicos aos criadores de cavalos, que podem vir a perder cavalos de alta performance, de lida e de lazer. “Nos raros casos que não provoca a morte, a doença deixa sequelas gravíssimas, como paralisia, convulsão e problemas comportamentais”..

Em humanos, a especialista informa que os sintomas mais recorrentes são febre, cefaleia, rigidez da nuca, letargia e conjuntivite e a evolução do quadro pode causar encefalite, uma inflamação no cérebro que pode causar danos permanentes, como paralisia, deficiência intelectual e epilepsia. “A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) mantém a enfermidade como uma doença de importância socioeconômica, principalmente pela sua gravidade e alta letalidade”, cita.

Características e tratamento

A médica-veterinária destaca ainda que a Encefalomielite Equina do Leste é a mais agressiva, com maior índice de mortalidade, presente em grande parte da região sudeste do Brasil e em alguns estados do norte, nordeste e centro-oeste.

“O tratamento das encefalites é, até o momento, apenas de suporte, baseado em fluidoterapia, corticoides e anti-inflamatórios. E por não existir um tratamento específico direcionado, a melhor estratégia para o combate das encefalites equinas é por meio da prevenção”, ensina.

Para concluir, ela observa que o controle dos mosquitos com uso de inseticidas e repelentes, mosqueteiros e higiene constante dos estábulos pode ajudar a reduzir a propagação dos vetores e vírus da encefalomielite equina. “A associação dos métodos de prevenção ajuda a diminuir drasticamente as infecções e probabilidade de epidemias entre animais e nos humanos”, arremata a especialista.

Com informações da Assessoria de comunicação Ceva Saúde Animal