*Edino Camoleze

HISTÓRICO. Criado oficialmente em 3 de jun de 1916 por ato do presidente Wilson e aprovação do Congresso Americano, o Serviço de Veterinária dos Estados Unidos – U.S. Army Veterinary Corps -, um dos mais poderosos e modernos do mundo, referência para as Américas, foi iniciado, oficiosamente no ano de 1776, quando o Gen. George Whashington ordenou a criação de um cargo de ferrador num Regimento de Cavalaria (AVMA).

Durante a Guerra de Secessão, conflito interno americano entre os Estados do Norte e Sul (1861-1865) as Ordens Gerais do Departamento de Guerra forneceram a cada regimento de cavalaria um médico veterinário, na patente de sargento-mor regimental, com salário de U$ 75, mensal. Em 1879, o Congresso aprovou uma resolução exigindo que todos os candidatos a cargos veterinários no Exército fossem graduados em uma faculdade de veterinária reconhecida. Na década de 1890, os veterinários estavam sendo solicitados para inspecionar carnes, aves e laticínios destinados aos postos de fronteira. Com uma sólida formação acadêmica em microbiologia, epidemiologia, patologia e saúde pública os veterinários sempre foram considerados ideais para a função de garantir a salubridade dos alimentos. (AVMA)

A Guerra Hispano Americana, conflito entre os Estados Unidos e a Espanha (1898) foi decisiva para a criação do Serviço de Veterinária do Exército pelo dantesco episódio da “carne bovina embalsamada”, consumo de carne deteriorada e contaminada, que vitimou milhares de vidas americanas e inativou um número ainda maior de soldados. Em 1917, quando os EEUU participavam da 1ª Guerra Mundial, já havia no Exército 57 veterinários trabalhando na clínica e cirurgia de equinos. Dezoito meses depois, o incipiente corpo cresceu para 2.313 oficiais. (AVMA)

Atualmente, o serviço de veterinária militar americano está presente no Exército, Marinha e Aeronáutica, principais Unidades Militares, atuando na prevenção de doenças humana e animal, inspeção de alimentos e água, vigilância em saúde e preparação e distribuição de ração operacional. Sendo um braço importante do Serviço de Saúde, atua em missões de Pesquisa e Desenvolvimento de Imunobiológicos, soros, vacinas e antitoxinas para prevenção e proteção humana e animal ((AVMA).

2. Participação na guerra, atentados e desastres ambientais.

2.1 Guerras.

Desde sua organização oficial em 1916, Lei de Defesa Nacional, a veterinária militar americana tem sido empregada nos principais conflitos bélicos, regulares e irregulares, em várias partes do planeta, em apoio logístico, técnico e operacional aos combatentes, nas áreas de saúde humana e animal, prevenção de doenças (zoonoses), vigilância em saúde, produção de imunobiológicos, inspeção de alimentos, ração operacional, análise química e bacteriológica da água, meio ambiente, etc. tornando-se indispensável no contexto operacional das Guerras.    

2.1.1 – Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Conflagração bélica que envolveu países da Europa: Tríplice Aliança (Alemanha-Áustria-Hungria-Itália), e a Tríplice Entente (Reino-Unido-França-Rússia), cuja força motriz era equinos e muares, que movimentavam às tropas e equipamentos militares; a Veterinária americana, com oficiais e praças formados e capacitados nas Escolas de treinamento: Fort Riley/Kansas, oficiais; Camp GreenLeaf, Georgia, para praças e Camp Lee, Virgínia, organização de suprimentos, materiais e medicamentos para uso animal (UVMA), atuaram com  oficiais e praças nas seguintes atividades: clínica e cirurgia de cavalos e mulas feridos em combate, nos hospitais móveis de campanha; prevenção do mormo, gripe e antraz equina; tratamento de queimaduras e intoxicações por gases venenosos; provisão segura de água e ração e tratamento de doenças de pele (sarna); queimadura pelo frio; e feridas provocadas pela sela, manqueiras e claudicações. (ZHEIT).

A missão militar veterinária franco-americana na 1ª GM muito contribuiu com a melhoria dos serviços de veterinária prestados nos cuidados da saúde animal, pelos sólidos conhecimentos de hipologia e hipiatria que os militares franceses adquiriram desde 1883 na Escola Militar Real de Alfort e nos Regimentos de Cavalaria Franceses. (MILHAUD,2003)

2.1.2 – Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Maior conflito bélico de todos os tempos com participação dos EEUU, englobando o Exército, Marinha, Aeronáutica e Fuzileiros Navais, foi uma Guerra nos continentes Europeu/Asiático entre as tropas Aliadas (Grã-Bretanha, EEUU e URSS) contra o Eixo (Alemanha-Itália-Japão) que se espalhou rapidamente e indiretamente por todo o mundo ocidental e oriental, causando 45 milhões de mortos, 35 milhões de feridos e três milhões de desaparecidos. (PEREIRA, L.). O corpo de veterinário americano constituído de militares (2.100) e civis convocados/comissionados (6 000 a 8 000) atuou num extenso Teatro de Operações: Palestina, Síria, África Oriental, Grécia, Itália e Birmânia, principalmente no Teatro (China-Birmânia-Índia) seja na linha de frente seja na zona administrativa, executando missões militares como: mobilização, treinamento e capacitação de pessoal,  clínica e cirurgia dos animais de campanha – cavalos, mulas, elefantes camelos, bois, cães, pombos – , provisão de víveres e forragens, inspeção de alimentos, carne e água, tratamento e eutanásia de animais feridos em combate, transporte de tropas equinas em navios (embarque/desembarque), defesa contra agentes químico, biológico e nuclear, suprimento de vacinas, medicamentos e materiais de uso veterinário ( SMITH,2013).

Em 1942, o efetivo de animais empregados na guerra era de 6 500 cavalos, 10 000 mulas e 1 700 camelos, usados na Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Intendência na movimentação da tropa, transporte de pessoal, materiais bélicos, víveres, munição e outras atividades militares.

Ainda em 1942, devido ao ataque de surpresa da Força Aérea Japonesa à base naval americana de Pearl Harbor/Havai, e uso de campos minados, minas terrestres, anticarro e antipessoal, causando milhares de ferimentos e mortes, nos campos de batalha, o Secretário de Guerra Henry L. Stimson autorizou a aquisição e treinamento do “Cão de Guerra” no Exército para atuar nas missões de: sentinela, patrulhamento, combate, mensageiro, cão de guarda e detecção de minas. (HAYRAN, A.)

Cerca de 20 000 cães das raças pastor alemão, doberman pinscher, pastor belga, collie, muskysiberiano e malamute serviram ao Exército, Guarda Costeira e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Eles guardavam postos e suprimentos, levavam mensagens e resgatavam pilotos abatidos. Cães de reconhecimento lideravam tropas através do território inimigo, expondo emboscadas e salvando vidas de pelotões de homens. No meio do combate, cães de guerra provaram sua inteligência, coragem e lealdade inabalável uma e outra vez. Foram importantíssimos na detecção de minas, depósitos de munição e na utilização de explosivos contra carros de combate. (LISA B. AUEL, 1996)

2.1.3 – Guerra do Vietnam. (1955-1975).

Guerra civil entre o Vietnã do Norte-URSS, Vietcong e Vietnã do Sul-EEUU, representando um confronto militar armado entre o capitalismo e o socialismo, durante a Guerra Fria, com teatro de operações que se propagou pelo Sudeste Asiático e atingiu o Laos e o Cambodja. Batalha que perdurou por 20 anos, com vitória dos norte-vietnamitas sobre os sul-vietnamitas, que custou 2 milhões de mortes de civis de ambos os lados (Vietnã do Sul e Vietnã do Norte). Além disso, 1.1 milhão de combatentes norte-vietnamitas morreram. Pelo lado dos Estados Unidos e aliados, estima-se que entre 200 e 250 mil soldados sul-vietnamitas e 58 mil norte-americanos morreram em combate. (BRITÂNICA)

Na mais longa e sangrenta guerra de guerrilha que os Estados Unidos tomaram parte, desde a 2ª Guerra Mundial, lutando num país estranho e longínquo, sem apoio unânime da sociedade americana, numa guerra totalmente diferente de uma guerra convencional, contra um inimigo traiçoeiro adaptado às condições adversas do terreno e usando de táticas e estratégias de guerrilha, o corpo de veterinários dos Estados Unidos atuou principalmente na clínica e cirurgia de cães de guerra, na inspeção de alimentos e água, prevenção de doenças humana e animal provenientes de animais e meio ambiente contaminado.

Integrante do suporte médico à Guerra, em todo o território do Vietnã, em apoio ao Exército, Aeronáutica e Corpos de Fuzileiros Navais, os hospitais e Laboratórios de Inspeção de Alimentos foram instalados nas principais bases aéreas de Da Nang, Bien Hoa e Pleiku, grandes instalações logísticas operacionais localizadas no Vietnã do Sul para onde eram evacuados os animais feridos e doentes, e inspecionados os alimentos para abastecimento da tropa (NED, SPURGEON, 1991 ).

Durante o período de (1955 – 1975) em que os EEUU tomaram parte, o Corpo de Veterinários, atuando em pequenos destacamentos, empregou cerca de 300 veterinários militares de várias graduações para desempenhar missões logísticas, técnicas e operacionais nos  aquartelamentos  e no campo, como: clínica e cirurgia de pequenos e grandes animais, inspeção de alimentos,  vigilância em saúde, pesquisa e estudos de doenças humana e animal, suprimento de víveres e forragens; entre as atividades mais solicitadas.

A guerra do Vietnã foi palco dos mais diferentes tipos de combate que ocorriam dia e noite em ambientes diversos e diferentes: a) no ar, a batalha de helicópteros para reconhecimentos de áreas, ataques aéreos, lançamentos de bombas, transporte de pessoal, armamento, víveres e munições etc., b) no solo, combate na selva, em pântanos e rios, subterrâneos (malhas), montanhas etc., sempre explorando os pontos fracos do inimigo e ataques de surpresa.

Nessa guerra temerosa e imprevisível, num cenário de combate onde tudo poderia acontecer, o emprego do cão de guerra, 4 900 pelo exército americano, nas missões de sentinela, patrulha, guarda de instalações, detector de minas e armadilhas, resgate de acidentados, batedores, rastreadores e localização de tropas inimigas, esse relevante trabalho desenvolvido pelos soldados caninos foram responsáveis por poupar 10 000 vidas de militares americanos durante a guerra. (WAR NEWS, 2023).

2.1.4 Guerra do Golfo. (1990 – 1991)

A Guerra do Golfo foi um conflito armado entre o Iraque e uma coalizão de 42 países liderada pelos Estados Unidos. A estratégia de Guerra de coalizão contra o Iraque foi realizada em duas fases principais: Operação Escudo do Deserto, que marcou a reunião militar da coalizão, de agosto de 1990 a janeiro de 1991; e Operação Tempestade no Deserto, que marcou o início da campanha de bombardeio aéreo contra o Iraque em 17 de janeiro de 1991 e terminou com a libertação do Kuwait liderada pelos americanos em 28 de fevereiro de 1991. (WIKIPEDIA)

A Guerra do Golfo se caracterizou pela ameaça do presidente do Iraque Saddam Hussein em utilizar armas químicas, biológicas e nucleares, armas de destruição em massa, contra as tropas de coalizão. A Casa Branca tinha informações oficiais que o Iraque possuía um arsenal de armas DQBN, assim discriminadas: Químicas – cloro, fenol, gás mostarda, agente VX, Sarin, Tabun, Ciclosarin etc.; Biológicas – Anthrax, toxina botulínica, aflatoxina etc.; Nuclear – Relatório da United Special Commission – UNSCOM, 2001, afirmou que o Iraque não possuía material físsil para produzir bomba e artefatos nucleares de guerra, mas possuía a planta física de todo o processo de fabricação.  (WHITEHOUSE.GOV).

Informado que o exército iraquiano poderia usar armas químicas e biológicas contra a Força de Coalizão, os Estados Unidos, na sua preparação militar, enviaram ao Iraque/Kuwait 118 equipes especializadas em inspeção de alimentos e cães de guerra para atuarem contra o terrorismo. Os inspetores de alimentos zelaram pela rigorosa qualidade dos alimentos e água consumidos pela tropa, além do monitoramento ambiental sobre agentes biológicos, zoonoses, que poderiam ser intencionamente empregados. Os cães das raças Pastor Alemão, Belga Malinois e Labrador, foram empregados para segurança das instalações, patrulhas terrestres, descoberta de campos minados, armamentos, drogas e explosivos ( FURSTENBERG, P. 2019 ).

2.1.5 – Atentado às Torres Gêmeas. (2001)

O assombroso, inusitado  e inimaginável atentado sofrido pelos Estados Unidos às Torres Gêmeas – World Trade Center -, maior centro comercial e financeiro do mundo, Nova York, também, ao mesmo tempo, o Pentágono, sede do Departamento de Defesa, na Virgínia e o Capitólio, sede do poder legislativo federal americano, em Washington, na manhã de 11 de setembro de 2001, mostrou ao mundo o maior e audacioso plano de ataque terrorista, de sua história, arquitetado pelo engenheiro Khalid Sheikh Mohammad, terrorista paquistanês, membro do Grupo fundamentalista islâmico internacional Al Qaeda liderada por Osama Bin Laden. (BBC, NEWS. 2021)

Os quatro aviões jumbos (dois Boeing 757 e dois Boeing 767), plenamente abastecidos com combustível, bombas voadoras incendiárias, usados nos atentados acarretaram a morte de 2 977 pessoas além de milhares de feridos, queimados e intoxicados pela fumaça (CNN, 2024).

Marco zero no atendimento de socorro a essa terrível tragédia terrorista, sem precedentes na história americana, e integrante da Agência de Segurança Nacional Americana – NSA, os veterinários do Exército e seus cães adestrados, junto com as demais forças de segurança, num total de 300 animais, atuaram na segurança, resgate e localização dos feridos e mortos soterrados nos escombros dos edifícios. (BOTELHO, A.J. 2004)

Ao lado de 10 000 socorristas, bombeiros, paramédicos e policiais, os cães de busca e resgate foram considerados heróis. Ao longo de 10 dias, por 12-16 horas de trabalhos contínuos, por dia, caninos e humanos trabalharam incansavelmente lado a lado em um esforço para procurar sobreviventes e restos humanos. Os cães, especializados, sem a maior parte de proteção que seus equivalentes humanos usavam, trabalharam incansavelmente dia após dia para encontrar vítimas. Eles escalaram pilhas de escombros quentes em meio a enormes nuvens de sujeira e detritos, e levaram seus corpos peludos ao limite (SMITH, S. 2022)

Sem a participação efetiva dos cães farejadores de busca e resgate, das várias instituições de Segurança dos Estados Unidos, seria praticamente impossível localizar e resgatar as centenas de corpos soterrados pelos escombros dos prédios destruídos na tragédia terrorista de 11 de setembro de 2001.

2.1.6 Guerra do Afeganistão. (2001 – 2020)

Também denominada 2ª Guerra do Afeganistão, foi um conflito armado entre os Estados Unidos e aliados (Aliados do Norte, França, Inglaterra e Canada) contra o regime fundamentalista nacionalista islamista Talibã, no Afeganistão, com objetivos de derrubar o governo, destruir o Al Qaeda e prender Osama Bin Laden, líder do grupo terrorista Al Qaeda, principal mentor do atentado terrorista às Torres Gêmeas, em 11 set de 2001.

Em outubro de 2001, quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, à revelia da ONU, declarando guerra ao governo do Talibã, que governava o país, em retaliação ao monstruoso atentado de setembro de 2001, a grande dificuldade bélica encontrada era combater os 21 grupos de milicias terroristas que formavam o Talibã e agiam espalhados no país, dentre os quais, o Al Qaeda, um dos mais fortes e atuantes fundado por Osama Bin Laden.

A grande vantagem estratégica dos EEUU, em solo afegão, foi a parceria firmada com o Grupo Aliados do Norte – Frente Unida Islâmica para a Salvação do Afeganistão -, que contribuiu com a maioria dos militares combatentes e inimigos do Talibã. Os Estados Unidos e a OTAN ofereceram apoio aéreo e logístico durante o longo conflito. (WIKIPEDIA, 2021)

Os dois objetivos iniciais, derrubar o governo Talibã e destruir o Grupo Al Qaeda, foram conseguidos pelos americanos e aliados em 7 de outubro de 2001, logo após a invasão do Afeganistão pelas tropas de Coalizão na operação “Liberdade Duradoura “, com a tomada de Cabul e instalação do novo governo interino multiétnico liderado por Hamid Karzai, conforme acordo de Bonn, patrocinado pela ONU, entre as facções afegãs, em 5 de dezembro de 2001. (WIKIPEDIA, 2021)

Faltando conquistar o terceiro e último objetivo, o mais importante dessa guerra, capturar Osama Bin Laden, os Estados Unidos utilizando informações da Agência de Central de Inteligência- CIA, e empregando as Forças Especiais do Exército Americano – U.S. Army Special Forces e da Marinha, Navy Seals, desencadeou a operação “Lança de Netuno“ em todo o território afegão para vasculhar e capturar Bin Laden, vivo ou morto.

O território do Afeganistão é muito irregular topograficamente apresentando: cordilheiras, montanhas, grutas, cavernas, vales, planícies, rios, desertos, florestas  etc., principalmente na fronteira do Paquistão, a maior do país, por onde os militantes do Talibã fogem quando perseguidos. Esses acidentes tornam a guerra convencional difícil, mas facilita a guerrilha que os utilizam como esconderijos, escudos e obstáculos aos ataques massivos dos agressores.

Para vencer essas dificuldades, as Forças Especiais americanas utilizaram o Destacamento Operacional Alpha 595, do 5º Grupo de Forças Especiais, uma equipe altamente operacional composta de 12 “Boinas Verdes“ montada  a cavalo, para patrulhar estradas nas planícies e desertos. (STANCY. D, 1991)

Da mesma forma e taticamente nas áreas montanhosas, cheias de grutas e cavernas, as tropas das Forças de Coalizão durante a longa guerra do Afeganistão, empregaram milhares de cães militares para detectar explosivos, drogas, armamento e rastrear o inimigo na selva e descobri-lo enfurnados  nas grutas e cavernas.

Nesse particular, destaca-se o trabalho espetacular do cão militar Cairo, pastor belga Malinois, pertencente as Forças Especiais da Marinha Americana, Navy Seals, e seu adestrador  Will Chesney, que participaram da operação especial do dia 02 de maio de 2011, na cidade Abbottabad, no Paquistão, e que resultou a morte de Osama Bin Laden.

A operação especial que matou Osama Bin Laden, o terrorista mais procurado da história militar dos Estados Unidos, aconteceu no 2 de maio de 2011. Chesney, um Seals, sentou-se no chão de um helicóptero Black Hawk com Cairo – usando um colete Kevlar e óculos de visão noturna – e partiram  com outros 11 Navy Seals em direção ao esconderijo de Bin Laden, em  Abbottabad. Outro Black Hawk voou  junto até  pousar dentro do complexo.

O helicóptero em que Chesney estava pousou perfeitamente pelo lado de fora. Ele e Cairo saltaram, e Chesney soltou Cairo para procurar bombas e túneis de fuga no perímetro da instalação, enquanto os SEALs invadiam o prédio. Depois de duas voltas, Cairo e Chesney entraram na casa principal. Juntos, eles limparam os dois primeiros andares rapidamente e estavam subindo para o terceiro quando outro SEAL passou por eles em seu caminho de cima para baixo, dizendo que a missão estava cumprida: Bin Laden estava morto. Cairo conteve a multidão do lado de fora afastada enquanto os SEALs pegavam todas as informações que podiam — documentos, computadores, fitas de vídeo e fotos — e então explodiram o Black Hawk em que estavam e se ausentaram do local. ( MAUREEN CALLAHAN, 2020)

The berets green – Soldados americanos de Forças Especiais em Patrulha para capturar Osama Bin Laden. Get the Coast, 2022. U.S. Army Courtesy Photo

2.1.7 Terremoto do Haiti (2010)

Um dos piores desastres ambientais (terremoto) que atingiu 7.0 graus de intensidade na escala Richter, que aconteceu na América Central, Haiti, em janeiro de 2010, destruindo o país, matando cerca de 300 mil pessoas, desabrigando 1.5 milhão e meio de outras, provocou um tenebroso caos social, econômico e ambiental. (EXAME,2020).

Atendendo ao apelo internacional do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, logo após o devastador episódio ocorrido, que conclamou os países membros da Organização para formar uma “Força de Coalização” de ajuda humanitária e reconstrução do Haiti, o corpo de veterinário do exército americano, através do 43º Destacamento Médico (Serviços Veterinários) em apoio à Operação Unified Response (Resposta Unificada), desde os primeiros momentos, esteve presente e tinha as seguintes atribuições: inspecionar rações humanitárias, avaliar fontes locais de suprimento de alimentos e água, conduzir programas em medicina veterinária preventiva, cuidar  dos animais  feridos, sepultar os mortos, realizar campanhas educativas de vigilância sanitária contra as zoonoses e vacinação contra a raiva.

Destaque especial, nesse assombroso desastre ambiental, foi o emprego de cães farejadores de busca para localizar corpos humanos, sobreviventes ou mortos, sob os escombros, principalmente na capital Porto Principe, quase totalmente destruída.

Trabalhando junto com a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), o Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW) que formaram a Força de Coalizão para ajuda aos Animais do Haiti (ARCH), o corpo de veterinários do Exército Americano, ajudou no atendimento a mais de 50.000 animais ( cavalos, bois, cães, gatos, cabras), vacinação contra zoonoses graves, raiva e doença de Newcastle, reconstrução de Laboratório e Hospital Veterinário e colocação de Clínica Veterinária Móvel. (AGRIMIDIA,2011)

3.0  U.S. ARMY MEDCoE que a veterinária militar faz parte.

Localizado na Base Conjunta San Antonio-Fort Sam Houston, (Texas) o Centro de Excelência Médica do qual a Veterinária Militar Americana  faz parte, tem o objetivo de desenvolver capacidades médicas, integrar a medicina e impulsionar a medicina militar para permitir que a Força Conjunta possa vencer as guerras dentro e fora do país. (MEDCoE. Army.Mil)  

Comemorando este ano 109 anos de existência (1916 -2025) o corpo de veterinário do Exército dos EEUU, é um braço forte do serviço de saúde, e tem atualmente as seguintes visão e missão:

3.1 – Visão.

Ser a principal força veterinária expedicionária do mundo, com posicionamento global, elevando a prontidão e a proteção dos combatentes por meio da execução incomparável de nossa missão dinâmica de Serviço Veterinário em toda a Força Conjunta. (MEDCoE.ARMY.MIL/AMEDD-VETERINARY)

3.2 –  Missão.

Cuidar de pessoas em todo o espectro de operações do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) por meio de proteção de saúde de força sustentada, suporte de serviços de saúde veterinária e pesquisa inovadora para permitir a prontidão e conservar a força de combate, ao mesmo tempo em que apoia famílias, animais e ambientes saudáveis.

3.3 – Pilares de sustentação do serviço.

Medicina animal, Saúde Única, Proteção do Alimento, Saúde Pública, Pesquisa Científica e Desenvolvimento e Compromisso com a Saúde Global.

* Edino Camoleze. Cel Vet Exército Brasileiro. Tecnologia de Alimentos. Zoogeografia da América do Sul. Jungle Expert, Manaus, AM. Acadêmico Titular da Academia Brasileira de Medicina Veterinária -ABRAMVET. Contato: edino0644@gmail.com
Foto de capa: Photo by Lance Cpl. Jenna Loofe. www.marines.mil