A avicultura de corte tem grande relevância econômica e social, uma vez que contribui para o abastecimento do mercado interno oferecendo proteína animal de baixo custo. O município de São José do Vale do Rio Preto é um dos maiores produtores de frangos de corte no estado do Rio de Janeiro

Com a retomada do crescimento econômico e com a evolução da criação para os sistemas intensivos de produção, o cenário da avicultura mundial, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, vem sofrendo profundas modificações (SILVEIRA et al., 2014). A avicultura se destaca como uma atividade de grande impacto para a solidificação do país como grande exportador de commodities agropecuários, contribuindo com saldos comerciais positivos para o agronegócio nacional (PALHARES; BRUM; MATTEI, 2009)

Consumo

O consumo de carne de frango está entre os mais elevados, uma vez que é a proteína animal de maior acessibilidade. No Brasil, o consumo per capita de carne de frango vem aumentando. De 1997 até 2000, o crescimento foi de 24,6%, onde o consumo passou de 24 kg de carne por habitante/ano para 29,91 kg de carne por habitante/ano. No ano de 2017, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) identificou que o consumo no referido ano foi de 42,07kg/per capita, maior consumo de registrado no Brasil.
O advento da avicultura se deu no período colonial, onde foram trazidos frangos para o Brasil por meio dos navios portugueses. A produção se intensificou na década de 40 e, desde então, vem crescendo, colocando o país em lugar de destaque no cenário mundial.

A Segunda Guerra

Durante a Segunda Guerra Mundial a avicultura teve grande desenvolvimento, uma vez que havia necessidade de enviar carne aos soldados que estavam na guerra. Por conta desta nova demanda surgiram pesquisas com o objetivo de conseguir novas linhagens de frango, fórmulas de rações e alimentos que atendessem às necessidades de nutrição das aves, além de formulação de novos medicamentos direcionados para a avicultura (CALIXTO; OLIVEIRA, 2012).

O grande impulso na década de 60 se deu com melhorias no setor de produção, como a aquisição de linhagens híbridas mais resistentes e produtivas vindas dos Estados Unidos, implantação de novas tecnologias, desenvolvimento de vacinas contra doenças, fortalecimento genético, enriquecimento das rações, proporcionando uma alimentação apropriada para o crescimento e desenvolvimento das aves (TEIXEIRA et al., 2011; CALIXTO; OLIVEIRA, 2012).

As parcerias

Da mesma forma, foram feitos investimentos na construção de instalações adequadas e foram firmadas parcerias entre os produtores e as indústrias, por meio de contratos de integração vertical, resultando na redução do custo da produção e do preço do produto, gerando maior oferta, consumo, produção da carne de frango e avanço do setor em diversos mercados internacionais (TEIXEIRA et al., 2011; CALIXTO; OLIVEIRA, 2012).

Dessa forma, foi possível atender à nova demanda do mercado interno que passou a aceitar de aves abatidas e prontas para consumo. Com isso, o número de empresas aumentou, principalmente na região Sudeste, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que também favoreceu a expansão da produção para os estados de Santa Catarina, Paraná (TEIXEIRA et al., 2011; CALIXTO; OLIVEIRA, 2012).

Tecnologia

A tecnologia propiciou melhorar significativamente os principais índices técnicos (conversão alimentar, velocidade de crescimento, produção de ovos e mortalidade das aves), o que está diretamente relacionado ao desenvolvimento das áreas de nutrição, manejo, sanidade e ambiência, e ainda à alta disponibilidade das principais matérias-primas alimentares das aves, particularmente, milho e soja (SILVEIRA, 2012; SILVEIRA et al., 2014).

A avicultura industrial nacional teve como berço o estado do Rio de Janeiro, que foi o maior produtor nacional de frangos até a década de 50. No entanto, não conseguiu acompanhar o expressivo crescimento do setor, contribuindo atualmente com 5% da produção nacional de frangos, fazendo com que grande parte do frango e dos ovos consumidos no estado tenha que vir de outras partes do país. Entre 1990 e 1995, o Rio de Janeiro importou 4,6% da produção nacional, com base num consumo estimado de 8% e uma produção de 3,4% da produção nacional de carne frango.

Neste contexto se encontra a cidade de São José do Vale do Rio Preto, que no período de 1950 a 1960, no auge da avicultura, foi considerado o maior centro avícola da América do Sul. Segundo a EMATER (2018), na cidade de São José do Vale do Rio Preto a capacidade do plantel de galináceos é de 3.000.000 aves, onde anualmente produz-se 15.000.000 aves, com peso médio de 2,25 kg, resultando na produção de 33.750 ton/ ano de frango vivo.

No passado, um frango necessitava de 70 dias para alcançar o peso de abate e apresentava conversão alimentar de 2 kg de ração para ganhar 1 kg de peso vivo. Atualmente, com 42 dias de idade, o frango alcança o peso de abate na conversão alimentar de 1,7 kg de ração para ganhar 1 kg de peso vivo (SILVEIRA, 2012; SILVEIRA et al., 2014).

A ambiência

Um dos fatores fundamentais para obter o máximo desempenho das aves é a ambiência, com temperaturas constantes, ventilação e umidade apropriadas para o estágio de desenvolvimento da ave (COBB, 2012).

Os sistemas de produção, de acordo com EMBRAPA (2010) podem se distinguir em: convencional, semiclimatizado, climatizado pressão positiva e climatizado pressão negativa, com necessidades energéticas e custos particulares a cada sistema. Em São José do Vale do Rio Preto, a predominância é de aviários convencionais e semiclimatizados.

O Município contabiliza aproximadamente 1200 (mil e duzentos) produtores rurais, o que representa 5% de sua população. No entanto, o agronegócio responde por 21% do PIB (produto interno bruto), seguido por arrecadação de impostos (9,2%) e indústria (5,8%). Estão presentes no Município 5 empresas integradoras que por meio de contrato garantem os animais a serem alojados, a ração, a assistência técnica veterinária e medicamentos, e em contrapartida, o produtor fornece a estrutura física do aviário, a água, a luz e a mão-de-obra. O Município conta também com 7 abatedouros com selos de Inspeção Estadual.

Apesar de sua vocação agrícola e avícola, as constantes mudanças no campo e nas relações de trabalho vêm fazendo com que os produtores de São José do Vale do Rio Preto se adequem ao novo cenário mundial.

As necessidades fisiológicas das aves demandam maior atenção no que diz respeito ao estresse térmico, às oscilações de temperatura, umidade e ventilação, fatores comprometem o desempenho da ave para expressar seu potencial genético.

Neste contexto, produtores e integradoras vêm buscando constantemente melhorar suas estruturas, adquirirem novos equipamentos com tecnologia para otimizar o trabalho do colaborador e gerar maior conforto e de forma mais rápida para as aves.

A educação

O investimento em educação também vem sendo notável, onde encontra-se no Município diversos jovens, filhos e filhas de produtores rurais e avicultores, buscando as universidades, o que em breve lançará profissionais qualificados no campo.

É possível perceber que o trabalho no campo só será viável e competitivo com aplicação da tecnologia. Inicialmente pode-se observar que a mão-de-obra já é um desafio consolidado no meio rural, pois as condições de trabalho dificultam a permanência dos jovens no campo, bem como inviabilizam a sucessão familiar. Ademais, a limitação dos recursos naturais, seja água ou insumos, faz com que novas estratégias sejam demandadas para que a produção seja mantida, uma vez que a escassez das chuvas aumenta a cada ano. Vale lembrar da grande quantidade de resíduos gerada na produção, o que requer o desenvolvimento de medidas sustentáveis para seu descarte e retorno ao meio ambiente.

Sendo assim, o incentivo à educação deve ser prioridade das lideranças e das famílias, a fim de que condições dignas de trabalho auxiliadas pela tecnologia e inovação possam ser observadas no campo. Essa tríplice hélice garantirá a diminuição do êxodo rural e permitirá que as aves possam ser recepcionadas em ambientes confortáveis, em consonância com o bem-estar animal, além de poderem manifestar todo seu potencial de crescimento e ganho de peso, gerando resultados competitivos e sustentáveis ao produtor.

REFERÊNCIAS

CALIXTO, L; OLIVEIRA, L. T. D. A avicultura como atividade satisfatória para pequenos produtores com o sistema integrado de produção em um município do norte do Paraná. 2012. 84f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) – Universidade Estadual do Norte do Paraná, Paraná, 2012.

COOB – Manual de Manejo de Frangos de Corte COBB. 2012. Disponível em: Acesso em: 20set 2019.

EMATER. Estimativa do número de produtores, rebanho, produção e valor da produção em pequenos e médios animais – Dados do ano de 2018. [comunicação pessoal]. 2019.

PALHARES, J. C. P. Uso da cama de frango na produção de biogás. Embrapa, Circular Técnica. Concórdia, SC. 2004. Disponível em: <http://pt.engormix.com/MAavicultura/administracao/artigos/uso-cama-frango-producao-t1104/124-p0.htm>. Acesso em: 30set. 2019.

SILVEIRA, M. A. Energia renovável: biogás e biodiesel. Monografia (Engenheira Agrônoma). Florianópolis. 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/100132/Mariane%20Abreu%20Silveira.pdf?sequence=1>. Acesso em: 21set. 2019

______, M. A.; KRETZER, S. G.; NAGAOKA, A. K.; ARROYO, N. A. R.; BAUER, F. C. Produção de biogás em biodigestores de tamanho reduzido abastecido com cama de aviário. Acta Tecnológica, v. 9, n. 2, p. 9-15, 2014.

TEIXEIRA, V. C. M.; BRANDÃO, M. D. M.; SANTOS, F. F.; ABREU, D. L. C.; ALMEIDA, J. F.; PEREIRA, V. L. A.; NASCIMENTO, E. R. Consumo, produção e potencial de desenvolvimento da avicultura de corte no estado do Rio de Janeiro. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 38. 2011, Florianópolis. Anais… SOVERGS: Porto Alegre, 2011. p.1-3.