Ave foi apelidada de Rebeca, em homenagem à ginasta brasileira que brilhou nos Jogos Olímpicos de Paris
No final de julho, os técnicos do Projeto de Monitoramento de Praias das Bacias de Campos e Espírito Santo (PMP-BC/ES), executado pelo Instituto Albatroz, encontraram na Praia Grande, em Arraial do Cabo (RJ), uma pardela-preta (Procellaria aequinoctialis), com uma anilha metálica de identificação do Muséum National d’Histoire Naturelle (Centre de Recherches sur la Biologie des Populations d’Oiseaux), na França. A ave foi apelidada de Rebeca, em homenagem à medalhista brasileira, encaminhada ao Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna Marinha do Instituto Albatroz, para avaliação e tratamento adequados, e devolvida ao oceano em 30 de agosto. Também na Região dos Lagos, o Instituto Albatroz executa o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e que conta com um Centro de Visitação e Educação Ambiental Marinha em Cabo Frio.
Ao chegar ao centro de reabilitação, a ave foi examinada pela equipe de médicos veterinários, que constataram sinais de exaustão, como corpo magro, com mucosas pálidas e uma grande carga de ectoparasitas. “Tais sinais são indicativos de desgaste físico severo e possíveis complicações parasitárias, comuns em aves migratórias que enfrentam longas jornadas e estão expostas a diferentes ambientes e estressores ecológicos”, explica Daphne Wrobel, veterinária do Instituto Albatroz.
Durante o período de reabilitação, Rebeca passou por uma série de exames hematológicos, bioquímicos e radiográficos. Após a obtenção de resultados negativos para influenza aviária, doença considerada uma emergência zoossanitária pelo Ministério da Agricultura, o animal foi transferido para um recinto externo com acesso a água salgada, para a melhoria da impermeabilização de suas penas. “Foi administrada suplementação vitamínica e oferecida uma dieta composta por peixes, lulas e camarões para promover o ganho de peso adequado”, destacou a veterinária.
Finalmente, em 30 de agosto, Rebeca foi examinada e liberada para a soltura. Os técnicos escolheram fazer a liberação da ave em Araruama, em uma praia próxima ao CRD do Instituto Albatroz, com a presença especial da coordenadora geral do Projeto Albatroz, Tatiana Neves, e da secretária executiva do Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), Christine Bogle.
Cruzamento do Oceano Atlântico
De acordo com os registros da anilha analisados pelos veterinários, a pardela-preta foi anilhada ainda jovem, em abril deste ano, na ilha Haute, pertencente ao arquipélago de Kerguelen, nas Terras Austrais e Antárticas Francesas (69°56’02″E/43°23’09″S).
“Isso demonstra a capacidade dessas aves de percorrer longas distâncias. A anilha DZ29400, vinculada ao museu francês indica que esta ave tem uma conexão direta com programas de pesquisa e conservação europeus, enfatizando a importância internacional da conservação dos albatrozes e petréis”, explicou Tatiana Neves, responsável por soltar a ave em direção ao oceano.
As pardelas-pretas (Procellaria aequinoctialis) são aves marinhas pertencentes à família Procellariidae. Elas são reconhecidas por sua coloração preta uniforme e bico robusto, amarelado com contorno escuro. O comportamento social dessas aves geralmente envolve formação de grandes colônias durante a época de reprodução, enquanto em mar aberto tendem a ser mais solitárias ou vistas em pequenos grupos. Esta espécie exibe uma dieta oportunista, ou seja, alimentando-se de peixes, cefalópodes e crustáceos, além de aproveitar o descarte de embarcações pesqueiras. Seus hábitos alimentares são majoritariamente noturnos, permitindo-lhes evitar predadores e minimizando a competição com outras espécies de aves marinhas.
Sobre o Projeto de Monitoramento de Praias
O Instituto Albatroz executa o Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) da Petrobras em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, somando 25 praias espalhadas por 54 quilômetros de litoral. O monitoramento é feito diariamente a pé e em quadriciclos por técnicos e monitores, responsáveis por relatar e resgatar a fauna marinha que chega à região, fazendo o transporte até o centro de reabilitação.
O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
O Instituto Albatroz também realiza o Projeto Albatroz, que tem patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e conta com um Centro de Visitação e Educação Ambiental Marinha em Cabo Frio.
Telefone de contato para acionamento do PMP-BC/ES na Região dos Lagos: 0800 991 4800.
Sobre o Projeto Albatroz
Reduzir a captura incidental de albatrozes e petréis é a principal missão do Projeto Albatroz, que tem o patrocínio da Petrobras desde 2006. O Projeto, nascido em Santos (SP), no ano de 1990, é coordenado pelo Instituto Albatroz – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que trabalha em parceria com o poder público, instituições de ensino, empresas pesqueiras e pescadores, desenvolvendo pesquisas científicas para subsidiar políticas públicas e a promoção de ações de Educação Ambiental junto aos pescadores, jovens e às escolas. O resultado deste esforço tem se traduzido na formulação de medidas que protegem as aves, na sensibilização da sociedade quanto à importância da conservação dos albatrozes e petréis para o equilíbrio do meio ambiente marinho e no apoio dos pescadores ao uso de medidas para reduzir a captura dessas aves no Brasil.
Atualmente, o Projeto Albatroz mantém bases de pesquisa em quatro estados brasileiros e, em 2023, inaugurou seu primeiro Centro de Visitação e Educação Ambiental Marinha em Cabo Frio (RJ), com exposições, trilhas autoguiadas, ponto para observação de aves e realização de atividades de educação ambiental em uma das regiões com maior ocorrência de albatrozes e petréis da costa brasileira. O Instituto Albatroz, que realiza o Projeto Albatroz, também executa o Programa de Monitoramento de Praias (PMP) em um trecho de 54km, em diversas praias das cidades de Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios, na Região dos Lagos.
O Projeto Albatroz estima que cerca de 300 mil aves marinhas sejam capturadas incidentalmente pela pesca de espinhel todos os anos no mundo, sendo 100 mil albatrozes e petréis. Para diminuir esse número, a instituição participa ativamente de órgãos e planos nacionais e internacionais como o Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), Plano Nacional de Conservação de Albatrozes e Petréis (PLANACAP), Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT), entre outros, compartilhando pesquisas e desenvolvendo estratégias de conservação.