Por Suellen Adriani Andrade de Paula – Discente do curso de Medicina Veterinária da UFRRJ
Sob a supervisão do Prof. Clayton Bernardinelli Gitti – Docente do Curso de Medicina Veterinária da UFRRJ

Introdução

A pitiose equina é uma doença fúngica causada pelo oomiceto Pythium insidiosum, e é reconhecida por sua capacidade de infectar tecidos de equinos, resultando em lesões debilitantes e, por vezes, fatais. Como destacado por Mendoza et al. (2018), embora essa enfermidade seja relativamente rara, ela representa uma preocupação significativa para proprietários de cavalos e profissionais da área veterinária devido à sua complexidade diagnóstica e aos desafios no tratamento. Dessa forma, analisaremos os impactos da pitiose nos equinos, desde suas manifestações clínicas até suas implicações na saúde e possíveis formas de tratamento.

Áreas de risco

A ocorrência da doença está relacionada a regiões tropicais e subtropicais que estão sujeitas a inundações sazonais, logo, o Brasil é um dos enfoques da pitiose. Autores como Tomich et al. (2010) destacam a prevalência dessa enfermidade em regiões como o Pantanal e a Amazônia, onde as condições ambientais favoráveis promovem a proliferação do agente causador. Os equinos se infectam ao entrar em contato com água contaminada que contém os esporos do Pythium insidiosum.

Afecções e prejuízos

Esta micose pode afetar os equinos de várias maneiras, mas as lesões cutâneas são as manifestações mais comuns e preocupantes. De acordo com estudos realizados por Silva et al. (2019), as feridas causadas pela pitiose são frequentemente descritas como granulomatosas, úmidas e de difícil cicatrização. Além disso, Santos et al. (2011) observam que essas lesões têm uma tendência a se desenvolver em áreas do corpo que entram em contato com água contaminada, como membros inferiores e ventre dos equinos. Inicialmente, essas feridas podem parecer inofensivas, porém, conforme a evolução, tornam-se mais ulceradas e extensas, acarretando desconforto e comprometimento da mobilidade do animal. Em estágios avançados da enfermidade, as lesões podem se alastrar para outras regiões do corpo, como as mucosas do trato gastrointestinal e respiratório. Dessa forma pode desencadear complicações sérias, como: dificuldade na deglutição, tosse persistente e dificuldades respiratórias, como enfatizado por Santos et al. (2011). Além disso, a dor associada às feridas e as consequentes limitações de movimento podem culminar em perda de peso, letargia e redução no desempenho físico dos animais, conforme salientado por Mendoza et al. (2018). Assim sendo, Tomich et al. (2010) evidenciam um impacto econômico negativo, resultando em prejuízos significativos para o agronegócio equino que são atribuídas aos edemas perilesionais discretos, ao desenvolvimento de tecido de granulação extenso e à claudicação, além dos custos associados ao tratamento e ao prognóstico negativo da lesão, podendo levar à acentuada deterioração física e morte entre três e sete meses após o início dos sintomas.

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Tratamento

Atualmente, o tratamento da pitiose equina permanece desafiador devido à falta de terapias antifúngicas eficazes contra o Pythium insidiosum. No entanto, uma nova abordagem terapêutica está emergindo com a vacina “Pitium-Vac”, desenvolvida para prevenir e tratar a pitiose em equinos. Essa vacina, conforme mencionado por Tomich et al. (2010), representa um avanço significativo na medicina veterinária, oferecendo uma forma promissora de proteção e tratamento contra esta enfermidade.

Conclusão

Fica evidente, portanto, que a pitiose equina emerge como uma patologia grave, impondo uma ameaça considerável à saúde e ao bem-estar dos cavalos. As lesões cutâneas distintivas e as complicações sistêmicas associadas não apenas causam dor e sofrimento, mas também comprometem significativamente a qualidade de vida dos animais afetados. Diante disso, é imprescindível que proprietários de equinos e profissionais da medicina veterinária estejam plenamente conscientes dos sinais e sintomas da pitiose, permitindo a implementação precoce de medidas preventivas e terapêuticas adequadas. Ademais, a continuidade da pesquisa, como ressaltado por Tomich et al. (2010), é crucial para aprimorar o manejo e o prognóstico dessa enfermidade complexa, bem como para desenvolver novas estratégias de diagnóstico e tratamento, contribuindo assim, para mitigar os impactos devastadores da pitiose equina.

Referências

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Mendoza L, Newton J. Immonology and immunotherapy of the infections caused by Pythium insidiosum. Medical Mycology 2005; 43: 477 – 486

Tomich T, Moraes A, Juliano R, Pinto de Abreu U, Rachel R, Santurio J. Impacto Econômico Decorrente do Controle da Pitiose Equina Empregandose o Imunoterápico PITIUM-VAC. Corumbá, 2010. 5° Simposio sobre recursos naturais e socioeconómicos do pantanal. (Data de acesso em: 18 de Maio. 2024). Disponivel em: <http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/868725/1/sp17273.pdf

Santos C, Marques L, Zanette R, Jesus F, Santurio J. Does Immunotherapy Protect Equines from Reinfection by the Oomycete Pythium insidiosum?. Clinic. Vacc. Immunol 2011c ; 18(8): 1397–1399.

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Silva T, Neto E, Medeiros J, Melo D, Dantas A. Pitiose cutânea em ruminantes. Vet. Zootec 2011; 18(4 Supl. 3): 871 – 874.

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