Expectativa de vida sobe 50% no Brasil

Eles correm pelo quintal, brincam como filhotes e ainda sobem no sofá sem cerimônia, mesmo quando considerados idosos pelos veterinários. Recebem medicamentos personalizados, passam por exames sofisticados e se alimentam de dietas prescritas por especialistas. A cena parece corriqueira, mas revela um fenômeno que cresce ano após ano: os pets estão vivendo mais e melhor. Com quase 150 milhões de pets, o Brasil ocupa o 3º lugar no ranking mundial de animais de estimação. Segundo o Instituto Pet Brasil, 80% dos lares brasileiros têm ao menos um cão ou gato

Segundo estudos recentes, cães e gatos vivem hoje, em média, 50% mais do que há duas décadas. Uma transformação silenciosa, mas profunda, que não tem apenas a ver com o afeto dos tutores ou com rações premium. O que está por trás da nova longevidade animal é um salto na medicina veterinária, com hospitais modernos, diagnóstico de precisão e um novo olhar sobre o papel dos profissionais da área.

“O que está acontecendo é uma evolução na medicina veterinária. Não porque tratamos os pets como humanos, mas porque aplicamos a ciência e a tecnologia com a mesma seriedade e rigor técnico”, explica o médico veterinário e diretor do Hospital Veterinário MeBi – Médicos de Bichos, Eros Luiz de Sousa

Segundo o especialista, cães de pequeno porte, que viviam cerca de 13 anos, agora alcançam entre 16 e 18 anos; os de médio e grande porte alcançam, respectivamente, 13 e 10 anos, enquanto antes a expectativa era menor, ficando em torno de 10 e 7 anos; e gatos, que antes viviam em média 15 anos, com os cuidados certos hoje ultrapassam os 20 anos.

“Com a popularização do conceito de pet como “membro da família”, veio também a exigência por um cuidado mais técnico, mais especializado e mais sensível. Uma demanda que provocou um salto impressionante na estrutura e na qualificação da medicina veterinária”, complementa.

Ele explica que a nova medicina pet também mergulhou no mundo invisível: o dos micro-organismos que vivem no trato gastrointestinal. O microbioma, antes um fator pouco considerado, agora é tratado como peça-chave da saúde física, imunológica e até comportamental dos pets.

“O intestino é o grande orquestrador. Quando o microbioma está equilibrado, o corpo responde melhor a doenças, inflamações e até ao estresse. Estamos falando de tratamentos com probióticos, dietas específicas, reposição bacteriana e até mesmo transplante fecal. Uma nova fronteira da medicina”, destaca o diretor.

Evolução, tecnologia e mão de obra especializada

Conforme observa o profissional, com diagnóstico de precisão, o que os olhos não veem, a ciência revela. Assim, a medicina veterinária deixou de ser empírica. Hoje, o diagnóstico é feito com base em tomografias computadorizadas, ressonância magnética, ultrassom de alta resolução, ecocardiografia, exames moleculares e genéticos. Nada é por tentativa e erro. Tudo é medido, confirmado e acompanhado.

Divulgação. Clínica MeBi

“Identificamos doenças silenciosas antes que o animal demonstre dor ou desconforto. Isso aumenta radicalmente as chances de tratamento, reduz o sofrimento e melhora a expectativa de vida”, relata Sousa.

Para ele, o avanço da medicina veterinária não está apenas nos recursos, mas também na formação dos profissionais. “Com a evolução dos profissionais, especialistas em oncologia, anestesiologia, neurologia, gastroenterologia, entre outras áreas, o conhecimento ficou mais profundo e o cuidado, mais completo”, afirma o veterinário.

O especialista acrescenta ainda que, se antes os veterinários eram vistos apenas como profissionais que aplicavam vacinas ou faziam procedimentos, hoje são agentes essenciais de qualidade de vida e longevidade.

“A longevidade dos pets é reflexo direto da evolução da nossa área. Isso só foi possível com investimento, formação continuada e uma visão moderna sobre saúde animal. Hoje, não tratamos apenas doenças. Prevenimos, acompanhamos, acolhemos. E damos qualidade de vida”, resume.

Por André Casagrande
Com informações da assessoria de comunicação do MeBi