O Gir já produziu a melhor carcaça do País, que em dado momento histórico, foi levado a optar pela produção de leite e então a seleção para carne entrou em declínio. Essa decisão foi tão firme que hoje boa parte dos criadores divulga que o Gir é apenas leiteiro: um equívoco diante da potencialidade da raça também para a produção de carne.

Vários países, incluindo os Estados Unidos, utilizam o Gir para melhorar a produção de carne. Uma simples análise da carcaça do Gir deixa claro que o rendimento por peça de carne é lucrativo: é raça corpulenta, ultraconvexa, com formidáveis posteriores. Tudo isso em um corpo do tamanho adequado. O que falta, então, para o Gir como produtor também de carne?

Dupla aptidão

O problema é que a raça não pode ser comparada com as raças especializadas para corte, pois sendo de dupla aptidão apresenta uma menor velocidade no ganho de peso.

Existem três possibilidades de exploração da carne do Gir em prática na moderna pecuária e que passam despercebidas, mas são bastante importantes:

1. Carne originária dos currais leiteiros.

2. Carne dos cruzamentos específicos – Quando chegar o momento de incrementar o rendimento da carne de primeira na produção moderna, o Gir entrará nos programas de cruzamento das propriedades brasileiras que praticam alta tecnologia.

3. A brahmanização na produção de carne – Os norte-americanos já aprenderam essa verdade há muito tempo. Em meados da década de 70, cerca de 50% dos criatórios da raça Brahman, nos Estados Unidos, já selecionavam a coloração vermelha, pela infusão de sêmen da raça Gir.

O Brahman vermelho é uma realidade em todo o mundo, o refrescamento é feito constantemente com sêmen do Gir. A introdução do Brahman, no Brasil, deixou aberta uma imensa porteira para o Gir, no futuro, a influência direta na produção de carne, tanto quanto em outros países. Cabe aos criadores de Gir, portanto, irem especializando linhagens para o corte, para atender à solicitação que não tardará a surgir, pois cerca de 70 países no mundo já utilizam o Brahman vermelho, com certa in uência do Gir. Não será diferente no Brasil.

Mercado

As regiões mais ensolaradas do Brasil, ou seja, aquelas com mais de 3.000 horas de sol por ano, passarão a adotar o gado avermelhado. O Gir não  cará do lado de fora, da maratona para aumento da produção e produtividade de carne no mundo tropical, pois este é um produto muito mais valioso, em dinheiro, do que o mercado de leite.

Na pecuária tropical, os genes vitoriosos estão visíveis: o Zebu sobreviveu a toda sorte de desastres e incúria, enquanto todas as raças europeias sucumbiram. Está evoluindo o império do Zebu na pecuária dos trópicos, para atender a essa crescente demanda mundial de carne bovina. Espalhando-se a partir do Brasil, o Zebu irá dominar toda a região tropical do planeta como fornecedor de carne e leite em abundância.

Cabe aos giristas entrarem na corrida pela carne de primeira, com o nome Gir, ou deixarem que outros o façam com o nome Brahman.

Testes

As entidades de criadores precisam levar adiante, aceleradamente, testes de progênie adequados, somando os atributos de leite e de carne, simultaneamente. A medição que somente leva em conta o leite permite equívocos e a que somente considera a carne, também. É preciso avaliar o Gir com uma balança que pese os dois rendimentos, aí sim, esta raça poderá ser comparada com qualquer outra e, não raramente, será a vencedora.

Afinal, a raça não estaria presente em 82,3% das propriedades brasileiras se o seu rendimento estivesse atribuído só ao leite ou só à carne. “Ela é vitoriosa nas propriedades justamente por ser avaliada em todos seus atributos rentáveis ao mesmo tempo”, como afirma o especialista Rinaldo dos Santos.

Fotos Gado Gir: Do Marco Maia. www.domarcomaia.com