A bovinocultura apresenta grande importância econômica para o país, visto que o Brasil está entre os maiores produtores de leite e exportadores de carne do mundo. Entretanto, as infestações por carrapatos representam um grande desafio para a atividade afetando a saúde, capacidade produtiva e bem-estar dos rebanhos.

O problema tem se agravado devido à resistência desenvolvida aos carrapaticidas presentes no mercado, tornando-os cada vez menos eficientes nas propriedades. Segundo a pesquisadora Luciana Gatto Brito, “falhas no controle do carrapato dos bovinos decorrentes da resistência às bases carrapaticidas, têm sido cada vez mais comuns nas principais regiões pecuárias do país”.

Os carrapatos se alimentam do sangue dos bovinos, podendo transmitir diversas doenças, como a babesiose e a anaplasmose, assim, o controle é essencial para proteção dos animais e aumento da produtividade. A principal estratégia utilizada é o controle químico, justamente o que está comprometido na maioria das regiões do país devido ao uso incorreto e indiscriminado desses produtos. Como consequência dessa resistência podemos citar o aumento dos custos com medicamentos e tratamentos e uma maior incidência de doenças transmitidas pelos carrapatos, levando a diversos déficits no rebanho, como a perda de peso, queda na produtividade e aumento da mortalidade.

Algumas medidas podem ser adotadas para evitar e diminuir os desafios relacionados à resistência; o manejo integrado de pragas tem sido uma abordagem eficaz cuja estratégia, consiste na combinação de vários métodos de controle, como: alternar os produtos químicos, utilizá-los de maneira correta e no tempo correto; controle biológico, usando ameaças naturais dos carrapatos; manejo de pastagens, como o pastejo rotacionado e finalmente, identificar o mais rápido possível infestações de carrapatos. Além disso, pode-se realizar o biocarrapaticidograma, um teste de baixo custo, que verifica a eficiência das bases dos carrapaticidas nos carrapatos coletados, permitindo uma seleção assertiva do método de controle a ser utilizado, evitando gastos desnecessários com produtos que não irão funcionar; a educação e capacitação dos produtores também é essencial para diminuir esse problema e manter práticas de manejo eficazes.

A resistência é um problema complexo que requer uma abordagem com várias vertentes para ser solucionado. A resolução dessa questão é crucial para a produção de boa qualidade, além de evitar o prejuízo econômico.

Referências:

BRITO, L. G.; et al. Diagnóstico de resistência às bases carrapaticidas em populações do carrapato dos bovinos. Resistência e Controle do Carrapato-do-boi, p.5, 2015.

CAMPOS PEREIRA, M.; LABRUNA, M. B.; SZABÓ, M. P. J.; KLAFKE, G. M. Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Biologia, Controle e Resistência. MedVet Livros, 2008. 169 p.

PICANÇO, M. C. Manejo integrado de pragas. Viçosa, MG: UFV, 2010.

VERÍSSIMO, C. J.; KAITIKI, L. M. Alternativas de controle do carrapato-do-boi na pecuária leiteira.  Resistência e Controle do Carrapato-do-boi, p.76, 2015.

 

Autores: Ana Clara Aguiar e Mylena Santana – Discentes da Liga de Bovinos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Supervisionado por Prof. Ana Paula Lopes Marques – Docente do Curso de Medicina Veterinária da UFRRJ.
Foto: FREESTOCKPHOTOS.BIZ