Isso quer dizer que existe uma relação estreita entre as medicinas humana, veterinária e ambiental.

Por que ambiental? Porque muitas doenças transmissíveis para o homem e para os animais têm origem no meio ambiente.

As doenças dos animais são as Zooses. As doenças comuns aos homens e aos animais são chamadas de Zoonoses.

As zoonoses

Elas são originárias de cerca de 58 tipos de vírus e de números variáveis de espécies de bactérias, de fungos, de helmintos e de outros organismos.

A pergunta que cabe é: a quem compete estudar essas zoonoses e as suas conseqüências?  O leitor sabe a resposta: dependendo de cada caso, de cada circunstância, caberá à ciência médica, à ciência veterinária, e à ciência ambiental.

Para dar uma ideia da dimensão e da complexidade do problema: o tratado sob o título “ZOONOSIS y enfermedades transmissibles comunes al hombre y a los animales”, editado pela Organization Panamericana de La Salud, de autoria de Pedro N. Acha e Boris Szyfres, em sua segunda edição, tem 889 páginas.

Como tudo começou

Foi com um genial pesquisador que os alunos de Veterinária conhecem, ao menos de nome; Rudol Virchow, considerado “O Pai da Patologia Moderna”, em cujo tratado, esse que vos fala estudou nos velhos e admiráveis tempos, das décadas de 1950 e de 1970 da Universidade Rural do Brasil, conhecida como km 47.

Foi o mestre Virchow quem desenvolveu a teoria de que as doenças resultam das alterações das células, as unidades da vida. Os trabalhos desse político e médico alemão sobre teoria celular permanecem atuais.

A ideia básica

Esse conceito, que os intelectuais gostam de chamar de One Health, ao contrário do que muitos pensam, não é novo. Ele data de 1821, com o já citado Virchow, quando ele percebeu a existência de doenças comuns ao homem e aos animais.

Mas a “Tríade” Medicina Humana – Medicina Veterinária – Medicina Ambiental vem ganhando importância crescente, pela consciência de que a modificação do meio ambiente responde pela “invasão” de diferentes agentes patológicos, com destaque para os vírus desconhecidos e que apresentam uma dificuldade extra, que é o fato de serem dificilmente controlados pelas vacinas por serem muito mutáveis. Daí a recomendação das revacinações.

O quarteto

À Tríade Medicina Humana – Medicina Veterinária – Medicina Ambiental, modernamente, é importante acrescentar a Zootecnia, formando, portanto, um Quarteto.

A razão da formação desse Quarteto é lógica e simples. É que como profissionais responsáveis pelo manejo dos animais, entre outras atividades, cabe a eles, parte importante do controle das doenças, na base.

A conclusão

A conclusão lógica é que, para a preservação da saúde humana – a saúde dos animais e a saúde do meio ambiente, o Quarteto Medicina Humana – Medicina Veterinária – Medicina Ambiental, e Zootecnia, precisa trabalhar junto, de forma cooperativa, entrosada, complementar. E lutar para evitar ou ao menos reduzir a degradação do meio ambiente, que já chegou ao nível de onças, macacos, e outro animais invadirem residências, em busca dos alimentos que lhes falta na natureza.

Por Luiz Octavio Pires Leal, registrado no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, sob o No.JP 1-1926; Criador e Editor Responsável pelo site da SNA: animalbusiness.com.br; Membro Emérito da Academia Brasileira de Medicina Veterinária; CRMV-RJ 608.
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