Produção focada na precocidade e fertilidade é o diferencial da marca CV, criatório prestes a completar 35 anos de contribuição à pecuária

Plantel escolhido a dedo. Esse é o segredo do sucesso da Marca CV que, prestes a completar 35 anos de trabalhos focados na melhoria da qualidade dos produtos da pecuária nacional, vem se consolidando ano a ano como a maior vendedora de Nelore Mocho do Brasil.

Segundo dados da Revista AG Rural, a marca figura entre os 10 maiores vendedores de touros zebuínos do Brasil. Além de subir da oitava para a sexta posição no Top 100 – Zebuínos 2019, projeto promovido pela publicação em conjunto com a consultoria Brasil com Z, a seleção de Carlos Viacava lidera a lista de vendas da variedade mocha, com 738 animais comercializados em 2018.

O levantamento apurou o desempenho dos 100 maiores vendedores de touros na temporada. Dos 19.937 animais comercializados em 2018, a raça Nelore foi responsável por 16,4 mil exemplares, sendo 1,8 mil da variedade mocha, da qual a marca CV responde por 41% das vendas.

“Iniciamos nosso plantel em novembro de 1986 com a aquisição de 50 fêmeas OB, escolhidas com todo cuidado por nosso amigo e grande incentivador, Ovídio Carlos de Brito”, lembra Carlos Viacava, titular do criatório e que empresta suas inicias à marca. O selecionador comenta que, desde pequeno, sempre teve suas origens ligadas ao campo, começando, numa chácara em Paulínia (SP), adquirida por seu pai, um imigrante italiano, na criação porcos. “Depois, com a aquisição da Fazenda São José, também em Paulínia, plantando laranja e café e criando Nelore Mocho a partir de 1986, por indução do amigo Ovidio Carlos Brito”, lembra.

Nelore Mocho CV. Foto: Divulgação

Segundo Viacava, o objetivo na seleção do Nelore, especialmente do Nelore Mocho, foi a busca da fertilidade, característica indispensável a uma pecuária de resultados. “Concentramos nossos esforços para produzir animais férteis e precoces, com boa habilidade maternal para garantir a desmama de bezerros mais pesados, capazes de encurtar o ciclo da pecuária, permitindo a produção de carne de excelente qualidade”, destaca.

Para atingir os resultados atuais, o criador explica que, desde o início, todos os trabalhos foram baseados em orientação técnica e científica, com visitas de especialistas renomados e a contribuição de entidades do segmento. No início das atividades, ele relata que recebeu a visita do professor Randal Grooms, da Universidade do Texas. Em seguida, associou-se ao recém-criado Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), desenvolvido pelo Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, conhecido à época como Programa da USP, “Recebemos o número de fazenda 07, a sétima a ingressar no programa que hoje conta com mais de 400 participantes”, observa Viacava ao citar o programa conduzido pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), presidida pelo professor Raysildo Barbosa Lôbo.

Na sequência, o processo de expansão se deu com a aquisição da Fazenda Campina, em Presidente Venceslau (SP), e da Fazenda Santa Gina, em Presidente Epitácio (SP), aumentando o rebanho. Segundo o empresário, o passo seguinte foi plantio de soja (há sete anos), dando início ao programa de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

“Começamos com implementos para a soja, além dos recursos técnicos, como participação no Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore da ANCP, e apoio da Embrapa. No início eram 13 hectares e, gradualmente, chegamos a 4.500 hectares. Para que isso fosse possível, recorremos a recursos financeiros, custeio agrícola e Finame para a aquisição de máquinas para a ILPF”, informa. Atualmente, o criatório conta com um plantel de 2.500 matrizes puras da raça Nelore, incluindo as bezerras de 10 a 14 meses que entram no desafio da precocidade sexaul, e uma produção de 800 touros e 800 matrizes, 70 mil sacas de soja e abate de 1.000 cabeças por anos de gado comercial.

Nelore Mocho CV em sistema IPLF. Foto: Divulgação

Metodologia

O selecionador explica que os esforços estão concentrados na produção de animais férteis e precoces, com boa habilidade maternal, para garantir a desmama de bezerros mais pesados, e que possam encurtar o ciclo da pecuária permitindo a produção de carne de excelente qualidade. “Resumindo, buscamos a pecuária de resultados através da genética voltada para a produção de carne”, sintetiza.

O criatório busca colocar anualmente no mercado cerca de 800 touros e 400 matrizes com garantia de fertilidade e precocidade. O rebanho CV continua apresentando nas fazendas ganhos genéticos importantes para as características de fertilidade, precocidade, ganho de peso e habilidade maternal desde o ingresso no programa até os dias atuais. “Os dados atualizados evidenciam resultados positivos decorrentes da pressão de seleção, centrada na escolha de touros bem avaliados e no descarte de fêmeas que não alcançam os índices desejados”, comenta Viacava.

Equipe

Para administrar os negócios, Viacava conta com a expertise do filho Ricardo Viacava, profissional formado em administração de empresas, uma equipe formada por um zootecnista e um gerente de fazendas, além de um escritório de contabilidade e advogados nos campos tributário, ambiental, trabalhista, entre outros. “É preciso ter um time de ponta para conseguir prosperar nessas atividades, pois existem vários percalços no caminho. O mais difícil são as legislações trabalhista e ambiental. Muita burocracia e dificuldades, causando muitas despesas com técnicos ambientais e advogados”, lamenta.

O empresário destaca também que é preciso investir em conhecimento, não só de mercado, mas do segmento como um todo, pois isso permite tomar decisões mais assertivas e, consequentemente, atingir os resultados desejados. “Nada como a experiência que se adquire apanhando bastante. Faria tudo parecido sem tanta ênfase para o gado puro e mais ênfase para a pecuária comercial, principalmente depois de trilhar os caminhos da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta”, avalia.

Carlos Viacava e seu Filho Ricardo Viacava. Foto: Divulgação

Dica

De acordo com o empresário, ficar atento e saber com o que está lidando é uma das bases fundamentais para se obter sucesso nesses segmentos e contar com assessorias especializadas é uma forma de conseguir um desenvolvimento sustentável das atividades. “No café tive boa assessoria do Instituto Brasileiro do Café (IBC), como hoje na soja e ILPF, tenho uma grande ajuda técnica da Embrapa”, ilustra e aproveita para lamentar que, apesar de serem muitas as entidades de classe no setor, faltam-lhes representatividade.

Viacava também é um incentivador daqueles que pretendem transformar a pecuária em sua atividade principal, mas faz um alerta para quem ainda não está atualizado em relação ao segmento. “Prepare-se para uma atividade de baixa lucratividade, sendo extremamente cuidadoso com despesas supérfluas e desnecessárias. Busque uma assessoria profissional, como a ANCP e a Embrapa, e fuja de exposições de gado e leiloes de fantasia”, recomenda o criador.

Nelore Mocho CV em sistema IPLF. Foto: Divulgação