Origem

A Medicina Veterinária no Brasil, teve origem formal com a fundação das primeiras Escolas de Veterinária: duas no Rio de Janeiro (1910) e uma em Olinda (1912). As três formaram os 14 primeiros Veterinários brasileiros em 1917 (Quadro I). Desde o início, como um todo, esteve orientada para os aspectos de Saúde Pública e Economia: combate a doenças de grandes animais, inclusive zoonoses (mormo e tuberculose) e Economia (inspeção de carnes para uso interno e exportação).

Quadro I – Primeiras escolas de veterinária do Brasil

Num século de existência a profissão no Brasil evoluiu, como em todo o mundo, para dezenas de atividades. Agora, por exemplo, o Brasil é uma potência alimentar proporcionando alimentos de origem animal e vegetal em grandes quantidades para sua população e exportando os excedentes. Os Veterinários são os responsáveis pela produção daqueles de origem animal, em quantidade e qualidade adequadas (Fig. 1).

Figura 1 – Produção brasileira de seis alimentos importantes

Número de Veterinários – Em março de 2018 o número de Veterinários registrados no Conselho Federal de Medicina Veterinária era de 157.000. Não estavam computados aqueles desobrigados de se registrarem.

Número de Cursos de Formação – As escolas que incluem a formação de Veterinários no Brasil proliferam de maneira alarmante. Em números oficiais do Ministério da Educação em 6 de setembro de 2018 eram 351(trezentos e cinquenta e um) cursos registrados. Em contraste vergonhoso com um total de 191 Escolas de Veterinária de 13 países com intensa atividade veterinária (Quadro II).

Além desses 351 cursos, 5 eram de ensino a distância, com 11.219 vagas autorizadas (março de 2018); um destes com 9.999 vagas autorizadas!

No total, os cursos ofereciam em março de 2018, 56.726 vagas autorizadas.

Dos 351 cursos, 48 pertenciam a Universidades Federais (UF). Os restantes eram de Escolas estaduais ou particulares. Algumas Universidade Federais situadas em lugares que certamente não comportariam uma, como UF dos Vales do Jequitinhonha e do Mucurí, UF do Recôncavo da Bahia, UF da Fronteira Sul, UF do Sul e Sudeste do Pará, UF do Oeste da Bahia.

Quadro II – Número de escolas de veterinária em 13 (treze) países (2015)

PaísN. de Escolas
Rússia41
Índia40
EUA27
China23
Japão16
Itália13
Austrália7
Grã Bretanha7
Canadá5
Alemanha5
França4
África do Sul2
Nova Zelândia1
Soma191

 

Currículos – Estão em vigor as “Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina Veterinária” (D.O.U. de 20 de fevereiro de 2003). São centenas de itens diversos, muitos deles fora do objetivo da profissão.

Nos 15 anos desde o citado documento os Cursos de Medicina Veterinária proliferaram, como visto antes. Os 351, pelas “Diretrizes”, deverão formar profissionais de acordo com o Artigo seguinte e vários outros semelhantes, de linguagem empolada.

Art. 3º – O Curso de Graduação em Medicina Veterinária tem como perfil do formando egresso/profissional o Médico Veterinário, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, apto a compreender e traduzir as necessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidades, com relação às atividades inerentes ao exercício profissional […] Ter conhecimento dos fatos sociais, culturais e políticos da economia e da administração agropecuária e agroindustrial. Capacidade de raciocínio lógico, de observação, de interpretação e de análise de dados e informações, bem como dos conhecimentos essenciais de Medicina Veterinária, para identificação e resolução de problemas

Aparentemente, pelo texto (… bem como), os conhecimentos profissionais são acessórios.

Professores – Não existem dados disponíveis sobre a quantidade de professores necessários para ministrar aulas nas dezenas de disciplinas dos 351 cursos. Muito menos sobre sua qualificação e formação.

Conclusão– É urgente que sejam implementadas drásticas medidas que conduzam a Medicina Veterinária brasileira para satisfação das exigências da sociedade quanto à Saúde Pública (uma única saúde) e à economia (exportação de alimentos), além de outras.

É com esse objetivo que a Academia Brasileira de Medicina Veterinária e a Sociedade Nacional de Agricultura têm unido seus esforços.

Dentre as medidas a tomar podem ser mencionadas as seguintes:

  • Proibição de abertura de novos cursos.
  • Fechamento da maioria dos cursos, quer os presenciais quer aqueles a distância.
  • Imediata moratória de pelo menos 5 anos para abertura de novos cursos. A semelhança do que está ocorrendo na Medicina Humana.
  • Recapacitação de Médicos Veterinários para as urgentes e novas exigências das sociedade como saúde única (humana, animal e ambiental), economia (segurança alimentar, agronegócio em seus vários aspectos), além de vários outros temas, por meio de cursos de curta duração.

Foto: Gado de leite (Pixabay)