As importações brasileiras de leite em pó começaram 2017 aquecidas. Nos dois primeiros meses do ano a importação foi de 202,46 mil toneladas, volume 66,5% maior na comparação com o mesmo período de 2016.
Além dos preços mais baixos no mercado internacional, o dólar em um patamar menor no início do ano em relação ao real, colaborou coma as importações.
Para uma comparação, o preço médio no mercado internacional em janeiro era de US$3,28 mil por tonelada, e em junho US$3,14 mil. O câmbio saiu de R$3,21/US$ (média de janeiro) para R$3,28/US$ em maio e junho.
Em março e abril, as compras oriundas do Uruguai e da Argentina, principais fornecedores, caíram. Porém, em maio houve uma discreta recuperação.
Em maio o volume importado foi de 76,85 mil toneladas, no valor de US$32,616 milhões. Na comparação com abril a recuperação foi de 6,56%, mas se a comparação for com o início do ano, a queda foi de 25,0% e com o mesmo período do ano passado a queda foi bastante expressiva sendo de 50,62%. Houve uma inversão da tendência.
Figura 1. Gastos com importações (eixo da esquerda, em mil US$)) e volume importado de leite em pó (eixo da direita, em mil toneladas).
Fonte: Scot Consultoria
Os fatores que ocasionaram a queda nas importações foram: a cotação em alta no mercado internacional, a valorização do dólar e a retomada da produção de leite no país.
Quase a totalidade do leite em pó integral importando provém do Mercosul, notadamente da Argentina e Uruguai. Veja na figura 2.
Das 76,85 mil toneladas importadas em maio, 35,73 mil toneladas vieram do Uruguai (46,5%) e 33,96 mil toneladas da Argentina (44,2%).
Figura 2. Participação dos exportadores de leite em pó para o Brasil em maio de 2017.
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços / Compilados pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Neste ano, até maio, as somam 432,33 mil toneladas, volume 2,03% menor, frente às 441,13 mil toneladas importadas em igual período de 2016.
Mercado internacional
No dia 6 de junho a plataforma Global Dairy Trade (GTD), referência no mercado internacional, realizou o leilão de número 189. O leite em pó integral foi negociado, em média, por US$3.143,00 por tonelada, desvalorização de 2,9% em relação à quinzena anterior.
Os preços dos contratos futuros indicam que a tendência de queda deverá continuar até novembro, podendo a cotação cair abaixo de US$3,0 mil por tonelada. Veja a tabela 1.
Tabela 1. Preços futuros* do leite em pó integral nos leilões da Global Dairy Trade – GDT.
Jul/17 | Ago/17 | Set/17 | Out/17 | Nov/17 | |
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Leite em pó integral (US$/t) | 3.093 | 2.967 | 2.986 | 2.980 | 2.923 |
*cotações do dia 12/06/2017
Fonte: Global Dairy Trade (GTD)/compilado pela Scot Consultoria
O que esperar para o segundo semestre
Com a tendência de queda nos preços de leite em pó integral no mercado internacional, devido ao aumento gradual da oferta em importantes países produtores e exportadores, como a Nova Zelândia, a expectativa é de que o produto importado ganhe competitividade frente ao brasileiro. Dependerá do câmbio.
Porém, outros fatores como o aumento da produção nacional a partir de setembro, com a safra no Brasil Central e região Sudeste, favorecido pela queda nos custos de produção este ano, sinalizam uma importação menor na segunda metade do ano.
Com relação ao câmbio, segundo o relatório de mercado Focus de 9 de junho, do Banco Central do Brasil as expectativas apontam para um dólar de R$3,30 em 2017 e de R$3,44/US$ no início de 2018.
Diana Cifuentes é analista de mercado da Scot Consultoria.