Nos últimos anos, a oftalmologia veterinária teve importantes avanços tanto no que se refere à qualidade dos profissionais especializados quanto na diversidade e precisão dos equipamentos. Atualmente, os melhores centros de clínica e cirurgia de olhos para animais equiparam-se ao que existe de mais avançado para uso humano. Tratamentos clínicos ou cirúrgicos de glaucomas e catarata, por exemplo, são procedimentos de rotina.
Como na medicina humana, pertence ao passado o tempo em que o clínico veterinário tratava de todas as doenças e executava todos os procedimentos. Com o decorrer do tempo, eles foram se especializando e, atualmente, temos anestesistas, endoscopistas, especialistas em diagnóstico por imagem, neurologistas, ortopedistas, intensivistas, acupunturistas, especialistas em comportamento animal, oftalmologistas e outros especialistas treinados para oferecer um serviço de qualidade tanto aos animais de estimação e companhia como aos de esporte e produção.
Cirurgia sem sangue
Um bom exemplo de tecnologia avançada usada na oftalmologia veterinária é a operação de catarata pela técnica de Facoemulsificação.
Essa técnica permite extrair o cristalino que tornou-se opaco, prejudicando a visão ou mesmo causando a cegueira, em poucos minutos, sem dor e sem uma única gota de sangue.
A Facoemulsificação, de forma simplificada, consiste em uma incisão milimétrica, feita com bisturi especial, por onde é introduzida a agulha de uma “caneta”. Essa agulha vibra em alta freqüência e pelo comando de pedais, o cirurgião injeta, alternadamente, uma solução salina balanceada e faz a sucção do material que, gradativamente, vai se fragmentando.
A cirurgia – feita com anestesia – é indolor, não há necessidade de ponto nem de internação e a recuperação é rápida.
Piloto profissional e saxofonista de jazz, o médico Charles Kelman, inventor da técnica da Facoemulsificação, foi considerado um gênio nos Estados Unidos.
O inventor
Charles Kelmam o criador da Facoemulsificação, um dos seus muitos inventos que revolucionaram a oftalmologia do século XX, foi reconhecido como um gênio nos Estados Unidos onde nasceu e faleceu aos 74 anos, vitimado por um câncer de pulmão contra o qual lutou durante seis anos. Chegou a inventar um equipamento para o cirurgião pulmonar tentar extrair o tumor.
Pela sua contribuição à cirurgia de catarata, foi agraciado, em 1992, com a National Medal of Technology, pelo presidente George H.W.Bush, entre outros prêmios de reconhecimento.
Além de médico, Kelman era piloto profissional e usava seu avião para passar temporadas de férias em sua casa na Flórida.
Um homem de múltiplas habilidades, ele também era saxofonista de jazz e quem visitou seu consultório em NY, certamente viu pendurado na parede um quadro com a reprodução de uma página do NY Times com rasgados elogios à sua performance como músico.
Charles Kelman esteve no Brasil diversas vezes, durante a década de 1970, para ajudar a difundir sua técnica. Foi um processo demorado porque encontrou muita resistência, mas acabou reconhecido e recebendo as chaves da Cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2000.
Texto e fotos: Luiz Octavio Pires Leal
Colaboração: Dr. Jorge Pereira