Era uma tarde comum, dessas que viraram rotina, para aqueles que podem ficar em casa, durante quarentenas. Quebrando o tédio do isolamento social, alguns amigos estevam a trocar conversa mole. Falavam sobre possível extinção da humanidade, frente ao caos do vírus. Naturalmente, para isso usavam o WhatsApp.
O assunto não tomou rumo! Havia inevitável incerteza, sobre o futuro próximo dos seres humanos no planeta Terra. Sem bases científicas para debater, mas seguindo as evidências dos fatos já conhecidos, todos falavam abobrinhas; foi quando alguém lembrou dos dinossauros! Assim, o que parecia ser impossível, para a compreensão do atual fenômeno, certamente foi o suficiente para colocar sombras de intranquilidade no amanhã. O papo acabou levando o grupo ao negativismo, aos apelos pleonásticos e prosopopeicos, confrontantes dos prolegômenos, estapafurdiamente usados, do chamado, data vênia, “inoxidável” argumento final, ad referendum da maioria, isto é, levou a…, ao nada do nada!
Felizmente, no grupo, havia um gajo que conhecera, em Portugal, o artista plástico Jorge Miguel Almeida, que assina artes como Jorgemiguele; natural da pequena cidade, próspera e progressista São João da Madeira, pertinho do Porto. O pintor, que é detentor de estilo contemporâneo personalíssimo, com reconhecido talento criativo e domínio de variadas técnicas, havia pintado uma tela pequena, mas repleta de simbolismos e significados estéticos, que levava o apreciador a conjeturar, de forma mística, sobre aquele tema debatido no grupo. Extinção da espécie!
O triste tigre
Medindo 50cm x 70cm, pintada com tinta acrílica sobre tela, postada em 2008, no sítio FineArtAmerica.com, a obra reflete exatamente a mensagem de alerta sobre as atrocidades que o homem está sujeitando a espécie Panthera tigris tigris, levando o animal quase ao ponto de extinção. Trata-se de um quadro artístico de denúncia!
Quando o pintor naïf francês, Douanier Rousseau, expos a obra intitulada “Surpris!” (um tigre surpreendendo uma presa,1891), acreditava-se haver cem mil tigres na Ásia. Cem anos depois, a tragédia anunciada se concretizou! Atualmente, acredita-se existirem no máximo 4 mil animais naquele continente. Praticamente, estão extintos, a despeito de inúmeros esforços para preservá-los em reservas naturais na Ásia. Algumas espécies e subespécies não são mais encontradas soltas na natureza. Restam seis tipos de tigres, sendo que o tigre-siberiano, ainda encontrado raramente no extremo leste da Rússia, é o terceiro maior carnívoro terrestre (o macho pesa em torno de 300 kg).
Com tais comparações, os amigos sentiram-se mais à-vontade para prosseguir na conversa, afinal, falavam de caso recente e bastante interessante, sobre o qual ninguém sentiria vergonha de expor a própria ignorância paleontológica, geológica, além de outras ainda mais jurássicas.
Logo apareceu um gozador, rompendo a seriedade e fazendo gracinhas, desviando o assunto com ingenuidade. Exclamou: “Quem nunca brincou de trava-línguas? Então vamos lá! Diga e repita, bem rápido: Três pratos de trigo para três tigres tristes!” Não satisfeito, logo apela: “Qual o significado de sonhar com tigre?”
Quais os significados de sonhar com tigre?
Retornam curiosos ao quadro de Jorge Miguel, pretendendo ter contato com significados simbólicos e místicos. Perceberam que a arte animal delineada pelo artista, transmitia importante mensagem.
Lá estava o drama narrado na sua forma mais triste. Os tigres se assemelham aos leões, embora apresentem traços femininos, comuns aos felinos. Detentores de muita ferocidade, escondem no caminhar leve e suave a perigosa capacidade de ataque. Temidos como feras sanguinárias, eram abatidos, sem dó ou piedade! Aos tigres restava, como última chance, viverem enjaulados e servirem aos zoológicos ou aos propósitos circenses, em shows decadentes.
Na Ásia, ocupavam o lugar de Rei dos Animais. Simbolizam força, poder, liderança, além de importância mística e espiritual contra demônios. Jorgemiguele, em seu Triste Tigre, nos alerta para o drama da extinção de um dos mais belos animais da natureza, despertando-nos para os riscos da nossa própria sobrevivência.