Dona Maria apicultura soube que seu vizinho estava alarmado com a presença dos besourinhos, até então não identificados. A distância entre seus apiários não passa de 2 km. Ao revisar suas duas colmeias, ela suspirou aliviada pela ausência dos besouros, porém um mês após lá estavam eles….

Os besouros das colmeias melíferas (Aethina tumida) são oriundos da África, já foi reportado nos Estados Unidos da América em 1996, no Canadá e na Austrália em 2002, em Portugal em 2004 e Itália em 2014. Há relatos de sua presença na Colômbia, México e Cuba.

Aethina tumida. Imagens: Wikimedia Commons

No Brasil, ingressou via região Sudeste em 2016, ocupando rapidamente mais de 20 municípios paulistas, quando também foi observado em dois municípios da baixada do Rio de janeiro. Porém, em 2017 sua ocorrência atingiu patamar preocupante, sendo observado em mais 15 municípios no Rio de janeiro, e assim, pode difundir rapidamente nas áreas de criação circunvizinha.

Os apicultores temem a invasão e os possíveis danos. Em Sapucaia, Sr Roberto acusou a presença dos besourinhos em 2016, considera a infestação alta, por ser possível ver a circulação de mais de 30 indivíduos pelos favos. Em Paracambi, Sr Luís relatou que revisa seus apiários periodicamente e usa armadilhas para controle dos besourinhos. Em Itaguaí, Sr Manoel perdeu seu apiário com oito colmeias, estarrecido, ateou fogo. D. Marta reforça que suas colmeias parecem mais defensivas e que estão enfraquecidas. A maioria dos apicultores se esquiva em falar abertamente sobre a presença destes insetos, porém são unânimes em afirmar da presença deste novo invasor e se preocupam com à sua colonização.

Diferente de outros países, no Brasil a rápida difusão deve-se à infestação dos enxames silvestres, que povoam alto número nas cidades e são removidos para uso dos apicultores.

Fato é que as colônias de abelhas melíferas sofrem com o novo inquilino, ficam atarantadas para tentar ferroar e expulsá-los. Será que as colônias silvestres terão a mesma força de defesa?

Vejamos a opinião dos apicultores que removem as colmeias em áreas metropolitanas do Rio de Janeiro.

Segundo a Empresa Disk Abelhas a maioria está livre de besouros, numa cifra de 70%. Num olhar sobre os favos contabilizam mais de 10 besourinhos circulando rapidamente. Raramente são vistos consumindo pólen e mostram sua gula por mel. Num flagrante, verificou besouros que formam cavidades em favos (figura). Outro apicultor relatou que retirou em alguns enxames mão cheia dos besourinhos, nas sujidades abaixo dos favos de enxames que nidificam em telhados ou em cavidades de tijolos. Foram unânimes em alertar que enxames recém-transferidos ficam suscetíveis e fogem devido o ataque dos besourinhos nos parcos estoques de mel. Ou a fuga, pode ser devida à provável contaminação do mel por seus dejetos.

Infestação de besouros. Imagem cedida pelo autor.

O controle é ainda introvisado pelos apicultores. Recomenda-se não manter as colmeias em local muito sombreado e distante de áreas muito úmidas. Na colmeia, pode-se capturar os besouros usando uma capa de CD em acrílico; dentro do estojo espalhe cola, deixando livre as entradas para que entrem; instale esta armadilha no fundo da colmeia. Outros recomendam usar uma tela de ventilação, ali eles costumam se aglomerar à noite, quando deve ser retirada. Outros a colocam como fundo, e acham que a chance de coleta aumenta. Estes são testes de cuidadores que amam suas colmeias e estão prontos para ajudá-las.

Recomenda-se aos apicultores notificar a ocorrência dos besouros Aethina nos Núcleos de Defesa Animal de sua região e participar de eventos regionais que abordam a difusão e o controle do besourinho das colmeias.

Atualmente, as abelhas melíferas manejadas sofrem com a redução da abundância e diversidade de floradas, com aplicação de agrotóxicos e outros fatores de impacto ambiental. Este parasito das colmeias vem impor novo desafio à sobrevivência das colônias de abelhas em nosso ambiente.

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