O ano de 2016 terminou melhor do que se previa para o setor de proteína. Isso graças ao mercado externo, que surpreendeu. O setor de aves registrou uma evolução de 5,5% nas exportações de carne de frango in natura para 3.721 milhões de toneladas. Já a receita recuou 12,5% para US$ 5.450 bilhões, devido à queda de 17,1% no preço médio.

Melhor ainda foi o desempenho da carne suína. No início do ano, o setor previa um crescimento externo de 4% a 5%. As estatísticas mostram que as exportações de carne suína in natura no ano passado cresceram 40,5%.

No setor de suínos, em que o ritmo do volume exportado foi grande, 611.300 toneladas, as receitas em dólares aumentaram 7,1% para US$ 1.252 bilhão. O recuo se deve à queda de 23,7% no preço médio do produto.

O setor de proteínas viveu um período difícil no ano passado. A redução da oferta interna de milho elevou custos, que só agora começam a se equilibrar.

O bom desempenho brasileiro se deve à conquista de novos mercados e à manutenção das vendas para os tradicionais.

Os embarques de carne bovina in natura no ano passado aumentaram 6% e atingiram 1.033 milhão de toneladas, enquanto a receita caiu 14,6% para US$ 3.985 bilhões. O preço médio recuou 19,4%.

A receita recuou no período 3,57%, atingindo US$ 5.748 bilhões.

Perspectivas para 2017

Segundo previsões da ABPA (Associação Bra- sileira de Proteína Animal), as exportações de carne suína devem aumentar até 5% em 2017. Além da continuidade do bom ritmo de embarques para a China, são esperadas a concretização da abertura do mercado sul-coreano, bem como novas conquistas ou ampliação das vendas para compradores da carne suína brasileira.

A incógnita está relacionada aos Estados Unidos e aos re exos das estratégias efetivas que serão colocadas em vigor pelo governo de Donald Trump. A depender das medidas, uma das oportunidades ao Brasil seria a abertura do mercado mexicano. Em contrapartida, o aumento da produção de carne suína pelos norte-americanos, que já vem ocorrendo recentemente, tende a elevar a concorrência com os produtos brasileiros nas vendas internacionais. Segundo dados USDA, já no início de 2017, estarão prontos para abate mais animais que no mesmo pe- ríodo do ano passado.

Em 2017, as exportações de carne de frango devem ajudar mais nos resultados da avicultura brasileira, segundo pesquisas do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP. Os recentes casos de influenza aviária em vários países da Europa e da Ásia tendem a redirecionar a procura por produtos de fornecedores com melhor status sanitário, como o Brasil.

No mercado internacional, países asiáticos são os que mais podem redirecionar as compras para produtos brasileiros. Na China, em particular, além dos casos de in uenza aviária registrados no país, a produção chinesa pode ser ainda comprometida pela redução das importações de genética dos Estados Unidos, alavancando as importações de carne de frango.

Por outro lado, os Estados Unidos também podem ser um dos fortes concorrentes do Brasil para as vendas de carne ao mercado chinês. Segundo estimativas do USDA, a produção norte-americana de carne de frango aumentará 2,2% em 2017, para 18.7 milhões de toneladas, e as exportações podem crescer 5%, para 3.1 milhões de toneladas. Os resultados deverão ser in uenciados pelas medidas efetivas adotadas pelo novo governo daquele país.

Estimativas da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) projetam aumento de 3% a 5% nos embarques brasileiros de carne de frango em 2017. Os compradores atuais, como os países do Oriente Médio, também devem manter um bom ritmo de importação do produto brasileiro.

A expectativa para o desempenho do setor de carne bovina brasileiro em 2017 continua po- sitiva, mesmo após a retração das exportações e dos preços ao nal de 2016, quando comparados aos resultados do mesmo período de 2015.

“Os dados de exportação de carnes do quarto trimestre continuam a dar suporte a uma melhora signi cativa nas perspectivas da indústria de carne bovina, e as perspectivas para as empresas brasileiras processadoras de carne continuam sólidas”, avaliaram os analistas do BTG Pactual em relatório divulgado no início do mês de janeiro.

Por: Hélio Sirimarco, Diretor da SNA-Sociedade Nacional de Agricultura