Ao longo dos tempos, o homem sempre atribuiu elevada prioridade à atividade agrícola pelo próprio instinto de sobrevivência, procurando entender cada vez mais os mecanismos de crescimento dos vegetais. É curioso recordar que tribos primitivas reservavam às mulheres as tarefas referentes à cultura de alimentos, resultado da inocente associação entre as fertilidades do sexo feminino e a do solo.

Diversos foram os procedimentos artesanais e empíricos adotados com o objetivo de incrementar a produtividade das lavouras primitivas, até que fossem identificadas as vantagens de adição de produtos químicos no solo – visando a manter sua fertilidade – ainda que por meio de técnicas rudimentares.

Deixando de lado os resíduos orgânicos empregados intensivamente no passado na fertilização da terra, como o guano – acumulação de excremento de aves marinhas – principalmente os originários do Peru, já eram conhecidos desde o século XVII, os efeitos benéficos do salitre potássico (nitrato de potássio). Sua utilização foi incrementada por volta de 1820, quando os agricultores passaram a dispor do produto importado da India. Logo após, em 1830, com o início da exploração das imensas jazidas de salitre (nitrato de sódio) no Chile, melhoraram ainda mais as condições para que este material tivesse difundida amplamente a sua aplicação na agricultura, como fertilizante.

Foi assim, na primeira metade do século XIX, que a agricultura científica obteve seus primeiros resultados importantes.  Um destes fatos refere-se à identificação do desempenho dos nutrientes nitrogênio, potássio e fósforo no desenvolvimento dos vegetais.

Dentre os cientistas envolvidos nesses estudos destacam-se o alemão Justus von Liebig (1803-1873), o inglês Sir John Bennet Lawes (1814-1900), o inglês Joseph Henry Gilbert (1817-1901), o francês Jean Baptiste Boussingault (1802-1887) e o suíço Theodore de Sansure.

Liebig foi quem, pioneiramente, recomendou o emprego, como fertilizante, da amônia gerada na carbonização do carvão para a produção de gás de carvão ou de coque, e propôs o uso de ácidos para fixá-la. Posteriormente, em 1840, sugeriu que a farinha de ossos, já utilizada de longa data como fertilizante, fosse tratada com ácido sulfúrico para melhor aproveitar-se o fósforo nela contido.

Lawes, que logo adotou as idéias de Liebig com relação ao sulfato de amônio, desenvolveu em sua fazenda de Rothamsted um novo processo de rocha fosfática, alternativamente aos ossos moídos – de suprimento escasso – montando em1842 a primeira fábrica de superfosfato simples.

O potássio,outro elemento nutriente, permaneceu escasso por muito tempo, visto que somente se encontrava disponível na forma de carbonato – obtido das cinzas ou recuperado do melaço gerado na produção de açúcar de beterraba – até o desenvolvimento das minas de carnalita de Stassfurt, em 1881.

(NR- É fácil compreender que, o desenvolvimento da agricultura teve grande importância na pecuária. tanto dos herbívoros como dos suínos e das aves que dependem do milho e da soja, na sua alimentação).

Transcrição parcial do livro A Indústria Química e o Desenvolvimento do Brasil, de autoria dos engenheiros-químicos Ernesto Carrara Jr. e Hélio Meirelles, este Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).