Por Edino Camoleze*
CRIAÇÃO: DIRETORIA DO SERVIÇO DE VETERINÁRIA. (DECRETO-LEI Nº 8 331, DE 31 DE OUT 1910).
Art. 1º. Fica criada no Brasil, conforme Dec-Lei, nº 8 331, de 31 de outubro de 1910, do Exmo. Sr. Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Dr. Nilo Peçanha, no Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, a Diretoria do Serviço de Veterinária, com as seguintes responsabilidades e atribuições:
– Oficializar, organizar e estruturar oficialmente o Serviço de Veterinária em todo o país;
– Executar a inspeção sanitária do gado;
– Realizar investigações científicas sobre doenças que afetam o gado;
– Preparação de produtos biológicos ( soros e vacinas ) que afetam o gado;
– Orientação e organização de medidas profiláticas para prevenção e erradicação de epizootias;
– Tratamento das enzootias e epizootias;
– Inspeção sanitária do tráfego ou comércio interestadual do gado seja por via terrestre, marítima ou fluvial;
– Inspeção sanitária dos matadouros modelos, entrepostos frigoríficos que forem estabelecidos mediante favores da União e do gado que a eles destinarem;
– Inspeção sanitária das Feiras e Exposições de gado promovidas ou auxiliadas pelo Governo Federal. ( Art 1º. Dec-Lei 8 331, 31/10/1910 )
OBS: Conforme regulamenta a Lei, em seus ( 63) artigos, parágrafos, números e letras, a preocupação maior do governo federal, da época, era criar oficialmente o Serviço de Veterinária na administração pública, inexistente, e com vista à sanidade do rebanho brasileiro (tratamento, cura e erradicação) de doenças existentes no país, principalmente do gado bovino e seus produtos, e prevenção de doenças exóticas que poderiam ser introduzidas no país pela importação do gado europeu e indiano, sem autorização e os devidos certificados de origem e saúde animal.
A criação do Serviço de Veterinária Federal e a Certificação dos produtos e subprodutos bovinos, derivados, possibilitou a exportação desses alimentos para países europeus e Sul Americanos, aumentado a economia e o equilíbrio da balança comercial brasileira.
*Edino Camoleze – Cel Vet EB. MS em Tecnologia de Alimentos. Zoogeografia de Animais da América do Sul.,INPA, AMAZONAS. Acadêmico Titular da ABRAMVET.Email:edino0644@gmail.com.
Escola Federal de Ensino Veterinário. (Decreto-Lei, Nº 8.319, de 20 Outubro de 1910)
Criada de acordo com a Lei nº 8 319, Capítulo I, Art. 1º e Capítulo III, Arts. 4º e 5º, a Escola Superior de Agronomia e Veterinária-ESAMV, destinava-se à promoção do desenvolvimento científico pela formação técnica de profissionais que estariam aptos para atuar no ensino, dirigir os serviços relativos à exploração racional da grande propriedade agrícola e das indústrias rurais, exercer a medicina veterinária e ocupar os cargos e funções superiores do Ministério ( BRASIL,1915a, P. 1046 – 1122. )
A formação dos médicos veterinários prevista nos Art. 12 e Art. 13, da Lei, obedecia a dois níveis: Fundamental e Especial.
Curso Fundamental com duração de 1 (um) ano.
Cadeiras: 1ª cadeira – Physica experimental. Meteorologia e climatologia, principalmente do Brazil; 2ª cadeira – Chimica geral inorganica. Analyse chimica. 3ª cadeira – Botanica. Morphologia. Physiologia vegetal. 4ª cadeira – Zoologia geral e systematica. 5ª cadeira – Noções de chimica organica. Aula – Desenho a mão livre e geometrico. ( LEI Nº 8 319 )
Curso Especial com duração de 4 (quatro) anos.
Primeiro anno: 1ª cadeira – Physica e chimica biologicas. 2ª cadeira – Anatomia comparada, principalmente dos pequenos animaes domesticos. Systematica. 3ª cadeira – Anatomia descriptiva do boi e do cavallo. Dissecção. 4ª cadeira – Histologia e embryologia.
Segundo anno: 1ª cadeira – Physiologia. 2ª cadeira – Anatomia e physiologia pathologicas. 3ª cadeira – Therapeutica. Dietetica. Pharmacologia. Pharmacognesia. Toxicologia. 4ª cadeira – Parasitologia e molestias parasitarias.
Terceiro anno: 1ª carteira – Microbiologia e molestias infecciosas. 2ª Cadeira – Pathologia, propedeutica. Clinica medica dos grandes animaes. Polyclinica. 3ª cadeira – Pathologia, propedeutica. Clinica medica dos pequenos animaes. Polyclinica. 4ª cadeira – Pathologia, propedeutica. Clinica cirurgica. Medecina operatoria experimental. Molestias do pé do cavallo. Ferradura.
Quarto anno: 1ª cadeira – Obstetricia. Clinica obstetrica. 2ª cadeira – Exame dos generos alimenticios de origem animal. Microscopia applicada. Fiscalização sanitaria das carnes e dos matadouros. 3ª cadeira – Hygiene
epidemiológica. Policia sanitária e medicina legal veterinária. 4ª cadeira – Zootechnia geral e especial. (LEI Nº 8 319)
Em princípio, por questões econômicas, a ESAMV estava prevista para funcionar na Fazenda de Santa Cruz, onde já existia o matadouro de Santa Cruz, com instalações adequadas, e onde já era realizada a inspeção do gado para o abate e da carne para abastecimento da cidade do Rio de Janeiro, desde o Império. Mas em 1911, o Decreto nº 8 970, de 14 de setembro, levando em consideração à distância e outros fatores, determinou que a sua sede ocuparia o antigo palácio de Duque de Saxe, na região do Maracanã, e a fazenda experimental ficaria nos terrenos escolhidos e demarcados na Vila Militar, na estação de Deodoro, da Estrada de Ferro Central do Brasil. (BRASIL, 1911, p.11811)

Foto: Viajar Correndo. Fazenda Santa Cruz. Próprio Nacional. Local indicado para funcionar a ESAMV
PALÁCIO DUQUE DE SAXE. ( Dec. Nº 8 970, de 14 Set 1911 )
Em virtude das dificuldades apontadas para a instalação da ESAMV na Fazenda Santa Cruz, foi promulgado, em 14 de setembro de 1911, um outro Decreto, o de nº 8.970, fixando a nova sede na Rua General Canabarro nº 42, em plena área urbana da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. O local foi escolhido em decorrência da ação desenvolvida para este fim por Gustavo d’Utra, que acreditava que o ensino agrícola superior somente poderia ser eficiente quando ministrado nos grandes centros. Devido à sua grande projeção e influência, d’Utra foi convidado a organizar e dirigir a ESAMV e obteve do Governo da República o Palácio Duque de Saxe, para a sede da Escola. Além disso, conseguiu o desmembramento dos terrenos do Ministério da Guerra, na estação de Deodoro, de uma área de 180 hectares, para a instalação da fazenda experimental.
Entretanto, o novo endereço também não estava pronto para receber a Escola e precisava de obras, que só foram concluídas em 1913. Assim, a ESAMV, criada em 1910, é inaugurada, oficialmente, somente em 4 de julho de 1913, na então Capital da República, tendo a sua sede fixada no Palácio do Duque de Saxe, atual bairro do Maracanã, onde hoje está instalada a Escola Técnica Industrial Celso Suckow. (ESAMV. ARCHIVOS DA ESAMV, 1920 e 1928).

Foto: UFRRJ. Palácio Duque de Saxe, onde funcionou a ESAMV, Bairro Maracanã. Rio de Janeiro.
Inaugurada oficialmente em 4 de julho de 1913, a 1ª Turma da ESAMV era composta por 64 alunos, sendo 53 no curso de agronomia e 11 no de veterinária, vindo de vários estados brasileiros, e a maioria do Rio de Janeiro e do Distrito Federal. (BRASIL,1913,p.7)
Logo nos primeiros anos de existência, a novel Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária enfrentou problemas de ordem financeira, que lavaram ao seu fechamento pouco tempo depois após sua inauguração, em 1915. (BRASIL,1915b,p.172)
A permanência da ESAMV na capital federal foi efêmera, menos de três anos, sendo transferida pelo Decreto nº 12 012, de 29 de março de 2016, para a localidade de Pinheiro, Piraí-RJ, onde já existia uma Escola Agrícola e um Posto Zootécnico Federal. (BRASIL, 1917 a, p. 508 – 126)
PINHEIRO, A NOVA SEDE DA ESAMV. ( Dec. 12 012, de 29 Mar 2016)
A notícia da transferência da ESAMV da capital federal, Maracanã, para Pinheiro, Piraí-RJ, conforme Decreto nº 12 012, de 29 de março de 2016, localidade distante cerca de 130 km do Rio de Janeiro, trouxe aborrecimentos e preocupações de ordem econômica, social e educacional para os professores e alunos da Escola, que insatisfeitos, muitos desistiram da cátedra e dos cursos que faziam na Escola.
Os principais motivos eram: distância entre a capital federal e Pinheiro, dificuldade de transporte, desconhecimento do núcleo urbano,(Vila de Pinheiro) perda de regalias e prestígio, comodidade, conforto que existia no Palácio Duque de Saxe, economia de custos estruturais etc., entre outros fatores indesejáveis, na época. (OTRANTO,C. CCS,UFRRJ)

Foto histórica: ESAMV, Arquivo do CANP, Pinheiro, Piraí-RJ, 1916.
A escolha de Pinheiro para sediar a ESAMV, em 1916, não foi por acaso. Tratava-se de uma das maiores fazendas produtoras de café da província do Estado do Rio de Janeiro, durante o Império, pertencente ao fazendeiro Comendador José Breves, adquirida em 1891 pela Fazenda Nacional. Em 1899, passou para o Ministério da Agricultura, que em 1909, nela instalou o Posto Zootécnico Federal de Pinheiro e em 1910 instalada a Escola Média Agricultura, Agronomia e Veterinária. (BREVESCAFE.NET)
A reinauguração da ESAMV em Pinheiro em 2016, ( Dec 12.012, de 29 mar ) incorporou a sua nova estrutura física e educacional a Escola Média Teórica- Prática da Bahia, Escola de Agricultura e o Posto Zootécnico Federal, ampliando consideravelmente suas obrigações funcionais, operacionais e educacionais.
Foi nesse tradicional e pioneiro estabelecimento de ensino superior do Brasil, que se formou em 1917, a primeira turma de veterinários e agrônomos do país.
Primeiros Veterinários: Drs. Antonio Teixeira Vianna, Jorge de Sá Earp, Moacyr Alves de Souza e Taylor Ribeiro de Melo. (BREVESCAFE.NET)
A ESAMV em Niterói-RJ. (Dec. Nº 12 894, de 28 Fev 2018)
Apesar de estar funcionando regularmente e tendo suas funções educacionais e operacionais aumentadas, principalmente no aspecto da pesquisa e inspeção de produtos agrícolas e agropecuários, o ambiente educacional interiorano não fazia bem à Escola, como explica a professora Célia Otranto. “Localizada no interior, bem distante da cidade do Rio, a ESAMV perdeu parte do seu prestígio e um número considerável de alunos. Ciente das dificuldades, o Ministério da Agricultura Indústria e Comércio-MAIC, tomou providências e conforme o Decreto nº 12 894, de 28 de fevereiro de 2018 transferiu a Escola para o Horto Botânico de Niterói”.
Estabelecida em Niterói, capital da província do Estado do Rio de Janeiro, Alameda São Boaventura, nº 770, Bairro Fonseca, onde já existia o Horto Botânico do Fonseca. Apesar de um prédio suntuoso e mais próxima da capital federal, a nova sede da ESAMV, não tinha uma estrutura suficiente para as aulas práticas de agronomia e veterinária. Funcionando precariamente, durante o ano de 1921, para adequação da Escola e cumprir com seu Regulamento, foram iniciadas as montagens de alguns laboratórios e gabinetes, entre os quais: os de zoologia agrícola, toxicologia, higiene e desenho; e instalação dos gabinetes de zootecnia especial, inspeção de carnes e leite, anatomia patológica psicopatologia e a conclusão do gabinete de topografia. (MENDONÇA, 1998)

Foto: Pavilhão sede da ESAMV, Alameda São Boaventura, nº 770, Horto do Fonseca, Niterói-RJ.
Entre os anos de 1924-1925, o presidente da República Arthur Bernardes, após informações técnicas obtidas sobre a Escola, comentou em suas mensagens, o fato do estabelecimento de ensino superior não ter atingido aqueles objetivos previstos na sua legislação, considerando sua organização deficiente “defeituosa“, destacou a precariedade de suas instalações que não dispunham de “terrenos suficiente para os campos experimentais e demonstrações, elementos imprescindíveis à eficiência do ensino agronômico, que consoante à moderna orientação pedagógica, deve ser essencialmente experimental”. ( TORRES, 1926, p.96)
Em 12 de março de 1920, após solicitações de alguns professores da ESAMV, dentre eles o prof. José de Freitas Machado, principal articulador que defendiam a organização do ensino superior de química, no Brasil, a ESAMV incorporou oficialmente o Curso de Química Industrial em sua estrutura de ensino.
Durante os nove anos de existência e funcionamento da ESAMV em Niterói, período mais longo de sua vida acadêmica, (1918 a 1927), formou várias turmas de veterinários e agrônomos, pilares das ciências agronômicas e agrárias no Brasil.
Em 1927, conforme o Dec. Presidencial nº 17 608, de 12 de abril, foi transferida para o prédio do Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria – MAIC, na Praia Vermelha, Bairro da Urca, Rio de Janeiro.
A ESAMV na Praia Vermelha-RJ. ( Dec. Nº 17 608, 12 Abr 1927 )
Por que Praia Vermelha-Urca? O motivo principal para transferência da ESAVAM para o Bairro da Urca, Praia Vermelha, era para transformar o bairro aristocrático do Rio de Janeiro, em um bairro universitário, como era o sonho do Imperador D. Pedro II e do engenheiro Paula Freitas (1880 ), que construiu vários prédios na Av. Pasteur, para construir a primeira Universidade do Brasil, a Universidade Pedro II.
Nesse bairro, após a monumental “Exposição Nacional” de 1908, que reunião os estados da federação e comemoração da “Abertura dos Portos às Nações Amigas”, já se encontravam sediados: a Escola Militar da Praia Vermelha (1904), Secretaria dos Negócios, da Agricultura, Indústria e Comércio (1906) Departamento Nacional de Produção Mineral (1934), Faculdade de Odontologia (1933) e Faculdade de Medicina (1918). A Praia Vermelha abrigaria um conjunto de habitações para estudantes, formando um pavilhão para estudantes de cada estado brasileiro, de forma semelhante “à Cité Uníversitaire de Paris”. ( WEBMASTER@)URCA.NET )
A chegada da ESAMV em janeiro de 1927, na Praia Vermelha, trazendo consigo os cursos de formação Veterinária, Agronomia e Química Industrial, fortaleceu politicamente a Universidade do Brasil (1920), tornando-se a primeira universidade brasileira, Centro de excelência e referência em ensino agropecuário, na formação, pesquisa e extensão universitária no país e na América-Latina, figurando-se entre as melhores do mundo.

Foto: Sede da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, construída no final do século XIX. Av. Pasteur, URCA-RJ
Conforme Decreto nº 17.776, foi instalada inicialmente no prédio da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Av. Pasteur, nº 404, num espaço suficiente para abrigar seu acervo técnico e salas de aula. As aulas práticas continuavam, no entanto, sendo ministradas no Campo Experimental e Prática Agrícola da Estação de Deodoro.
Apesar de estar bem instalada no maior Centro Universitário do país, da época, os estudantes e professores tinham seus trabalhos acadêmicos práticos prejudicados pela grande distância que havia da Praia Vermelha–Urca a Deodoro. O transporte rodoviário existente não era constante e deficiente, e nem sempre, atendia a tempo e a hora aos horários das aulas previstas na Estação de Deodoro.
Diante desse grave problema de ordem logística e pedagógica e outros políticos, técnicos e administrativos, enfrentado pela Escola, no tempo que permaneceu na Praia Vermelha, ela continuou crescendo e ampliando suas publicações. Só a Agricultura publicou dez volumes de seus arquivos oriundos de trabalhos originais de seu corpo docente. Isso demonstra que a pesquisa fazia parte do cotidiano da ESAMV, favorecendo sua legitimação acadêmica e política. (Grillo, 1938).
Em 1934, ainda na Praia Vermelha, pelos Decretos nº 22 338 e 23 858 de 08 de fevereiro a ESAMV foi desmembrada em Escola Nacional de Agronomia-ENA, subordinada à Diretoria de Ensino Agronômico da Diretoria Geral de Agricultura e a Escola Nacional de Veterinária-ENV, subordinada à Diretoria Geral de Produção Animal. A Escola Nacional de Química, pelo Decreto nº 24 738 de 14 de julho de 1934, passou a integrar junto com outras instituições de ensino o Ministério da Educação e Saúde. (OTRANTO, Regina Celia. In: O Ensino Agronômico Brasileiro)
Vale ressaltar, enquanto durou a ESAMV; da sua sede inicial, no Maracanã (1911) ao final na Praia Vermelha (1934), portanto 23 anos de existência, o relevante papel que desempenhou a Escola no progresso e desenvolvimento do ensino agronômico do Brasil, sendo referência para o país e América Latina, na formação dos primeiros agrônomos e veterinários do Brasil; na formalização do ensino e estruturação da Escola através de Concurso Público para docentes e seus funcionários; nas regras para seleção e admissão de seus alunos; da seleção dos docentes para bolsas de estudo no exterior; na organização, com metodologia científica moderna, do ensino e da pesquisa; pelo acervo técnico e científico inédito legado à medicina veterinária e agronomia do país.
As Escolas Nacionais originárias de seu desdobramento: ENA e ENV mantiveram seu padrão de excelência de tal forma que, em 1943, com a reorganização do Centro Nacional de Ensino e Pesquisa Agronômicas (CNEPA) ( Decreto nº 155, de 30/12/1943 ) foi criada a Universidade Rural como um de seus órgãos, englobando a Escola Nacional de Agronomia e a Escola Nacional de Veterinária.
A Universidade Rural – KM 47. (Decreto Nº 6 155, de 30/12/1943)
Ciente das dificuldades e com o firme propósito de saná-las, o Ministério da Agricultura, na gestão do Ministro Fernando Costa, iniciou em 1938 as obras de um “Campus” especialmente construído para a Universidade Rural, no Km 47 da Estrada Rio-São Paulo. Pretendia o Ministro, além de instalar a Universidade em um local no qual pudesse crescer e desenvolver suas práticas agrícolas, resolver o problema de um “local visto até então com certas reservas por causa da malária e pela presença de um grande número de grileiros na região” (COSTA, 1994)

Foto: Arquivo. Pavilhão sede da UFRJ. CCS, 2019
O novo Campus da UFRJ, conforme ideia e planejamento do Ministro da Agricultura Fernando Costa estava planejado para ser construído na Fazenda Nacional de Santa Cruz, Km 47, ao lado da rodovia Rio-São Paulo, no município de Itaguaí-RJ.
Oficial e efetivamente, a Universidade Rural passou a existir pela primeira vez, no cenário universitário do país, conforme reorganização do Centro Nacional de Ensino e Pesquisa Agronômica (C.N.E.P.A.), Decreto-Lei, nº 6 115, de 30 de dez 1943, que na sua nova estruturação, Art. 2º, inciso I, criava a Universidade Rural (UR) com a finalidade de ministrar o ensino agrícola e veterinário e executar, coordenar e dirigir as pesquisas agronômicas no país.
Conforme o Art. 4, do Decreto-Lei, a nova Universidade criada era composta pelas seguintes instituições:
Art. 4º. A U.R. compõe-se de:
I – Escola Nacional de Agronomia; II – Escola Nacional de Veterinária; III – atuais Cursos de Aperfeiçoamento e Especialização; IV – Cursos de Extensão; V – Serviço Escolar; VI – Serviço de Desportos.
O Art. 10, determinava:
O Aprendizado Agrícola construído nas terras da Fazenda Nacional de Santa Cruz, no quilômetro 47 da rodovia Rio-São Paulo, depois de convenientemente instalado pela Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário, funcionará em regime especial de colaboração com a Universidade Rural, nos termos de instruções de serviço que serão baixadas pelo Ministro da Agricultura.
Em 4 de julho de 1947, com a presença do Presidente Eurico Gaspar Dutra, foi inaugurado o campus da UR. A mudança para o campus definitivo, dotado de uma grande beleza paisagística, favoreceu a construção da marca tradicional da Universidade Rural, a sociabilidade que une estudantes, professores e servidores, devido à intensa convivência. ( UFRRJ: “ 100 Anos de Educação ” ) Em 1963, pelo Decreto 1.984, a Universidade Rural passou a denominar-se Universidade Rural do Brasil, e além da ENA e da ENV, foram criadas a Escola de Engenharia Florestal, a Escola de Educação Técnica e Educação Familiar, além dos cursos técnicos de nível médio do Colégio Técnico de Economia Doméstica Colégio Agrícola “Ildefonso Simões Lopes.
A denominação atual:
Em 1967, com o Decreto nº 60.731 de 19 de maio de 1967, surge a atual denominação – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro- UFRRJ que transferiu para o Ministério da Educação e Cultura os órgãos de ensino do Ministério da Agricultura e estabeleceu nova denominação para as universidades transferidas. É o que dispõe o Art. 2º, desse decreto: “As Universidades Rurais do Sul, do Brasil e de Pernambuco passam a denominar-se, respectivamente, Universidade Federal Rural do Rio Grande do Sul (UFRRGS), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)”.
Em 1968, a UFRRJ passa a autarquia federal, estrutura considerada mais adequada para acompanhar a Reforma Universitária que se implantava no País. A partir dos anos 1970, com a aprovação do seu Estatuto, a Universidade começou a ampliação suas áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão, tendo, em 1972, iniciado o sistema de cursos em regime de créditos.
Atualmente a centenária UFRRJ é uma universidade multicampi, com sedes nos municípios de Seropédica, Nova Iguaçu, Três Rios, Campos de Goytacazes e na cidade do Rio de Janeiro. A UFRRJ hoje tem cerca de 12.000 alunos de graduação, matriculados em 55 cursos de graduação; 1.240 alunos de pós-graduação; mais de 750 professores efetivos, sendo 99% com nível de mestrado ou doutorado e 161 professores substitutos. O corpo docente atua em pesquisa em diferentes áreas do conhecimento, em cursos de graduação e de pós-graduação e em atividades de extensão. Em 2009, a Instituição ofereceu para acesso 3.450 vagas em cursos de graduação presenciais e 495 vagas em cursos a distância, pelo Consórcio CEDERJ. ( UFRRJ: “ 100 Anos de Educação ” ).
Ao longo de sua bela e brilhante trajetória de vida, desde 2010 aos dias atuais, passando por várias mudanças de sedes, estruturação e modificações de ensino, a UFRRJ tem tido papel de destaque nas mais diversas áreas do conhecimento técnico, científico e social, produzindo saber e cultura, angariando prêmios e distinções, formando profissionais e desenvolvendo ações de abrangências, nacional e internacional, cumprindo sua missão institucional junto ao desenvolvimento e progresso do país. Com os olhos voltados para o futuro comemoramos cem anos de educação da ESAMV à UFRRJ. (UFRRJ: “100 Anos de Educação”).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
– BRASIL. Decreto, nº 8 331, de 31 de outubro de 1910. Cria a Diretoria de Veterinária no país. Coleção das Leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 1910.
– ———–. Decreto, nº 8 319, de 20 de outubro de 1910. Cria o ensino agronômico no Brasil e aprova o respectivo regulamento. Coleção das Leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 1910.
– ———–. Decreto, nº 8 970, de 14 setembro 1911. Determina a sede da ESAMV. Palácio do Duque de Saxe, bairro do Maracanã. Archivos da ESAMV, 1920 e 1928, Rio de Janeiro, 1911.
– ———–. Decreto nº 12 012, de 29 de março de 2016. Transferência da ESAMV para Pinheiro. In: Arquivo do Colégio Agrícola Nilo Peçanha. Pinheiro, Piraí-RJ, 1916.
– ————. Decreto nº 12 894, de 28 de fevereiro de 2018. Transferência da ESAMV para Niterói. Coleção das Leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 1918.
– ————. Decreto nº 17 608, 12 abr 1927. Transferência da ESAMV para Praia Vermelha-Urca-RJ. Coleção das Leis da República dos Estados Unidos do Brasil, Rio de Janeiro, 1927.
– ————. Decretos nº 22 338 e 23 858 de 08 de fevereiro de 1934. Desmembramento da ESAMV em Escola Nacional de Agricultura e Escola Nacional de Veterinária. In: O ensino superior agronômico do Brasil. Regina Célia Otranto, UFRRJ, Seropédica, Rio de Janeiro, 2004.
– ————. Decreto nº 6 155, de 30/12/1943. Transferência da ESAMV para a Fazenda Nacional de Santa Cruz, Km 47 da Rodovia Rio-São Paulo, Itaguaí, Rio de Janeiro, 1943.
– ————-. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde do Brasil (1832 – 1970)
Fiocruz.br.wiki_dicionario/index.php. Rio de Janeiro, Brasil.
– MENDONÇA, Sonia Regina. O ruralismo brasileiro (1888 – 1931 ). São Paulo: Hucitec, 1998.
– OTRANTO, Regina Celia. In: O Ensino Superior Agronômico Brasileiro. Coordenadoria de Comunicação Social – CCS, UFRRJ, Seropédica, Rio de Janeiro, 2004.
– TAUNAY, Affonso de Escragnolle. História do café no Brasil, Fazenda Pinheiro. Departamento Nacional do Café, Tomo VIII, Rio de Janeiro, 1939.
– UFRRJ: “ 100 Anos de Educação “. ESAMV a UFRRJ, 100 anos de educação. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Documentário: Reitoria. 2009/2010, Rio de Janeiro.
– ———-. Documentário, UFRRJ, 115 anos, Parte 2: nasce uma universidade. Coordenadoria de Comunicação Social-CCS, Seropédica, Rio de Janeiro, 2025.
– ———-. Documentário, UFRRJ, 115 anos, Parte 4: nasce uma universidade. Coordenadoria de Comunicação Social-CCS, Seropédica, Rio de Janeiro, 2025.
