O Brasil deve receber, ainda neste ano, a autorização para que mais 25 frigoríficos exportem carne bovina à China, na esteira da necessidade do país asiático de adquirir proteínas enquanto enfrenta um surto de peste suína africana, afirmou a consultoria INTL FCStone.
Com a peste suína tendo dizimado grande parte de sua criação de porcos, a China terá de buscar no Brasil um volume ainda maior de carnes, mas, para isso, precisa liberar as vendas por mais frigoríficos brasileiros, hoje limitadas a 15 unidades de bovinos, segundo o consultor de gerenciamento de riscos da FCStone Caio Toledo.
“Com os Estados Unidos restritos, sobram apenas Brasil e Austrália”, disse ele, em apresentação, mencionando a guerra comercial do país líder em importações do produto brasileiro com os Estados Unidos.
“A China precisa de socorro, e quem tem carne é o Brasil. Uma hora a China vai vir para o Brasil”.
Segundo Toledo, o mercado vive uma expectativa para a obtenção das autorizações, acreditando que, ainda que não haja uma data precisa, elas possam vir após a visita do presidente Jair Bolsonaro à nação oriental, marcada para o início de agosto.
O consultor destacou que as negociações que aconteceram durante viagem à China da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, voltaram a estaca zero em junho, quando um caso atípico de vaca louca em Mato Grosso levou à suspensão, por dez dias, dos embarques de carne do Brasil aos chineses.
Benefício ao Brasil
Segundo Toledo, a liberação de mais 25 frigoríficos hoje poderia levar a um aumento de 242% nos embarques brasileiros à China até o final do ano, para algo em torno de 70.000 toneladas por mês, enquanto as exportações totais do País poderiam crescer 60% no mesmo período, para cerca de 200.000 toneladas/mês.
Mesmo com poucos frigoríficos aptos para embarques à China e com o caso atípico de vaca louca como limitador, as exportações de carne bovina do Brasil avançaram 27% no primeiro semestre deste ano, ultrapassando as 800.000 toneladas, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
A China continua sendo o principal destino das exportações brasileiras do produto, apesar de ter reduzido sua participação no mercado de 45,30% na primeira metade de 2018 para 38,40% dos embarques nos primeiros seis meses deste ano, segundo a Abrafrigo. Ainda assim, a quantidade adquirida pelos chineses subiu 7% no período, para 317.828 toneladas.
Diário do Comércio