A Cargill fechou fábricas de ração animal na China nos últimos meses em parte devido à rápida propagação da peste suína africana pelo país, o que reduziu a demanda, disse um executivo da empresa nesta sexta-feira.
Os fechamentos destacam os problemas enfrentados por empresas agrícolas globais devido à peste suína africana na China, maior produtora de porcos e consumidora de carne suína do mundo.
A peste suína africana, para a qual não há cura ou vacina, mata praticamente todos os porcos infectados, embora seja inofensiva para humanos.
A doença já matou mais de 1 milhão de porcos na China desde que a nação relatou o primeiro caso em agosto passado, reduzindo a demanda por ingredientes para rações, como o farelo de soja, e pré-mixes, que são misturas de vitaminas e outros nutrientes, vendidas pela Cargill e outros fornecedores.
“Essa não é uma tendência da qual a China se recuperará em seis meses”, disse em uma entrevista Chuck Warta, presidente da divisão de Nutrição Animal e Pre-Mix da Cargill. “É algo que leva 24 meses, 36 meses para a reposição da população mundial de animais.”
O surto acelerou os fechamentos de fábricas de ração em regiões costeiras da China, também estimulados pela mudança de local de criação dos animais na última década, direcionada para o oeste, disse Warta, acrescentando que a maior parte das instalações não será reaberta mesmo que a China controle a peste suína africana.
O número de unidades fechadas pela Cargill e suas capacidades não foram imediatamente especificados.
A Cargill, porém, ainda vê um futuro positivo para seu negócio de nutrição animal na China, disse Warta. A empresa está expandindo uma instalação pré-mix nos arredores de Nanjing, no leste chinês, e adquiriu um terreno para a construção de uma planta para pré-mix e nutrição de animais jovens no norte do país, segundo ele.
“Estamos deixando alguns ativos ociosos, mas transferindo esses recursos para um tipo diferente de produção, que é mais posicionado para servir ao mercado”, disse Warta.
A Cargill afirmou na quinta-feira que a demanda reduzida por ração suína na China, a guerra comercial entre Pequim e os Estados Unidos e as enchentes no Meio-Oeste norte-americano levaram a uma queda de 41% em seu lucro trimestral ajustado.
No primeiro semestre deste ano, as importações de soja pela China recuaram 14,7% em relação a igual período do ano passado, exatamente pela retração de demanda causada pela peste suína, segundo dados alfandegários do país.
As expectativas são de que a China acelere importações de carnes, depois que a perda na criação de suínos levou alguns produtores a ampliarem a janela de alimentação de seus animais para que eles cresçam ainda mais, disse Warta.
Reuters