A Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável lançou o primeiro Sumário de Dados da Pecuária Sustentável, com base na análise dos dados de 925 fazendas, que preencheram o Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável (GIPS) entre 2021 e 2022. O relatório, produzido em parceria com o Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne) da Embrapa (Campo Grande-MS), foi apresentado dia 28 de setembro de 2023, na Expo Rio Preto, SP.

“Através do Sumário é possível identificar os avanços alcançados, os desafios enfrentados e as oportunidades que surgem para melhorias das práticas sustentáveis na cadeia produtiva da pecuária, delineando um panorama da pecuária sustentável e valorização do setor”, disse Luiza Bruscato, diretora executivo da Mesa Brasileira.

Segundo Guilherme Malafaia, pesquisador da Embrapa em cadeias produtivas e coordenador do CiCarne, o relatório contém também as considerações finais e recomendações para a melhoria dos processos nos sistemas produtivos pecuários brasileiros.

“Foi realizada uma análise global dos cinco princípios avaliados no Guia, como gestão, trabalhadores, comunidades, meio ambiente e cadeia de valor, trazendo informações de maiores e menores médias; diferentes regiões do Brasil; e conforma a exigência de produção pecuária e o tamanho da propriedade”, informou Malafaia.

Conclusões

De acordo com o relatório, os produtores rurais têm clareza dos problemas enfrentados e buscam mitigar os impactos negativos de suas atividades nas comunidades no entorno das fazendas. Eles também fazem a gestão das propriedades com planejamento, indicadores e estratégias definidas; calculam os custos de produção, monitoram a margem de lucro, mantêm cadastros atualizados e conhecem as unidades animais por hectare de pastagem utilizadas.

Além disso, os proprietários das fazendas previnem o trabalho infantil, analógico ao escravo ou em condições degradantes no seu quadro de funcionários próprios e terceirizados, estão envolvidos no desenvolvimento de um plano de treinamento de saúde e segurança, e comprometidos no diagnóstico dos riscos existentes à saúde e segurança dos seus trabalhadores.

De acordo com Malafaia, as propriedades rurais com maiores médias investem em ações de melhoria contínua em todos os princípios avaliados pelo GIPS, enquanto as propriedades com médias precisam de medidas corretivas menores em avaliar todos os princípios. “Fica evidente que a sustentabilidade do negócio terá a atenção que merece quando o produtor tiver renda suficiente para atender suas necessidades básicas”, enfatizou.

As médias dos princípios maiores – gestão e cadeia de valor – se encontram nas propriedades rurais que fazem a recria e terminação, bem como nas que possuem sistemas integrados de trabalho, pecuária, floresta, o que comprova que sistemas complexos de planejamento eficiente, gestão competente e envolvimento de equipe multidisciplinar.

Outro ponto de destaque é que as maiores médias também estão nas propriedades acima de mil cabeças, mostrando que a adoção de tecnologias de manejo, das mais simples às mais complexas, como divisão de pastos e melhoramento genético, respectivamente, pode ser um grande impulsionador para o desenvolvimento sustentável da pecuária.

Para Sergio Schuler, presidente da Mesa Brasileira, “Sustentabilidade é interdisciplinar e as boas médias gerais dependem de bons resultados em todos os princípios, ou seja, não há somente um pilar que caracteriza uma pecuária sustentável”.

Com base nas informações do Sumário e indicadores do GIPS, os pecuaristas podem tomar melhores decisões, implementar práticas responsáveis e promover uma gestão sustentável da atividade pecuária, contribuindo para a preservação do meio ambiente, o bem-estar dos trabalhadores, o fortalecimento das comunidades locais  e a promoção de uma cadeia de valor da carne bovina mais sustentável.

Com informações das Assessorias Embrapa e Mesa Brasileira

Crédito na imagem: Divulgação Expo Rio Preto