Modernamente a valorização da produção de alimentos com maior valor agregado, em várias apresentações, os minimamente processados, de fácil preparo, pratos prontos e semi-prontos requerem o desenvolvimento de embalagens adequadas que os protejam da manipulação e das modificações físicas e químicas até que cheguem a mesa do consumidor.

Embalagens de fácil abertura e fechamento, recicláveis, resistentes a processos térmicos, sejam para porções individuais ou coletivas sejam para consumo em diferentes lugares e condições, são desenvolvidas permitindo ao mesmo tempo ao consumidor avaliar de pronto as características e qualidade do alimento em seu interior além de outras informações importantes.

Um mercado de US$400 bilhões

Publicação da ABRE, Associação Brasileira de Embalagem, registra que o mercado global de embalagens para alimentos chegará a US$ 400 bilhões até 2025, tornando as melhorias operacionais e os novos equipamentos essenciais para que as empresas de bens de consumo embalados acompanhem o ritmo. Embalagens de dose única, refeições prontas para consumo, opções saudáveis ​​e opções de conveniência aprimoradas são alguns dos fatores que contribuem continuamente e mais recentemente o crescimento da cadeia de suprimentos, alternativas baseadas em plantas e a demanda por serviços de entrega de alimentos surgiram como novos impulsionadores da taxa de crescimento anual composta entre 4% e 5%.

No artigo intitulado “Sustentabilidade quanto às embalagens de alimentos no Brasil” os autores Ana Paula Miguel Landim e colaboradoras relatam que a embalagem representou uma grande importância para o desenvolvimento do comércio e para o crescimento das cidades ao longo da história. Em geral seu principal objetivo é proteção preservando as características do alimento por constituírem barreira aos fatores ambientais como luz, umidade, oxigênio e microrganismos, mantendo o produto sem alterações indesejáveis durante o transporte e armazenamento. Hoje as embalagens somam novas funções, como a de despertar o desejo de compra, transmitir informações, comunicação, suporte para ações promocionais e ainda mais recentemente surgem as denominadas embalagens ativas que interagem com o produto e as inteligentes que além de interagirem com o produto levam informações ao consumidor. Desta forma, as embalagens passaram a conservar, expor, vender os produtos e por fim conquistar o consumidor por meio de seu visual atraente e comunicativo.

A Resolução de Diretoria Colegiada –RDC, número 91 de 11 de maio de 2001 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA define como embalagem para alimento o artigo que está em contato direto com ele com a finalidade de contê-lo desde a fabricação até entrega ao consumidor, protegê-lo contra agentes externos, alterações, contaminações, adulterações e serem inertes para não liberarem substâncias que possam colocar em risco a saúde humana ou causar alterações sensoriais.

Devem ser fabricadas em conformidade com boas práticas de fabricação para que, nas condições normais ou previsíveis de emprego, eventuais componentes indesejáveis, tóxicos ou contaminantes de sua constituição não produzam migração para os alimentos ou o façam dentro dos limites máximos estabelecidos de forma a não representarem risco para a saúde humana ou ocasionarem modificações inaceitáveis na composição ou nas características dos alimentos. Associado a isto devem dispor de lacres ou sistemas de fechamento que evitem a sua abertura involuntária em condições razoáveis e em casos especiais, sistemas ou mecanismos que as tornem invioláveis ou que mostrem evidências em caso de abertura intencional.

Em função dos materiais de sua composição, metais, plásticos, vidro, celulose (papel ou papelão), produtos têxteis e outros para utilizações específicas, as embalagens podem ser rígidas, semi-rígidas ou flexíveis e classificadas em primárias, as que estão em contato direto com o alimento, secundárias as que acondicionam vários alimentos já em suas embalagens primárias e terciárias que agrupam diversas embalagens secundárias.

As flexíveis e semi-rígidas oferecem vantagens operacionais de permitirem vários formatos sendo ideais para armazenamento de alimentos refrigerados ou congelados enquanto as rígidas, de aço ou alumínio, se destacam pela facilidade no transporte e armazenagem em função dos alimentos nelas contidos, no geral, não necessitarem de conservação a baixa temperatura além de, juntamente com as de papel ou papelão, serem completamente recicláveis, agregando um componente ambiental muito valorizado atualmente.

Avanços nas embalagens

No artigo intitulado “Novos desenvolvimentos e aplicações em embalagens de alimentos” os autores Nilda de Fátima Ferreira Soares e colaboradores citam que embora as embalagens tradicionais tenham contribuído grandemente com os primeiros desenvolvimentos do sistema de distribuição de alimentos, elas não são suficientes para atender às novas exigências dos consumidores por produtos mais próximos ao natural, contendo menos conservantes e que sejam seguros. Para os autores merecem destaque as embalagens ativas que interagem de maneira intencional com o alimento, visando manter algumas de suas características por um maior tempo de conservação e as embalagens inteligentes que monitoram as condições do alimento acondicionado ou do ambiente externo à embalagem, ambas apresentando grande potencial de aplicação no mercado de forma a garantir a qualidade e a segurança para o consumidor.

Embalagens ativas

As embalagens ativas agem liberando durante o período de conservação do alimentos substâncias no interior ou no ambiente que a cerca, objetiva do manter alguma propriedade específica por um tempo maior ou impedindo alterações físicas ou químicas. Substâncias que absorvem oxigênio para impedir a rancificação de produtos gordurosos como carnes, queijos e pescado, que absorvem etileno formado durante o processo natural de maturação de frutas e hortaliças, agentes conservantes para cereais e produtos cárneos, que absorvem umidade indesejável em alimentos desidratados, que absorvem odores em produtos fritos e sucos de frutas e com ação antimicrobiana são alguns exemplos destas utilizações.

Embalagens inteligentes

Já as chamadas embalagens inteligentes são as desenvolvidas com o objetivo de permitir ao consumidor a visualização rápida das condições do alimento através de indicadores internos ou externos que fornecem informações sobre o histórico da embalagem, do próprio alimento e da manutenção da qualidade durante sua vida útil, como por exemplo indicação do vencimento do seu prazo de validade ou de oscilações na temperatura no ambiente de armazenagem repercutindo na do próprio produto.

Dispositivos inteligentes que compõem a própria embalagem como Código de barras, QR Code ou código de barra bidimensional, indicadores de temperatura, indicadores da presença de gases indesejáveis, indicadores de frescor, indicadores da presença de microrganismos de relevância sanitária ou de deteriora do alimento, são capazes de adquirir, guardar e fornecer ao consumidor informações visuais sobre as funções e propriedades do alimento embalado. Um bom exemplo são as tiras de medição de temperatura que, coladas externamente as embalagens, informam a margem da temperatura do objeto da medição dentro de uma escala normal que em caso de ser ultrapassada para maior ou para menor mudam de cor irreversivelmente denotando ao consumidor que os limites foram ultrapassados e o produto pode representar risco.

Rotulagem

Compondo a embalagem os rótulos servem de referencial para que o consumidor possa estar seguro de que o conteúdo é exatamente aquilo que deseja adquirir

O Código de Defesa do Consumidor, lei 8078 de 1990 prevê como direito básico do consumidor informações corretas, claras, precisas, ostensivas em língua portuguesa sobre as características, qualidades, quantidade, composição, prazos de validade e origem dos produtos alimentícios, bem como os eventuais riscos que possam representar à saúde e segurança dos consumidores.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), define rótulo como toda inscrição, legenda, imagem, matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa, estampada, gravada ou colada sobre a embalagem de um produto que, além de apresentar a marca, cumpre o papel definido por lei de apresentar as informações necessárias para o consumidor que o está adquirindo.

Obrigatoriamente devem constar nos rótulos o nome do produto, suas marcas comercial e fantasia se existir, a indicação do fabricante com o respectivo endereço, número do lote e prazo de validade, temperatura para conservação, quantidade, composição (ingredientes), informação nutricional, alerta para portadores de processos alérgicos alimentares e no caso dos produtos de origem animal a chancela do órgão fiscalizador não sendo permitidas informações imprecisas como alusão a características que não possam ser comprovadas, indução do consumidor a acreditar em uma qualidade que o alimento não tem ou destacar a presença ou ausência de ingredientes de importância em outro tipo de alimentos e que em natureza o indicado não tem, como por exemplo, para produtos vegetais indicar a expressão “não contém colesterol” uma vez que este componente naturalmente não é encontrado nos produtos vegetais e somente nos de origem animal. Igualmente não é permitida a alusão a propriedades terapêuticas quando o alimento não tem claramente a indicação medicamentosa.

Está claro que as empresas fabricantes de embalagens a cada momento aprimoram seus produtos em atendimento a evolução da apresentação e conservação dos alimentos, simples ou sofisticados, elaborados pelos estabelecimentos industriais. Em paralelo a isto os consumidores na busca incessante por novas e melhores opções alimentares a cada dia se mostram mais exigente muitas vezes sem a percepção de que um alimento seguro não inclui somente a apresentação comercial agradável aos seus sentidos, mas também a qualidade nutritiva e sanitária.

Assim torna-se fundamental que no momento da compra, a par da avaliação das condições próprias e adequadas da embalagem, a atenta percepção das informações contidas no rótulo façam parte da rotina para a escolha do alimento adequado ao gosto pessoal e dentro da composição e qualidade esperadas.