Entrevista com João Felipe Ribeiro
João Felipe Ribeiro, o nosso entrevistado, é economista de formação pela Universidade Rural do Rio de Janeiro e especialista em agronegócio pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em São Paulo. Em sua vivência dentro da propriedade, se deparou com as dificuldades de criar o tal crédito de carbono dentro da porteira e resolveu seguir nessa empreitada, abriu uma empresa que se dedica a tornar esse assunto em algo útil ao produtor rural.
P – Qual a definição correta de Startup?
R.-Startup é uma empresa que está em fase inicial e que busca desenvolver um produto, serviço ou modelo de negócio de forma inovadora e criativa, ou seja, buscam resolver os problemas de forma diferente do que é feito no mercado até o momento.
O termo startup traduzido significa, em outras palavras, “pegar impulso”, ou seja, são empresas que ainda estão pegando impulso para crescerem. Esse impulso geralmente é dado por investidores
P – Como, onde e quando elas surgiram?
R.- As empresas levam esse nome em inglês em função do termo ter surgido no Vale do Silício,em 1970, na região localizada na Califórnia, nos Estados Unidos, e que ganhou fama em razão das empresas de tecnologia que foram desenvolvidas dentro dos centros de pesquisa das universidades da Região. Como o silício é um material fundamental na construção equipamentos eletrônicos e a região possui muitas empresas de tecnologia, o Vale ganhou esse apelido.
P – Entendi que as Startups surgem de uma boa ideia, com base em tecnologia, de um criador em busca de capital. Isso tem dado certo, no Brasil?
R – Sim, embora os cenários mudem conforme o interesse de retorno dos investidores, é um modelo que tem dado certo em função do alto potencial de retorno que essas empresas possuem.
Hoje no Brasil se percebe um aumento na quantidade de startups, a ideia de criar startups com boas ideias e tecnologia, buscando investimento para crescer, tem dado certo. Isso acontece porque as pessoas têm acesso à tecnologia, o País é grande e diversificado, investidores estão interessados, várias áreas têm inovações, e há ajuda para novas empresas. Apesar dos desafios, muitas startups brasileiras têm conseguido sucesso local e até internacionalmente, ajudando na economia e trazendo novas ideias.
P – Pode nos dar um exemplo estrangeiro e um brasileiro de empreendimentos desse gênero que tenham conseguido um grande sucesso, e também as suas causas?
R – Após o sucesso desse modelo de empresas no exterior, os moldes em que foram criadas foram copiados por muitas outras. Empresas como a Uber, Nubank e Ifood são exemplos de empresas que começaram como startups e hoje fazem muito sucesso no Brasil e no mundo.
No Agro Brasileiro, a Base AG tem ganhado seu espaço desenvolvendo soluções verdes para os produtores rurais. Ao lado de parceiros como a Agrosolutions, que ajuda na gestão financeira e operacional da fazenda, Certificafé, que facilita a certificação do café brasileiro, da Ecotrace, que ajuda na rastreabilidade dos produtos agropecuários, e da Gaia, que é uma plataforma de gestão e reflorestamento.
P – A SNA-Sociedade Nacional de Agricultura, fundada em 1897, de utilidade pública, sem finalidade lucrativa, financeiramente independente e sem conotação política nem religiosa, tem um importante setor dedicado às startups. Você está informado disso?
R- Certamente, hoje a Base Ag, startup em que faço parte, participa do SnashHub, que é um lugar onde as startups se reúnem para trabalhar, compartilhar experiência, receber mentoria de profissionais mais experientes no setor, conhecer investidores e participar de eventos importantes. É como um centro de apoio para as empresas que estão começando no agronegócio.
P – Para finalizar, a pergunta mais importante: nos ensine o passo-a-passo para um interessado, que tenha uma boa ideia, para entrar no novo mundo das Startups.
R – Primeiramente é importante ressaltar que para trabalhar com Agronegócio é importante ser um apaixonado pelo setor, como costumamos dizer, o Agronegócio não para, todos os dias há muito trabalho no campo e muitos problemas a serem resolvidos. Existem grandes oportunidades, porém é preciso ser dedicado, e essa dedicação só irá existir se for um apaixonado pelo setor.
De forma prática, é preciso identificar um problema real e apresentar uma solução inovadora, seja ela de baixo custo e que dê maior faturamento ao cliente. Após, é necessário pesquisar o mercado, para avaliar se esse problema é um problema de outras pessoas, isso ajudará entender o tamanho do mercado em que irá atuar, e, em especial, se há concorrentes e como você se diferencia deles.
Em seguida:
- Desenvolva um plano detalhado que explique como sua startup funcionará, quem são seus clientes-alvo, como você vai gerar receita e como planeja crescer ao longo do tempo.
- Construa um caso inicial, um protótipo Mínimo Produto Viável (MVP) para testar sua ideia no mercado real e obter respostas dos usuários.
- Se necessário, procure por parceiros ou co-fundadores que tenham habilidades complementares às suas, como tecnologia, marketing ou vendas.
- Formalize sua startup legalmente, escolhendo a estrutura legal apropriada, registrando seu nome e lidando com questões fiscais.
- Estabeleça uma presença online por meio de um site, redes sociais e outras plataformas relevantes para sua indústria.
- Participe de eventos, conferências e encontros de empreendedores para construir relacionamentos, aprender com os outros e criar contatos importantes.
- Identifique fontes de financiamento, como investidores anjo, aceleradoras ou fundos de venture capital, e prepare um pitch convincente para atrair investidores.
- Baseado na resposta dos clientes e na análise do mercado, ajuste seu produto ou serviço conforme necessário para melhor atender as necessidades dos clientes.
- Prepare uma estratégia de marketing para lançar sua startup no mercado. Crie buzz, promova sua oferta e atraia os primeiros clientes.
- Continue ouvindo o feedback dos clientes, adaptando-se às mudanças e refinando seu produto.