Como a tecnologia de sexagem pode transformar a cadeia produtiva

A tecnologia de sexagem in-ovo permite identificar o sexo do embrião dentro do ovo durante o período de incubação, antes da eclosão. O objetivo é evitar o abate de pintinhos machos recém-nascidos, prática comum na produção de ovos voltada para postura, onde os machos não têm uso econômico. No Brasil, a Innovate Animal Ag realizou uma pesquisa com 1.553 consumidores responsáveis pela maior parte das compras domésticas, entre 20 e 30 de dezembro de 2024. Os resultados indicaram que 79% dos entrevistados manifestaram interesse em adquirir ovos produzidos com essa tecnologia.

Além disso, 76% se mostraram dispostos a pagar um valor adicional médio de R$ 3,87 por dúzia. Antes da pesquisa, 86% dos consumidores desconheciam a tecnologia, e 72% acreditam que a indústria deveria adotá-la para substituir o abate de pintinhos machos. A aplicação da sexagem in-ovo já está presente em países da União Europeia, onde cerca de 28% das galinhas poedeiras são provenientes de lotes sexados in-ovo.

Nos Estados Unidos, a expectativa é que a adoção da técnica cresça nos próximos anos, especialmente em nichos de mercado preocupados com o bem-estar animal. No Brasil, algumas empresas do setor de avicultura já utilizam a tecnologia em suas operações. Além disso, iniciativas regulatórias buscam proibir o abate e descarte de pintinhos machos recém-eclodidos, o que pode acelerar a adoção da tecnologia.

Impactos para produtores

A implementação da sexagem in-ovo altera processos produtivos ao exigir investimentos em equipamentos específicos e treinamento para garantir rapidez e precisão na identificação do sexo dos embriões. Embora haja aumento nos custos operacionais, a tecnologia pode reduzir perdas associadas ao abate de pintinhos machos, além de possibilitar o atendimento a mercados que demandam práticas mais sustentáveis e éticas. O ajuste na cadeia produtiva pode representar uma mudança estrutural nos sistemas de incubação e produção.

Impactos para consumidores

Os consumidores demonstram crescente interesse em produtos que promovem o bem-estar animal, manifestando disposição para pagar um valor adicional pelos ovos sexados in-ovo. A tecnologia pode oferecer maior transparência sobre a origem dos alimentos, alinhando-se a tendências de consumo consciente. No entanto, o aumento no preço dos ovos pode influenciar decisões de compra, sendo necessário equilibrar custo e aceitação do mercado.

Impactos para o meio ambiente

Ao evitar o abate e descarte de pintinhos machos, a sexagem in-ovo contribui para a redução do desperdício e dos impactos ambientais associados à produção animal. A técnica pode diminuir o uso de recursos naturais relacionados à criação desnecessária de pintinhos machos, alinhando a produção de ovos a práticas com menor pegada ambiental. Além disso, o método pode colaborar com políticas e legislações ambientais que buscam minimizar impactos negativos da agropecuária.

A expectativa é que, com o avanço da tecnologia e o aumento da aceitação pelo mercado, a sexagem in-ovo se torne prática comum na produção de ovos, promovendo mudanças na cadeia produtiva e atendendo a demandas sociais, econômicas e ambientais.

Por André Casagrande. Com informações da assessoria de comunicação Innovate Animal Ag
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