Estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, em São Paulo, usou com sucesso a vitamina B2 associada à radiação ultravioleta (emitida pelo sol) para inativar, reduzir ou eliminar patógenos (microrganismos nocivos) presentes no sangue bovino conservado para ser utilizado em transfusões.

O estudo, que contou com apoio do núcleo Gado de Corte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), teve por foco os protozoários do gênero Babesia (B. bovis e B. bigemina) e a bactéria Anaplasma marginale, que associados provocam a doença conhecida como tristeza parasitária bovina (TPB), causadora de grandes prejuízos aos criadores de gado (redução significativa da produção de carne e leite).

A transfusão de sangue de bovinos é procedimento terapêutico capaz de proporcionar grandes benefícios para o gado. “Os riscos associados à transfusão incluem a possibilidade de transmissão de doenças pelo sangue, como a TPB”, explica o professor Raimundo Souza Lopes, um dos autores do trabalho.

O estudo utilizou bezerros mestiços derivados das raças Nelore/Caracu (ver um exemplar na foto). Parte do grupo recebeu sangue parasitado sem tratamento e parte recebeu sangue tratado com vitamina B2 associada à radiação ultravioleta.

Os resultados apontaram que o tratamento reduziu significativamente a carga parasitária. Além do benefício terapêutico, o tratamento pode agregar valor ao sangue comercializado pelos laboratórios e bancos que disponibilizam o produto especialmente para a transfusão.

Segundo o professor Raimundo, o impacto econômico da TPB varia entre US$ 500 milhões e US$ 2 bilhões anuais e inclui gastos com tratamento, mortalidade de animais e perdas indiretas, como queda na produção de leite, diminuição do ganho de peso e custos de controle e profilaxia.