Fico me lembrando da história da seleção do Nelore, suas fases com diferentes enfoques e as ferramentas disponíveis em cada época. O início, com a necessidade de fixar caracteres raciais para diferenciá-lo das demais raças. As exposições e as polêmicas mudanças nos critérios de julgamento. A balança e a resistência dos puristas, os exageros e a corrida do ponderal.
Progressos importantes no manejo, na estação de monta e no diagnóstico de gestação. A TE e depois a FIV. O início dos programas de avaliação e o crescente número de criadores que recorrem a eles, a evolução do aparato técnico dos programas, as novas ferramentas, como a Ultrassonografia de carcaça e as avaliações moleculares.
São quase 100 anos de história, dos quais a 54 eu assisti. Em cada fase, aconteceram os exageros das novidades e a resistência dos conservadores. Hoje, podemos falar dos exageros de determinadas épocas, os critérios raciais no início, a valorização dos campeonatos, a competição por ganho de peso, as doadoras subférteis etc…. Será que não estamos exagerando na valorização das avaliações dos programas? Será que os animais que contrariam tudo que foi feito na seleção do Nelore serão escolhidos apenas por suas DEPs? O pecuarista Cláudio Carvalho me alertou, numa conversa há uns 10 anos: “Programa de avaliação mal aplicado é mais prejudicial para a seleção do que a pista das exposições”.
Creio que o surgimento de novas ferramentas para auxiliar o trabalho do selecionador é fundamental e, quem não se atualizar, não acompanhará a evolução da raça. Por outro lado, é preciso tomar muito cuidado com os exageros e com os recordes de avaliação. Sem o talento, a intuição e o pioneirismo dos selecionadores do passado, não teríamos o Nelore para os programas avaliarem.