A dependência da China como cliente para os exportadores de carnes não é uma questão isolada do Brasil e não preocupa os frigoríficos. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, em debate virtual promovido nesta sexta-feira pela consultoria Datagro.

“A China está comprando porque precisa e vai pagar, mas é uma situação diferente do que aconteceu com a Rússia. Até porque não apenas o Brasil, mas todos os grandes mercados têm na China um importante comprador”, disse Santin, em alusão à dependência que os frigoríficos brasileiros tiveram dos russos na década passada.

No primeiro semestre, a China foi responsável por 48,80% das exportações brasileiras de carne suína e 16,80% das exportações de carne de frango, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura.

Na avaliação de Santin, o país asiático continuará a ser um grande mercado para a importação de carne suína, mesmo que a recomposição do rebanho do país asiático ocorra em 2025. Desde 2018, a China sofre com uma epidemia de Peste Suína Africana, o que reduziu o plantel e estimulou importações.

“Se a China conseguir voltar aos 54 milhões de toneladas (de produção de carne suína) em 2025, ainda assim vai precisar de 56 milhões de toneladas de carne suína (para consumo). A importação tende a diminuir, mas não deve parar”, afirmou Santin.

Segundo estimativas do USDA, a produção chinesa de carne suína irá totalizar 40.2 milhões de toneladas neste ano, contra 55.4 milhões de toneladas em 2018.

As importações do país asiático, que consome metade da carne de porco do mundo, devem aumentar das 1.5 milhão de toneladas em 2018, para 4.4 milhões de toneladas neste ano.

 

Valor Econômico