Embora o ano de 2020 tenha sido muito positivo para a carne bovina, deve haver mais incertezas nos próximos anos, segundo analistas do Itaú BBA.

O consultor de agronegócios do banco, César de Castro Alves, afirmou que há pontos positivos para 2021, como a oferta menor de animais para abate, já que o bezerro está valorizado e produtores têm segurado fêmeas, e a demanda forte da China pela proteína.

No entanto, disse Alves, “como o preço do bezerro subiu muito, o desafio será fazer com que esse bezerro caro de agora não encontre um boi gordo menos valorizado do que o de hoje. Se encontrar, pode haver problemas, já que o bezerro caro demanda um boi gordo valorizado”.

O consultor lembrou que esse cenário vale para o ano que vem e para o seguinte, já que os bezerros que entram no sistema agora devem ser terminados em 2022. Alves participou nesta terça-feira da quinta edição do evento Agro em Pauta.

Recursos

O diretor do Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, disse que, embora a atividade deste ano deva garantir muito dinheiro para investimentos em 2021, a decisão de como usar esses recursos deve ter muita incerteza.

“Há os altos preços dos grãos. E também a possibilidade de a arroba do boi gordo ceder. Essa equação dá muita incerteza, especialmente para quem faz as etapas finais do ciclo (de engorda).”

Por sua vez, Alves indicou que, nos cálculos do Itaú BBA, a margem de lucro para confinamento de animais alojados hoje já não é positiva.

“Diria que é negativa, com os preços que temos de milho e de farelo e com a curva do boi gordo levemente inclinada para baixo. É um quadro totalmente diferente do que tivemos com animais alojados em julho e agosto e que estão sendo entregues agora.”

Mercado interno

Os analistas afirmaram também que os preços da carne no mercado interno preocupam. Em 2020, eles subiram e ajudaram a margem dos frigoríficos, que havia sido prejudicada com o avanço do boi gordo.

“Ano passado, houve uma puxada na arroba, mas a carne estava valorizada em relação ao boi. Hoje, a situação do frigorífico no mercado interno está mais difícil”, complementou Alves. “Há dificuldade para o preço da carne acompanhar o preço do boi”.

Ele lembrou ainda da incerteza da economia, já que o auxílio emergencial pode acabar e o desemprego segue alto, reduzindo a possibilidade de o frigorífico transferir preços.

As exportações, disse Alves, também não devem ser tão rentáveis em 2021 quanto foram em 2020. “O spread do frigorífico já é menor. Então, apesar de podermos ter volume bom no ano que vem, o resultado pode não ser tão positivo”.

 

Fonte: Broadcast Agro

Equipe SNA