Os chineses querem renegociar os preços da carne bovina brasileira que já chegaram ao País e alguns frigoríficos se planejam para encurtar as escalas de abate. Diante das incertezas econômicas no mercado interno, o consumo pode ficar mais comprometido e pressionar os preços da arroba.

Segundo o analista da AgroAgility, Gustavo Figueiredo, as estratégias adotadas pelos frigoríficos no início do isolamento da população contribuiu para evitar o excedente no mercado interno. “As indústrias perceberam que a demanda seria afetada pelo o Coronavírus. A expectativas apontam que o consumo deve retrair ainda mais no próximo semestre”, disse.

Com as incertezas no mercado interno, a expectativa é que as indústrias frigoríficas tenham de fazer novos ajustes nas operações. “A partir de agora até o final do ano, as demissões devem começar a aumentar e os números de desempregados podem ficar maiores do que em 2019”, afirmou Figueiredo.

Outro fator que contribuiu para a sustentação da arroba nestas últimas semanas foi o câmbio, quando o dólar quase chegou aos R$ 6,00. “A valorização cambial ajudou nas margens dos frigoríficos e a demanda chinesa aquecida ajudou a sustentar ainda mais os preços da carne”, disse o analista.

Ele acrescenta que o setor depende exclusivamente da demanda chinesa para seguir com a sustentação do preço da arroba. “Nós não sabemos como vai ser nos próximos meses e vamos trabalhar de maneira conservadora. Estamos observando que algumas compras chinesas começaram a ser renegociadas e os frigoríficos não querem fazer uma escala tão longa como fizeram há pouco tempo”.

Atualmente, as cotações da arroba para o animal com padrão exportação estão em torno de R$ 205,00 e para o animal comum estão próximas a R$ 195,00. “Temos um ágio de R$ 10,00 a R$ 15,00 e se as exportações desacelerarem vai haver um impacto muito forte nos preços da arroba”, declarou Figueiredo.

 

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