As exportações brasileiras de proteína animal mantêm-se impulsionadas pelo avanço da peste suína africana (ASF, na sigla em inglês) na Ásia, segundo análise do banco de investimentos BTG Pactual.

Em relatório sobre o setor de proteína animal brasileiro, assinado pelos analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, o banco ressalta que os embarques de carnes brasileiras no segundo trimestre deste ano registraram volume expressivo, em virtude da disseminação da doença.

Os dados da Balança Comercial de junho foram divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

“Os dados trimestrais de exportação das três proteínas (frango, suína e bovina) continuam apontando para um momento muito positivo em todas as frentes, em uma combinação de fundamentos do ciclo positivo e aumento da demanda externa por causa dos impactos do surto da ASF na China”, cita o relatório.

Em junho, os embarques de carne bovina, suína e de frango in natura em volume dispararam 104,60%, 84,40% e 61,50%, respectivamente, em relação a junho de 2018.

“Enquanto as comparações anuais para o mês e para o trimestre foram prejudicadas pela greve dos caminhoneiros e pela mudança na metodologia de relatórios em abril de 2018, a comparação com dados sequenciais e históricos atestam a forte demanda no exterior e os fundamentos do ciclo positivo para todas as três proteínas”, afirma o BTG.

No relatório, o banco relata que as exportações brasileiras de carne suína in natura cresceram 22,40% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro trimestre e 56,40% na comparação anual do segundo trimestre.

Os embarques brasileiros de carne bovina in natura registraram aumento de 2,40% na comparação entre os trimestres do mesmo ano e 60,20% na relação do segundo trimestre 2019 em relação a 2018. As vendas externas de carne de frango cresceram 17,60% no segundo trimestre de 2019 em relação ao primeiro trimestre de 2019 e 32,30% na comparação anual do segundo semestre.

O BTG destacou também que o aumento de 5% nas vendas externas de carne bovina na comparação anual do mês de junho, apesar da suspensão temporária dos embarques para a China, sugere que “a demanda também foi forte em outras regiões e que exportações para a China foram possivelmente restabelecidas em um ritmo mais rápido do que o esperado”.

Apesar de o momento ser positivo para todo o segmento de proteína animal, o BTG observa que a carne suína foi o destaque das exportações no segundo trimestre.

“As exportações de carne suína foram o principal destaque do trimestre, com combinação de alta de 22% em volume na comparação entre os segundo e primeiro trimestres deste ano e com 12% de incremento nos preços em dólar, levando ao aumento de 37% na receita com a exportação”.

Quanto às exportações de carne de frango, o banco considera que a “demanda externa está sendo atendida em detrimento da oferta doméstica”. O BTG ponderou que a alta nas vendas em volume no trimestre foi capaz de absorver a queda nos preços, gerando incremento na receita.

O banco manteve a JBS como principal recomendação de compra do setor. A BRF e a Marfrig continuam com indicação neutra.

 

Estadão Conteúdo