Impulsionadas pela abertura de novos mercados e, principalmente, pela autorização da China para que mais frigoríficos brasileiros exportem a seu mercado, as vendas de carne bovina do Brasil deverão bater  novo recorde em 2019.

Segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o volume dos embarques tende a crescer 10,8% na comparação com o recorde de 1.6 milhão de toneladas de 2018, para 1.8 milhão de toneladas, e o valor das vendas aumentará 11%, para US$ 7.2 bilhões. Neste ano, serão US$ 6.5 bilhões.

A jornalistas, o presidente da Abiec, Antonio Camardelli, confirmou que os exportadores brasileiros estão otimistas com a possibilidade de a China habilitar mais frigoríficos no primeiro bimestre de 2019. Atualmente, 15 unidades do país estão autorizadas a exportar aos chineses.

Recentemente, técnicos do serviço sanitário da China visitaram seis plantas de carne bovina do Brasil e a expectativa é que, com a boa avaliação dos chineses sobre a visita, até dez novos frigoríficos recebam sua habilitação.

“Se com 16 unidades exportamos US$ 1.6 bilhão. Imagine com mais dez”, disse Camardelli. Para 2019, a expectativa da Abiec é que as exportações brasileiras à China rendam US$ 1.8 bilhão, contra US$ 1.5 bilhão neste ano. Em volume, os embarques devem totalizar 431.000 toneladas, com alta de 31,4% em relação às 328.000 estimadas para este ano.

Hoje, a China é oficialmente o segundo principal destino das exportações de carne de bovina do Brasil em volume, pouco atrás de Hong Kong. Boa parte da carne exportada à região administrativa, no entanto, é consumida na China continental. Juntos, China e Hong Kong responderam por cerca de 45% das exportações brasileiras de carne bovina em 2018.

Além do crescimento nas vendas à China, os exportadores de carne bovina do Brasil também trabalham com a expectativa da abertura do mercado da Indonésia. As autoridades do país asiático já visitaram frigoríficos brasileiros, e não houve pendências técnicas. Resta uma decisão política dos indonésios. Embora otimista, Camardelli admite que o lobby da Austrália, que exporta boi vivo à Indonésia, é um entrave.

“Outro mercado que deverá ajudar no crescimento das exportações de carne bovina do Brasil é o dos Estados Unidos”, afirmou Camardelli. Segundo ele, o Ministério da Agricultura do Brasil já ofereceu as garantias pedidas pelos EUA para que o país reabra seu mercado à carne bovina in natura. Esse mercado foi fechado no ano passado em razão da detecção de abcessos (acúmulo de pus) em carne bovina importada do Brasil.

Também há otimismo em relação à Rússia. Depois de ficar todo o ano de 2018 sem poder acessar o mercado russo, Moscou embargou a carne brasileira no fim de 2017, o serviço sanitário da Rússia autorizou, no mês passado, que cinco frigoríficos brasileiros voltem a exportar.

“É um número bastante inferior aos 30 abatedouros que estavam autorizados a vender para os russos antes do embargo, mas já deve significar um volume mensal de 6.000 toneladas de exportação em 2019”, afirmou Camardelli. Além disso, o expectativa da entidade é que mais frigoríficos brasileiros sejam autorizados por Moscou ao longo do próximo ano.

 

Fonte: Valor Econômico