A indústria de aves e suínos do País deverá apresentar crescimento considerável em 2021 e em 2022, segundo cenário traçado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A entidade estimou que neste ano e no próximo deverão aumentar a produção, as exportações e o consumo doméstico de ovos e de carnes de frango e suína.

No mercado de ovos, a expectativa é de crescimento de 2% na produção deste ano, para 54.5 bilhões de unidades, e de alta de 3% em 2022. O consumo doméstico per capita tende a registrar aumentos de 1,50% e 2,50%, respectivamente (262 por habitante no ano que vem), enquanto os embarques deverão aumentar 42% em 2021, para 8.900 toneladas, e mais 6,50% no próximo ano.

Na área de carne de frango, a ABPA projeta uma produção de 14.1 a 14.3 milhões de toneladas em 2021, com aumento de até 3,50%, e de até 4,50% em 2022. O consumo interno foi estimado pela entidade entre 9.55 e 9.8 milhões de toneladas em 2021, com alta de até 2% em relação a 2020 e de até 6,50% no ano que vem.

Para as exportações, a estimativa é de um volume entre 4.5 e 4.55 milhões de toneladas este ano, com aumento de até 7,50%, e de até 3,50% em 2022.

Carne suína

No caso da carne suína, finalmente, a ABPA estima uma produção de 4.65 a 4.7 milhões de toneladas em 2021, com aumentos de até 6% em relação a 2019, e de até 4% em 2022. O consumo doméstico tende a atingir entre 3,5 e 3.6 milhões de toneladas este ano, com alta de até 5,50% e de até 5,50% no ano que vem. As exportações deverão totalizar de 1.1 a 1.15 milhão de toneladas em 2021, com aumento de até 12%, e de até 13% em 2022.

Crise econômica

Em larga medida, produção e consumo de ovos e carne de frango estão aquecidos por conta da crise econômica no País, uma vez que são proteínas mais baratas que a carne bovina, por exemplo. No caso da carne suína, o destaque são as exportações para a China, que ainda estão recompondo seu plantel depois da crise da Peste Suína Africana.

Em entrevista coletiva, Ricardo Santin, presidente da ABPA, disse que as empresas ligadas à entidade investiram cerca de R$ 1 bilhão para manter o ritmo de crescimento em meio à pandemia.

Ele lembrou que a cadeia produtiva segue com margens apertadas, apesar do aumento no consumo interno e das exportações, devido à elevação dos custos. De janeiro de 2019 para cá, os preços do milho e do farelo de soja mais que dobraram, se consolidando no que Santin acredita ser um novo patamar.

Cenário favorável

O dirigente trabalha com a perspectiva de pequena queda dos preços dos insumos. Nesse contexto, a ABPA considerou “importantíssima” a isenção de PIS/Cofins sobre as importações de milho. A medida beneficia principalmente pequenos e médios produtores, que não têm acesso ao mecanismo de drawback.

Santin sustentou que há oferta suficiente no mundo e que basta o dólar baixar um pouco para as compras ganharem corpo. Apesar da situação delicada, a ABPA vê um cenário global favorável às duas proteínas brasileiras.

A Europa, maior exportadora de carne suína, deve vender 1,80% menos para outros países este ano, enquanto o consumo de yellow feathers (aves de pelagem amarela) nos wet markets da China deve cair e abrir espaço ao frango industrial.

Além disso, em meio à pandemia, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu mais Estados do Brasil como áreas livres de aftosa sem vacinação, o que possibilita acesso a novos mercados com grande poder aquisitivo, que podem ajudar a equilibrar as contas da indústria.

 

 

Fonte: Valor

Equipe SNA