Doença de notificação obrigatória à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a influenza aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, bem como o homem.

Segundo o Código Sanitário para os Animais Terrestres – OMSA, trata-se da detecção em aves de produção comercial de um vírus de influenza tipo A que apresenta: sequência de aminoácidos do sítio de clivagem HA0 similar às observadas em vírus previamente considerados de alta patogenicidade em galinhas; ou índice de patogenicidade intravenosa (IPIV) superior a 1,2; ou mortalidade superior a 75%, em ave inoculadas por via intravenosa, podendo ser classificado em duas categorias:

1- Influenza aviária de baixa patogenicidade – IABP (Low Pathogenic Avian Influenza – LPAI), que geralmente causam poucos ou nenhum sinal clínico nas aves.

2- Influenza aviária de alta patogenicidade – IAAP (Highly Pathogenic Avian Influenza – HPAI), que podem causar graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade.

Apesar de ser exótica em território nacional, ou seja, nunca detectada no Brasil, a influenza aviária é uma doença de distribuição mundial, com ciclos pandêmicos ao longo dos anos, e com graves consequências ao comércio internacional de produtos avícolas.

Os vírus de influenza tipo A apresentam alta capacidade de mutação (drift e shift antigênico) e consequentemente de adaptação a novos hospedeiros. A adaptação dos vírus de influenza aviária ao homem já foi responsável por uma alta taxa de letalidade, e a possibilidade de transmissão desses vírus entre os seres humanos pode representar um alto risco para a população mundial.

Atualmente os principais fatores que contribuem para a transmissão da influenza aviária são os seguintes:

1- Aves migratórias/silvestres – A exposição direta a aves silvestres infectadas é o principal fator de transmissão da IA. Estas aves atuam como hospedeiro natural e reservatório dos vírus da IA desempenhando um papel importante na evolução, manutenção e disseminação desses vírus. Essas aves normalmente apresentam infecção sem adoecer, o que lhes permite transportar o vírus a longas distâncias ao longo das rotas de migração. As principais espécies silvestres envolvidas parecem ser aves aquáticas, gaivotas e aves costeiras.

2- Globalização e comércio internacional – O intenso fluxo de pessoas ao redor do mundo, assim como de mercadorias, aumenta consideravelmente o risco de disseminação de doenças, incluindo a influenza aviária.

3- Mercados/feiras de vendas de aves vivas – Podem facilitar o contato próximo entre diferentes espécies de aves e outros animais, assim como com o homem, o que além de favorecer a transmissão, aumenta a possibilidade de recombinações genéticas entre diferentes tipos de vírus de influenza.

Portanto, aplicar medidas de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas visando limitar a exposição de aves domésticas a aves silvestres, principalmente migratórias e/ou aquáticas, é a principal medida de mitigação de risco para introdução do vírus da influenza aviária no plantel avícola nacional, e consequentemente, para diminuir o risco de evolução do vírus para formas altamente patogênicas e recombinação com componentes de outros vírus de influenza para formar vírus que podem não apenas infectar seres humanos, como ser transmitidos entre seres humanos.

Vigilância epidemiológica

O Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) além de estabelecer os critérios mínimos de biosseguridade a serem aplicados pelos estabelecimentos avícolas para o registro destes junto ao Serviço Veterinário Oficial (SVO), também determina os procedimentos específicos de prevenção e vigilância epidemiológica para IA, conforme o Plano de Vigilância de Influenza Aviária e doença de Newcastle.

A Vigilância epidemiológica tem 3 objetivos definidos:

Objetivo 1: detecção precoce de casos IA e DNC nas populações de aves domésticas e silvestres.

Objetivo 2: demonstração de ausência de IA e DNC na avicultura industrial de acordo com as diretrizes internacionais de vigilância para fins de comércio.

Objetivo 3: monitorar a ocorrência de cepas virais da IA para subsidiar estratégias de saúde pública e saúde animal.

Dentre os componentes da vigilância epidemiológica, estão:

1- Vigilância Passiva – Investigação imediata de qualquer notificação ou caso suspeito de influenza aviária e doença de Newcastle em estabelecimentos avícolas:

A vigilância passiva em estabelecimentos avícolas tem como base o pronto atendimento pelo SVO das notificações feitas por parte dos médicos veterinários responsáveis técnicos de granjas, produtores ou por qualquer pessoa que tenha conhecimento da ocorrência de mortalidade repentina de aves, associadas ou não a sintomas clínicos neurológicos ou respiratórios.

Essas notificações geram investigação a campo para caracterização ou não, por parte do SVO, de uma suspeita provável de IA e DNC.

Se a suspeita for caracterizada com provável, são colhidas amostras para diagnóstico laboratorial oficial, realizada investigação epidemiológica e a propriedade permanece interditada até conclusão da investigação e emissão do laudo laboratorial negativo.

2- Vigilância Passiva – Investigação imediata de suspeitas em abatedouros:

Nos abatedouros frigoríficos, o critério para notificação de caso suspeito de Síndrome Respiratória e Nervosa das aves (SRN) é exclusivamente baseado na identificação de aves com sinais clínicos ou lesões (neurológicos, respiratórios ou digestórios), ou ainda a presença de aves moribundas ou mortas na plataforma de recepção, compatíveis com  SRN.

Nesse contexto, o serviço de saúde animal da unidade veterinária local (UVL) dos Órgãos Executores de Sanidade Agropecuária (OESA) deve ser acionado para o atendimento no local e este deve avaliar se a notificação é caracterizada como suspeita descartada ou caso provável de SRN.

Se a suspeita for caracterizada como caso provável, são colhidas amostras para diagnóstico laboratorial oficial, o abate do lote suspeito deve ser realizado em separado e seus produtos apreendidos cautelarmente. A investigação epidemiológica também deve ser realizada na propriedade de origem das aves, a qual permanece interditada até conclusão da investigação e da emissão do laudo laboratorial negativo.

3- Vigilância Passiva – Investigação imediata de qualquer notificação ou caso suspeito de influenza aviária e doença de Newcastle em mortalidade excepcional de aves silvestres:

A vigilância passiva em mortalidade excepcional de aves silvestres tem como base o pronto atendimento pelo SVO das notificações feitas por qualquer pessoa que tenha conhecimento da ocorrência de mortalidade repentina nas aves na natureza, principalmente em áreas de concentração para aves aquáticas migratórias, pontos aquáticos de parada e outros corpos d’água.

Entende-se por eventos de mortalidade excepcional em aves silvestres as situações em que são encontradas aves mortas ou doentes em número acima do normalmente observado e por causa desconhecida, excluindo-se, por exemplo, ações antrópicas (envenenamentos, acidentes químicos, morte por armas, bombas, armadilhas, etc.) e fenômenos naturais (tempestades, terremotos, secas, enchentes, furacões e florações de algas nocivas, etc.).

Essas notificações geram investigação a campo para caracterização ou não, por parte do SVO, de uma suspeita provável de IA e DNC.

Se a suspeita for caracterizada com provável, são colhidas amostras para diagnóstico laboratorial oficial, realizada investigação epidemiológica e adoção de medidas de proteção dos plantéis de produção da região.

1- Vigilância Ativa em avicultura industrial: estabelecimentos avícolas de reprodução, corte, postura comercial e outras aves:

Plano de vigilância ativa em aves de reprodução, corte, de postura comercial e de outras aves, em um quantitativo de estabelecimentos selecionados para cada uma das 7 áreas de amostragem definidas no país, com a colheita de amostras segundo critérios estatísticos e epidemiológicos, baseados em fatores de risco.

A colheita de material é realizada no estabelecimento de criação das aves pelo SVO e encaminhado ao laboratório oficial do MAPA.

2- Vigilância Ativa em aves de subsistência em áreas de maior risco de introdução de influenza aviária:

Plano de vigilância ativa em criações de aves de subsistência, principalmente aquelas localizadas em áreas de maior risco de contato com aves aquáticas migratórias.

A priorização da amostragem em criações de subsistência onde possa haver contato com aves aquáticas migratórias é uma importante estratégia a ser adotada para a detecção de IA e DNC, visto que a maioria dos casos de introdução do vírus e de ocorrência de surtos em outros países tinha essa relação.

3- Vigilância Ativa para certificação sanitária de compartimentos avícolas:

Em 2014 o MAPA publicou a normativa de Certificação Sanitária de Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola, a qual tem caráter voluntário e tem por objetivo certificar subpopulações com status sanitário diferenciado, livres de influenza aviária e doença de Newcastle.

Confira mais aqui!

4- Vigilância Ativa em aves importadas:

O material genético (ovos férteis e aves de um dia) e as aves ornamentais importadas também passam por vigilância ativa no país de origem e ao ingressarem no Brasil.

Para importação de material genético avícola (ovos incubáveis e pintos de um dia), são colhidas amostras para pesquisa de vírus da influenza aviária, vírus da doença de Newcastle, Salmonella Gallinarum, S. Pullorum, S. Typhimurium, S. Enteritidis, Mycoplasma gallisepticum, M. synoviae e M. meleagridis (somente perus).

Consulte aqui a legislação relacionada à vigilância para IA e DNC

Ficha Técnica – Influenza aviária

Fonte: Ministério da Agricultura