Quase ao mesmo tempo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgaram suas projeções sobre a produção, exportações e disponibilidade interna de carne de frango no Brasil em 2019 (veja no quadro abaixo os números divulgados).

Embora suas estimativas apresentem grandes diferenças entre si, USDA e Conab praticamente coincidem nas previsões quanto ao índice de crescimento da produção brasileira de carne de frango em 2019: 1,85% (USDA) e 1,90% (Conab).

Já para as exportações, o USDA sinaliza expansão próxima de 2,5%, enquanto a Conab, mais “pé no chão”(é a primeira previsão do órgão no ano), aponta incremento médio pouco superior a 0,50%.

Naturalmente, o volume exportado interfere diretamente na disponibilidade interna. E como as projeções de exportação são diferentes, os índices de expansão do volume disponível no mercado interno também apresentam grande diferença entre si. De 2,5% para a Conab, e de 1,62% para o USDA.

Mas a pergunta que não quer calar é: qual dos dois órgãos está mais próximo da realidade? Porque, simplesmente, a produção prevista pelo USDA é quase 300.000 toneladas superior à da Conab, enquanto na exportação, inversamente, é a Conab que aponta volume quase 300.000 toneladas maior que o do USDA.

A resposta pode surpreender, mas a realidade é que, a despeito das diferenças, ambas as projeções estão muito próximas da realidade.

Pois o USDA inclui em suas projeções de produção todas as aves da espécie Gallus domesticus abatidas, o que envolve todos os tipos de descartes, de matrizes, de poedeiras, de aves de linhas puras e, ainda, as criações domésticas. Já as projeções da Conab levam em conta, exclusivamente, o alojamento interno de pintos de corte (segundo levantamento da Apinco).

Quanto às exportações, a grande diferença existente advém do fato de o USDA considerar, em suas estatísticas, apenas o produto in natura, além de desconsiderar as exportações de pés/patas de frango. Daí seus números serem significativamente menores que os das estatísticas oficiais brasileiras.

Sendo assim, a disponibilidade interna apontada pelo órgão norte-americano acaba sendo muito menor e bem mais próxima daquela estimada pela Conab (com a diferença, apenas, relativa à maior diversidade de aves contida nos números do USDA).

Dessa forma, se considerado, em ambas as projeções, o volume total efetivamente exportado (pouco mais de quatro milhões de toneladas), a disponibilidade per capita prevista para 2019 irá variar entre 45,100 kg (Conab, cuja base se firma, exclusivamente, nos pintos de corte alojados) e 46,335 kg (projeções corrigidas do USDA, aí inclusos os descartes).

E como tais volumes estão entre 1,69% e 1,81% acima dos registrados em 2018 (diferença de apenas 0,12% entre um índice e outro), conclui-se que até nesse quesito as projeções do USDA e da Conab são, novamente, coincidentes.

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