Cotado no final do ano a R$5,00/kg, mas ainda registrando negócios a preços inferiores, o frango vivo comercializado no interior de São Paulo fechou 2021 com a menor média mensal em oito meses, ou seja, com preços superiores (mas apenas nominalmente) aos do letárgico primeiro quadrimestre – época em que o País apenas iniciava o processo de vacinação da população contra a Covid-19.
O principal fator a contribuir para o fraco desempenho do mês já é de todos conhecido: alimento do dia a dia, há tempos o frango deixou de ser o prato das festas. Assim, dezembro já não apresenta o dinamismo de velhos tempos.
Mas, sem dúvida, desta vez o desempenho do frango vivo foi mais afetado pela baixa procura dos abatedouros que, tentando preservar o mercado da ave abatida, acorreram bem menos ao mercado independente de aves vivas. Sem sucesso, diga-se de passagem, pois os preços do frango abatido também retrocederam ao menor nível em oito meses.
É verdade que, com isso, o frango manteve a competitividade frente a outras carnes (inclusive as das aves especiais para o Natal) e sua saída foi franca. Ainda assim, ambos (vivo e abatido) perderam, pois, sem que seus custos recuassem na mesma proporção, seus preços no fechamento do ano foram entre 15% e 20% menores que os registrados em setembro, mês de melhor desempenho em 2021.
O frango vivo, especificamente, encerrou dezembro passado com um valor médio 12,41% superior ao de dezembro de 2020, o que significa não só que superou a inflação oficial (10,74% nos 12 meses encerrados em novembro de 2021), como também acompanhou de perto a evolução dos custos (pela Embrapa Suínos e Aves, 14,98% nos 12 meses encerrados em novembro de 2021).
Mas, para o setor, os dois parâmetros são absolutamente falsos. De um lado, porque a inflação oficial não é a da avicultura, sujeita – com a pandemia – a inumeráveis procedimentos e dispêndios adicionais.
De outro, porque o moderado aumento de custos (Embrapa) dos últimos 12 meses esconde o que vem ocorrendo desde o início de 2020. Ou seja: frente a uma valorização de pouco mais de 50% do frango nos últimos dois anos, seu custo de produção aumentou perto de 70% (só o milho aumentou mais de 82%).
Tais comportamentos, por sinal, ajudam a desmistificar a excepcionalidade – ressaltada pela grande imprensa – dos “altos ganhos” de 2021, pois, afinal, ao alcançar preço médio de R$5,28/kg no decorrer do exercício, o frango vivo obteve valorização anual de, praticamente, 40%. Mas – é importantíssimo ressaltar – isso não representou ganho, apenas o acompanhamento dos custos, que evoluíram em igual ou maior proporção.