A produção de ração para a pecuária pode crescer cerca de 3,50% em 2019 e superar a marca das 75 milhões de toneladas. A estimativa é do CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani.

A projeção supera as expectativas iniciais da entidade, divulgadas em julho, que apontavam para um aumento de 2,10% no volume produzido no ano de 73.7 milhões de toneladas. Os dados consideram a produção de alimento e sal mineral.

Segundo Zani, sazonalmente a demanda da indústria de carnes para ração se acentua no último trimestre e o cenário positivo para o setor de proteína animal tende a se estender para o ano que vem.

“A tendência é que a procura dos fabricantes de ração por farelo de soja e milho aumente, impulsionada pelo bom momento das carnes, tanto na exportação quanto na perspectiva de recuperação do mercado interno”, estima o executivo.

Neste contexto, ele acredita que os fabricantes do setor devem consumir, em média, 50 milhões de toneladas de milho em 2020. “Tendemos a pensar em uma projeção de crescimento para 2020 na indústria de ração. Meu número é modulado pelo desempenho da indústria de proteínas de origem animal”, enfatiza Zani.

Frango e confinamento de gado

Nesta quinta-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estimou que a produção nacional de carne de frango deve fechar 2019 com aumento de 2,30% no comparativo anual, para 13.15 milhões de toneladas e, para o próximo ano, a expectativa é de crescimento entre 4% e 5%.

O segmento de frango de corte é o principal consumidor de ração animal do País, responsável pela produção de 24.6 milhões de toneladas do alimento no período de janeiro a setembro.

Ainda segundo Zani, o confinamento de gado que aumentou nesse ano, ajudou a impulsionar o segmento de alimentação animal e também há estimativas positivas nesta área para 2020.

Dados da Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon) indicam que 2019 terminará com, aproximadamente, 3.57 milhões de bovinos confinados (um aumento de 5% em relação a 2018). O resultado tem como base a apuração feita pela entidade em 1.400 unidades de confinamento no País.

Custo de produção

No que se refere à aquisição de insumos, o executivo do Sindirações alerta que o câmbio acima de R$ 4,20 preocupa o setor, pois diversos itens utilizados na produção dos alimentos de animais são importados. “Boa parte do que a gente usa nas rações é importada, como os aditivos. Isso (dólar alto) gera preocupação”, disse.

Crescimento

O Sindirações informou ainda que a produção de alimentação animal aumentou 3% no acumulado do ano até setembro, para 52.8 milhões de toneladas. Considerando a perspectiva de maior demanda por rações pela cadeia de carnes nos três últimos meses do ano, é provável, segundo o CEO da entidade, que “a produção em 2019 revele uma expansão ainda maior”.

Nos nove primeiros meses do ano, um dos destaques foi a área de suínos, cuja produção de alimentação para o setor aumentou 4,40% no comparativo anual, para 12.5 milhões de toneladas. O resultado reflete a demanda chinesa por compra da proteína brasileira, impulsionada pelo surto de Peste Suína Africana (PSA) no país asiático.

Aves

O produtor de frangos de corte, responsável pela maior participação no mercado de alimentação animal, demandou 24.6 milhões de toneladas de ração de janeiro a setembro, com aumento de 2,90%. Além dos efeitos da PSA, a produção de frangos cresceu estimulada também pela necessidade do consumidor brasileiro buscar alternativas mais econômicas para consumo, quando comparada à carne bovina, bastante valorizada no período.

Ainda no setor de aves, no entanto, a produção de rações para galinhas de postura caiu 1,49%, para 4.8 milhões de toneladas no período avaliado, contrariando as expectativas do setor. Na bovinocultura de corte, a produção foi de 2.1 milhão de toneladas, com aumento de 2,70%, sobretudo pela valorização crescente da arroba no segundo semestre.

“A tendência de escassez de oferta de bois terminados e os embarques demandados pelos chineses provavelmente impulsionarão o preço a ser pago pelos frigoríficos e inflacionarão a carne bovina no varejo no período próximo às festas de final de ano”, estima o Sindirações.

Pecuária leiteira

A cadeia pecuária leiteira, por sua vez, demandou 4.5 milhões de toneladas de janeiro a setembro, com aumento de 4,50% – marca que demonstra moderação daquele ímpeto crescente na utilização das rações e concentrados pelo produtor, provavelmente desmotivado pela valorização dos grãos adicionados à alimentação animal e pela qualidade das pastagens favorecidas pelas chuvas.

 

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