Bezerro, boi magro, boi gordo e carne renovam máximas reais em 2020

Os recordes registrados no setor pecuário nacional em 2019 foram renovados em 2020. As intensas exportações brasileiras de carne bovina, especialmente para a China, atreladas à oferta restrita de boi gordo no pasto, evidenciada por dados oficiais indicando menor número de animais abatidos em boa parte do ano, mantiveram os preços de todo o setor em alta no mercado nacional na maior parte de 2020.

Em novembro, os preços do bezerro, do boi magro, da arroba do boi gordo e da carne atingiram recordes reais nas respectivas séries do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No caso da arroba bovina, chegou a ser negociada próxima de R$ 300,00 em novembro.

No entanto, a valorização da arroba não indica que o pecuarista conseguiu margem maior em 2020, já que os animais de reposição (bezerro e boi magro) também operaram em patamares recordes reais das respectivas séries do Cepea em praticamente o ano todo.

Além da reposição, a forte valorização do dólar em 2020 elevou os preços de importantes insumos pecuários que são importados. As cotações de insumos de alimentação, como milho e farelo de soja, também subiram com força ao longo de 2020.

No caso da indústria, enquanto as exportações aquecidas e o dólar elevado ajudaram na receita em reais, as unidades que têm como foco apenas o mercado doméstico se depararam com a matéria-prima em preço recorde e a demanda por carne bovina um pouco enfraquecida.

Ressalta-se que, em boa parte do ano, a população brasileira esteve com o poder de compra enfraquecido, diante da crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19. Com isso, muitos consumidores migraram para proteínas mais baratas, como suínos, frango e ovos.

 

Apesar da pandemia, ano da suinocultura registra preços e exportações recordes

A pandemia da Covid-19 trouxe para a suinocultura brasileira um cenário de incertezas e de muitos desafios em 2020. Depois de caírem com força entre março e abril, quando as recomendações de distanciamento social impactaram de forma significativa a demanda por produtos suinícolas, os valores tanto do suíno vivo quanto da carne iniciaram um movimento de recuperação em maio em todas as praças acompanhadas pelo Cepea.

O impulso veio das exportações da proteína, que bateram recorde (101.100 toneladas), e do aumento da procura interna. Nesse contexto, os preços do vivo e da carne dispararam, atingindo, em setembro, recordes reais em todas as praças acompanhadas pelo Cepea e renovando as máximas nos meses seguintes.

Apesar do bom desempenho dos embarques e dos preços recordes em parte do ano, o poder de compra do suinocultor frente aos principais insumos da alimentação recuou em comparação a 2019. Isso porque os valores do milho e do farelo de soja subiram ainda com mais força em 2020, prejudicando as margens do produtor, principalmente no encerramento do ano.

 

Frango: competitividade da carne é recorde 

Em 2020, o menor poder de compra da população brasileira diante da crise gerada pela pandemia da Covid-19 levou demandantes a migrar para as proteínas mais baratas, como a carne de frango.

Apesar da valorização da proteína e do animal vivo na média do ano, as altas nos preços foram menos intensas do que as registradas para as principais substitutas, no acumulado de 2020 (de 2 de janeiro a 28 de dezembro). Enquanto as carnes bovina e suína registraram expressivas valorizações de 35% e 32%, respectivamente, as cotações da carne de frango avançaram menos, 9%.

Com isso, as diferenças entre os preços do frango inteiro e os das carcaças bovina e suína atingiram recordes em 2020, resultando em aumento de competitividade da proteína avícola frente às concorrentes. Já o poder de compra do avicultor frente aos principais insumos de alimentação consumidos na atividade diminuiu, visto que, tanto o farelo de soja quanto o milho, registraram uma intensa escalada nos preços em 2020.

 

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